Após 26 dias, grevistas encerram ato extremo aclamados como heróis

Homenageados em Brasília, Gegê, Zonália, Rafaela, Vilmar, Leonardo, Jaime e Frei Sérgio agora enfrentarão outras batalhas em nome da justiça social

Michelle Calazans/CIMI

Num ato de solidariedade marcado pela emoção, neste sábado (25), o grupo de sete militantes populares que iniciou greve de fome há 26 dias, em defesa da democracia brasileira e de justiça e liberdade para o ex-presidente Lula, anunciou o fim do jejum após a grande repercussão e mobilização que o ato extremo gerou junto à sociedade brasileira e na mídia internacional.

“Estamos saindo de uma batalha, de um front de guerra para outro front de guerra. Frei Sérgio nos dizia que não existe batalha perdida. A única batalha perdida é aquela que tu não faz”, disse Jaime Amorim, um dos grevistas, mencionando o frei Sérgio Görgen, um dos colegas do jejum que durou quase um mês. Além dos dois, integram o grupo Zonália Santos, Rafaela Alves, Luiz Gonzaga Silva (Gegê), Vilmar Pacífico e Leonardo Soares.

Durante o ato, ocorrido no Centro Cultural de Brasília (CCB), local onde os militantes repousaram durante essa jornada de quatro semanas, foi divulgado um manifesto que expressa o sentimento de vitória do protesto. “Teremos ainda muitas batalhas coletivas pela frente, mas temos a certeza que ‘se calarmos, as pedras gritarão!’. Nosso desafio é que a luta atual se transforme em força social capaz de virar o mundo e destruir privilégios”, diz o texto [confira a íntegra aqui]. Além do manifesto, os militantes divulgaram uma carta de agradecimento por todo o carinho e apoio que receberam durante o jejum [confira aqui a carta].

Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), líder do PT na Câmara, a greve de fome foi “um ato extremo e ao mesmo tempo nobre, de amor e de coragem, de entrega em nome da luta” que trava o povo brasileiro. “Estes companheiros e companheiras entraram para a memória histórica dos grandes heróis do povo brasileiro. Somos gratos pelo protesto que fizeram, que expôs ainda mais ao Brasil e ao mundo a injustiça que sofre o presidente Lula e a fragilidade da nossa democracia nesse momento. Seguiremos juntos em outras batalhas e chegaremos à vitória!”, destacou Pimenta no Twitter.

Gleisi Hoffmann, senadora e presidenta nacional do PT, enviou ao ato um vídeo com saudação ao “ato de coragem, rebeldia e resistência” que foi a greve de fome. “Em nome do povo sofrido do nosso País, vocês conseguiram mobilizar milhares de pessoas, chamar a atenção para a injustiça que está acontecendo no Brasil e com o presidente Lula. Vocês conseguiram ser voz ouvida no Supremo Tribunal Federal. E mesmo que os juízes não tenham tomado as providências necessárias, com certeza eles ficaram sensibilizados. Vocês são heróis”, afirmou Gleisi, que registrou agradecimento em nome do PT e do presidente Lula.

João Pedro Stédile, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), marcou presença no ato e falou sobre o significado do gesto. “Nessa prática que nossos companheiros grevistas fizeram durante todo esse mês, eles deixaram de se alimentar de alimentos, mas se alimentaram muito de espírito e de ideias”, ressaltou.

Também presente à homenagem aos grevistas, Carmen Foro, vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), considerou a greve de fome um ato de amor. “Ficar em greve de fome por justiça, por amor ao nosso país, contra a fome, é um ato revolucionário”, elogiou a dirigente.

Beatriz Vargas, da Associação Brasileira dos Juristas pela Democracia (ABJD), enalteceu a coragem dos militantes. “Existem várias formas de lutar, mas essa é a mais corajosa, a mais generosa. A palavra gratidão é aquela que concentra aquele nosso sentimento profundo de reconhecimento pela luta de vocês”, saudou Beatriz.

Representante da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, órgão da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Carlos Moura usou as palavras do Papa Francisco para exaltar o grupo que jejuou. “Os companheiros e companheiras que estão em greve de fome ousaram sacrificar-se em nosso benefício. Plantaram uma semente que devemos regar com a nossa força e o nosso entusiasmo, de casa em casa, de rua em rua, de bairro em bairro, de cidade em cidade. Que esta sementinha floresça não só nos nossos corações e no nosso entusiasmo, mas floresça no sentido de terra para todos, teto para todos, trabalho para todos”, propôs Moura.

Atos

João Pedro Stédile informou que a Frente Brasil Popular deverá organizar atos em várias cidades no próximo domingo (2), mas os detalhes serão definidos ao longo da semana.

Por Rogério Tomaz Jr., do PT na Câmara

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