95% dos desempregados há mais de um ano são da classe C, D e E

Quase 60% dos desempregados foram vítimas da crise econômica da “Era Temer”, segundo estudo publicado pelo SPC e Confederação Nacional dos Lojistas

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Os brasileiros estão demorando, em média, um ano e dois meses para conseguir emprego no Brasil, segundo a pesquisa “O desemprego e a busca por recolocação profissional no Brasil”, realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), divulgada nesta terça-feira (20). Em 2016, o tempo médio de desemprego era de cerca de um ano.

95% dos trabalhadores e trabalhadoras desempregados há mais de um ano são das classes C/D/E, 54% têm até o ensino médio e 58% têm filhos menores de 18 anos. A maioria é do sexo feminino (59%) e tem média de idade de 34 anos.

Dentre os que foram demitidos, a maioria alega causas externas, principalmente ligadas à crise econômica, como redução de custos por parte da empresa para lidar com os efeitos da crise (35%), redução da mão de obra ociosa (12%) e o fechamento da empresa (11%).

As maiores vítimas do desemprego no país, que aumentou com a crise política e institucional que culminou com o golpe de Estado e continuou com ataques aos direitos sociais e trabalhistas, são os trabalhadores e trabalhadoras das classes menos favorecidas, com empregos precários.

“Nas crises econômicas todos os trabalhadores sofrem, mas os primeiros a serem atingidos são os que têm empregos precários, salários mais baixos e menor organização sindical”, diz o presidente da CUT, Vagner Freitas.

Segundo o estudo, entre os desempregados, 78% acham que têm condições de conseguir um emprego, mas a pouca experiência profissional (40%) dificulta a recolocação. Do total de entrevistados, 46% estão procurando emprego com carteira assinada; 29% buscam por qualquer tipo de oportunidade; 40% têm sido chamados para entrevistas – destes, 56% já recusaram algum tipo de oportunidade, principalmente por causa dos baixos salários (18%) ou ser longe de onde moram (13%).

Apesar disso, 61% estão dispostos a ganhar menos do que ganhavam no último emprego, pois o que importa é voltar para o mercado (23%) e pagar as despesas (22%).

Perguntados sobre o tipo de oportunidade que desejam, 46% preferem os postos com carteira assinada, enquanto 29% mencionam qualquer vaga, independente do formato.

Entre os que já tiveram emprego antes, 34% atuavam no segmento de serviços, 33% no setor de comércio e 14% na indústria. A média de permanência no último emprego foi de aproximadamente 2 anos e 9 meses.

De acordo com a pesquisa, entre aqueles que já tiveram algum emprego antes, 67% já haviam ficado desempregados anteriormente e 32% nunca haviam passado por esta situação. Em 56% dos casos, os entrevistados afirmam terem sido desligados da empresa. 17% dizem ter pedido demissão e 14% alegam terem feito acordos.

Levando em conta apenas os que pediram demissão, a principal razão apontada foi algum problema de saúde (15%), seguido da insatisfação com o salário (13%) e do desejo de poder dedicar mais tempo à família (11%).

As principais prioridades após conseguir um novo emprego serão voltar a consumir produtos que gosta, como roupas, sapatos, eletrônicos (51%), retornar ao padrão de compra no supermercado que tinham antes (47%) e voltar a realizar atividades de lazer, como saída a bares e restaurantes (46%).

Desemprego na “Era Temer”

Segundo o IBGE, o Brasil tem atualmente 12,3 milhões de desempregados. A maioria (53%) acha que conseguirá empregos nos próximos 3 meses, de acordo com o estudo do SPC.

O futuro do emprego no Brasil em 2018, porém, divide a opinião dos entrevistados: 31% acreditam que o desemprego irá aumentar, 31% que irá continuar igual e 24% que irá diminuir.

No último emprego, 40% dos desempregados possuíam carteira assinada, 14% eram informais e 11% autônomos ou profissionais liberais. Já 8% dos desempregados estão em busca do 1º emprego.

A pesquisa foi realizada nas 27 capitais brasileiras, com 600 desempregados. A margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. O índice de confiança é de 95%.

Da CUT

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