Agências contrapõem nota da S&P ao Brasil e mantêm boa avaliação

Apesar do rebaixamento do país à condição de potencial mau pagador, instituições como Moodys’s, Ficth e Dagong mantém o grau de investimento brasileiro; Dilma afasta risco de calote e aposta no ajuste fiscal para crescer 

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Bolsa de valores

Com uma dívida de mais de US 1,3 bilhão em multas com autoridades americanas, por ter fraudado avaliações de risco em 2008 e levado os Estados Unidos a mergulhar parte do mundo em uma crise internacional com resquícios que perduram ainda hoje, a agência classificadora de risco Standars&Poors rebaixou na tarde de quarta-feira (9) a nota de avaliação sobre a capacidade de o Brasil honrar as dívidas nacionais com credores internacionais.

A nota do país caiu de BBB-­ para BB+, o que lhe retira a reconhecida condição de bom pagador e sinaliza aos investidores internacionais que não é confiável colocar dinheiro no Brasil. Essa classificação (rating) configura aumento do risco de haver alguma incapacitação do país para honrar os compromissos. O que não quer dizer que todos concordam com a A&P.

Apesar do rebaixamento, pelo menos três outras agências internacionais similares mantiveram o grau de investimento do Brasil: a Moody’s, a Fitch e a chinesa Dagong. O anúncio da S&P mereceu reação imediata do senador Roberto Requião (PMDB-PR), partido que é o principal aliado do governo no parlamento, que definiu a decisão da S&P com “chantagem”, ao se manifestar sobre o assunto.

“Apesar da aparente chantagem da Standard, a chinesa Dagong dá nota A+ para o Brasil”, contemporizou Requião, em sua conta no Twitter.

Em palestra sobre responsabilidade social na Argentina, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também minimizou o episódio. “Não significa nada”, avaliou, referindo-se ao fato de a agência fechar os olhos às avaliações negativas quando lida com países europeus.

“Todo mundo sabe quantos países da Europa estão quebrados e eles (da S&P) não têm coragem de diminuir o investment grade de nenhum”, rebateu Lula.

O anúncio da medida repercutiu como um rastilho de pólvora pela mídia mundial, embora sete anos atrás o Brasil vivesse um prolongado período de avaliação negativa pela S&P e outras agências de risco.

Apenas de 2008 para cá, a agência elevou a nota brasileira a grau de investimento, ou seja, obteve classificação como país seguro e imune a calotes – e graças principalmente aos avanços dos indicadores macroeconômicos obtidos a partir de 2003 pelo então presidente Lula.

Ao receber a faixa presidencial do antecessor, Fernando Henrique Cardoso, o petista herdou o Brasil com nota B+, muito abaixo de agora. Nem por isso, o país deixou de honrar seus compromissos, atrair investimentos, desenvolver a economia, gerar emprego e distribuir renda.

Ou seja, o esforço para restabelecer as condições que podem significar a retomada do grau de investimento não se esmoreceu e o ajuste fiscal em vigor pretende restabelecer os bons indicadores econômicos para o país voltar a crescer, como observou a presidenta Dilma Rousseff ao jornal “Valor e Econômico” após tomar conhecimento do rebaixamento pela S&P.

“Você vai notar que, de 1994 a 2015, só em sete anos, a partir de 2008, a nota foi acima de BB+. Portanto, essa classificação não significa que o Brasil esteja em uma situação em que não possa cumprir as suas obrigações. Pelo contrário, está pagando todos os seus contratos, como também temos uma clara estratégia econômica. Vamos continuar nesse caminho e vamos retomar o crescimento deste país”, declarou.

Mas a S&P considera que o orçamento 2016 com déficit, a ser solucionado durante a tramitação da proposta orçamentária do governo no Congresso, tirou do país a condição de estabilidade para manter o grau de investimento.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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