Abacate produz azeite extra-virgem em Minas

Produto tem qualidades semelhantes ao óleo de oliva; baixo custo de produção é uma de suas principais virtudes

Técnicos da Empresa mineira de Pesquisa Agropecuária (Epamig) conseguiram processar produto que tem mesmas propriedades do derivado da oliva (azeitona) e já forneceram suporte tecnológico à produção pioneira do óleo por um agricultor que produz a fruta no interior do estado.

O extra-virgem de abacate está sendo utilizado pela indústria farmacêutica e de cosméticos. A comercialização do produto começa em 2016.

Não há no Brasil registro de uma alternativa eficiente e saudável ao óleo de oliva, o mais apreciado na culinária e gastronomia internacionais. Por outro lado, não há quase nenhuma oferta de óleo de oliva nacional no país.

O baixo custo de produção é uma das principais vantagens do azeite mineiro, revela o coordenador dos estudos experimentais da Epamig em Maria da Fé, no sul de  Minas, engenheiro agrônomo e pesquisador Adelson Francisco de Oliveira.

“As máquinas, instalações e mão de obra para extração do azeite de oliva somente são usadas durante três ou quatro meses do ano. A abundância de abacate na região e o baixo valor da fruta durante anos de alta produção viabiliza o uso do excedente na agroindústria”, declarou o pesquisador, em entrevista à “Agência Minas”.

Os pesquisadores acreditam que a utilização do produto é amplamente favorável ao mercado. Existem experiências positivas na produção do óleo e seu uso comestível no Chile, Argentina e Estados Unidos. A produção em Minas ainda é experimental.

Um agricultor de São Sebastião do Paraíso, José Carlos Gonçalves, decidiu apostar no produto. Com quatro fazendas produzindo, ele planta a fruta há mais de 30 anos e vende 3 mil toneladas para todo o território nacional.

A parceria com a Epamig prevê uma produção inicial de 100 litros de óleo de abacate. Gonçalves anunciou que pretende começar a comercializar o óleo já em 2016.

“Agroindústria para a extração do óleo de abacate com tecnologia totalmente nacional é pioneira no Brasil. Temos parcerias com a Epamig, Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no Rio Grande do Sul, e com a Universidade de São Paulo (USP), onde ajudo no financiamento das pesquisas da fruta, que é boa para quase tudo”, relata.

A exemplo do azeite tradicional, o de abacate pode ser consumido em saladas ou virar composto em misturas com outros óleos vegetais, especialmente o azeite de oliva. O produto já é misturado ao óleo de soja e oferecido pelo mercado interno como substituto ao de oliva, com a finalidade de reduzir os custos de importação.

O óleo de abacate é rico em minerais (ferro, cálcio e fósforo), fibras solúveis, fitoesteróis e lipídios. “O consumo de abacate auxilia na redução dos níveis do colesterol ruim e na elevação do colesterol bom, diminuindo o risco para doenças cardiovasculares”, informa a Agência Minas.

Atenta aos modismos, a agência também esclarece que o produto “tem a capacidade de auxiliar no emagrecimento” e, devido a componentes como vitaminas E (antioxidante natural), e A, é capaz de prevenir doenças oftalmológicas, como catarata e cegueira noturna. “Mas seu consumo deve ser controlado, porque é um alimento muito calórico”, alerta.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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