100 dias: bancada do PT questiona ações de Doria na Justiça

À imprensa, vereadores apresentaram fotos que comprovam abandono da zeladoria na cidade e anunciaram ofensiva contra desmandos do prefeito

Luiz Guadagnoli/ SECOM

João Doria usa muito marketing e pouca ação na cidade

Os “100 dias” do governo de João Doria (PSDB) à frente da prefeitura de São Paulo podem ser resumidos em muito marketing e pouca gestão. Através de muitas verbas de publicidade, ele criou uma cidade fictícia massivamente divulgada em suas redes sociais e esconde a São Paulo abandonada, sem serviços de zeladoria, com ciclovias apagadas, aumento do número de moradores de rua e desmonte de programas sociais. Por outro lado, o empresariado tem se sentido à vontade, com orçamentos mantidos e portas escancaradas na administração pública.

“Só nesses três meses foram 122 reuniões com empresários e muita agenda publica midiática. Por outro lado, cortou leite de crianças, abandonou a zeladoria, congelou orçamentos e acabou com programas sociais”, declarou o líder da bancada do PT, vereador Antônio Donato, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (10).

O PT municipal, através de sua bancada na Câmara dos Vereadores, divulgou um documento listando os principais retrocessos da administração de João Doria e uma lista de ações e medidas que serão tomadas para evitar o desmonte, principalmente da política social implementada nos últimos anos na capital.

Eles mostraram fotos comprovando o abandono da zeladoria na cidade. “Sabemos que existe uma orientação para cuidarem apenas das vias principais”, denunciou Donato. Doria, em mais uma ação publicitária, se vestiu de gari e varreu uma rua para divulgar o programa “Cidade Linda”, quando declarou que a zeladoria seria sua prioridade. As fotos abaixo, no entanto, comprovam o abandono do programa.

Avenida Aguiar da Beira

 

Jardim Dom José

Avenida do Estado, Vila Califórnia

Ofensiva

A bancada petista entrou com cinco representações contra medidas do prefeito que prejudicam a população ou atropelam a legislação municipal. Além disso, eles vão dar início a uma série de ações como o Fórum da Cidadania, junto a outros partidos e movimentos populares, onde serão discutidas e analisadas as medidas tomadas pela administração tucana, segundo explicou o presidente do PT-SP, Paulo Fiorilo.

“Vamos começar pelas escolas. Na quinta-feira vamos no primeiro colégio informar os pais sobre esses cortes no programa Leve Leite e apresentar um abaixo assinado para que o programa seja retomado”, afirmou Fiorilo. De acordo com ele, a maior parte dos pais não foi informada sobre o corte.

Os vereadores rebateram os argumentos de Doria de que promove cortes devido a um déficit orçamentário. De acordo com a bancada, Fernando Haddad deixou um caixa superavitário de R$ 5,4 bilhões, sendo R$ 1,7 bilhão de restos a pagar e R$ 394 milhões livres no caixa. A receita tributária também teve um aumento de 7,92% no primeiro bimestre do ano.

“O próprio secretário de Finanças de Doria, Caio Megali, publicou artigo na Folha de S. Paulo elogiando as contas da prefeitura”, lembrou o vereador Donato.

Conheça as 5 ações judiciais movidas pelo PT

O corte de 53% do programa “Leve Leite”, tirando o benefício de 431,7 mil crianças, foi questionado pelo PT na Procuradoria Geral do estado. Foram excluídos do benefício todos alunos com mais de 7 anos. Aos que ainda recebem leite, a quantidade foi reduzida de 2 quilos por mês para 1,2 quilos.

O partido também apresentou questionamento sobre a “doação” da consultoria internacional McKinsey em parceria com a organização Comunitas para elaboração do Plano de Metas. Com isso, a empresa teve acesso a dados sigilosos da administração pública, afirmou o vereador.

A terceira ação é fruto de publicidade veiculada do programa do prefeito “Cidade Linda” no jogo Brasil e Uruguai, em Montevidéu. De acordo com o vereador, a prefeitura alegou que era uma doação sem contrapartida da Ultrafarma. A quarta ação é questionando a extinção das secretarias de Igualdade Racial, Mulheres, Licenciamento e Secretaria Municipal de Comunicação por meio de decreto, sem aval Legislativo.

A quinta representação feita pelo PT foi na Defensoria Pública, contra mudanças no decreto 57.581 referente a população de rua. “O que mais vemos são ações coercitivas ou cosméticas, como envelopamento de viadutos com moradores de rua, recolhimento de cobertores de sem teto e colocação de telas para esconde-los”, registrou o PT no documento.

Por Ana Flávia Gussen, da Agência PT de Notícias

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