Acampamento em Fortaleza reforça resistência por Lula Livre

Praça da Justiça tem recebido centenas de pessoas diariamente para defender a liberdade do ex-presidente com intensa programação cultural e política

Thainá Duete

Acampamento Lula Livre em Fortaleza

Enquanto o ex-presidente Lula enfrenta a fúria daqueles que não aceitam o legado de seu governo, que tirou milhões de brasileiros da fome e da miséria, milhões de Lulas espalhados pelo Brasil seguem na resistência em solidariedade à maior liderança popular do país.

Além de atos de desagravo, cartas de apoio, panfletagens e diálogo com a população, a militância cearense está organizada, desde o dia 11 de abril, no “Acampamento Lula Livre Ceará: a resistência somos nós!”, no Centro de Fortaleza. Além da capital cearense e de Curitiba-PR, em frente a sede da Superintendência da Polícia Federal, um acampamento Lula Livre também está instalado em Brasília.

Em Fortaleza, o acampamento permanece por tempo indeterminado, com atividades todos os dias. Atos, tribunas livres, aulas públicas, oficinas, plenárias e atrações culturais estão sendo organizadas diariamente pelos movimentos populares de mais de 100 municípios do estado que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

O número de pessoas acampadas de forma fixa na Praça Murilo Borges, mais conhecida como Praça da Justiça, gira em torno de 400 militantes. Este público aumenta durante o dia devido às centenas de pessoas que circulam pelo acampamento para participar da intensa agenda de programações. No local também é possível escrever cartas para o presidente Lula.

Segundo Josivaldo Oliveira, da Via Campesina e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a disposição de luta é grande e estão todos muito animados a resistir até que Lula seja colocado em liberdade. Segundo ele, que é um dos coordenadores do acampamento, a avaliação da organização é positiva: “Têm nos chegado doações tanto de pessoas ligadas aos nossos movimentos, quanto de pessoas que não são ligadas às Frentes. Chegam alimento, material de higiene, água. O povo de Fortaleza tem sido bastante solidário”.

Brigada e diversidade cultural

Desde sábado (14), uma brigada começou a dialogar diretamente com o povo pelas ruas do Centro e nos bairros, com distribuição de material de esclarecimento sobre a prisão injusta de Lula, incluindo a edição nacional especial do Brasil de Fato e a nota produzida pela CUT-CE.

Também neste sábado, foi organizado um ato em memória de um mês da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes. A concentração ocorreu no Estoril, na Praia de Iracema, no fim da tarde.

Na estreia da programação cultural, na quinta-feira (12/4), Calé Alencar e Parahyba  reforçaram que a arte é parceira de lutas pela democracia e pela liberdade. Os artistas que vêm se apresentando na programação cultural do acampamento também  estiveram junto da população quando se começou a anunciar o golpe, dois anos atrás, desde a época do impeachment.

Na sexta-feira (13/4)  pela manhã, além de uma tribuna popular, foi realizada um aula pública intitulada: “Mídia e Golpe”. Mais oficinas e apresentações musicais de artistas cearenses seguiram pela tarde, que finalizou com um ato ecumênico e interreligioso por Lula Livre .
A expectativa é de que o acampamento continue reunindo cerca de 400 pessoas dormindo no local até a próxima semana, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá avaliar as duas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) que tratam da legalidade da prisão após condenação em segunda instância, como é o caso do ex-presidente Lula, que cumpre decisão judicial antes mesmo da conclusão do processo que responde (sem crimes nem provas) em todas as instâncias da Justiça, como prevê a Constituição.

Do passado e do presente

O acampamento está sendo importante também pela aproximação de várias organizações populares do campo e da cidade e dos partidos políticos que compõem as duas Frentes (Brasil Popular e Povo Sem Medo). Na avaliação de Manoel Missias Bezerra (MST-CE), o acampamento em Fortaleza “tem cumprido muito bem o papel de unir a classe trabalhadora em defesa da democracia e de Lula livre”.

A escolha do local onde centenas de cearenses se instalaram desde o último dia 11 também é simbólica: “Na verdade, estamos bem em frente ao prédio da Injustiça. E é uma crítica que fazemos à forma como todo esse processo está sendo conduzido”, enfatiza Missias.

O dirigente também destaca a decisão de trazer a Feira da Reforma Agrária do Ceará para o acampamento. A feira mensal chegou à sua 20ª edição indo à praça neste sábado. “Foi algo que agradou a todos e todas e que é muito significativo: juntamos a resistência dos assentados e acampados do passado – com a venda da produção agroecológica dos assentamentos – aos resistentes que lutam neste momento”.

Doações são bem-vindas

Quem está distante e não consegue ficar permanentemente no acampamento pode ajudar fazendo doações. Toda doação é bem-vinda e é uma forma de fortalecer a luta, dizem os organizadores do acampamento. Todas as doações podem ser entregues diretamente no acampamento (Praça Murilo Borges – Centro) ou na sede do PT Ceará (Av. da Universidade, 2.189, Benfica).

 

Por CUT-CE

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast