Alckmin vai fechar pelo menos 127 escolas, acusa sindicato

De acordo com sindicato, reformulação da rede estadual de ensino de São Paulo vai prejudicar estudantes e causar desemprego; somente este ano, 3.390 classes foram desativadas

A reorganização das escolas da rede estadual de ensino de São Paulo, proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), acarretará na desativação de pelo menos 127 escolas, denuncia o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp).

A lista de instituições a serem fechadas tende a crescer, alerta o sindicato. A proposta é separar a estrutura física das escolas do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano da etapa e das séries de Ensino Médio. O governo estadual responde por 5.108 escolas.

De acordo com o Apeoesp, as mudanças não são discutidas com a sociedade e com os profissionais da rede de ensino. “A Secretaria Estadual de Ensino pretende impor esta ‘reorganização’ e chegar com pacotes prontos para conversar com os pais na escola”, alertou informe do sindicato, divulgado na quarta-feira (7).

Mesmo sem a implantação do projeto, 3.390 classes foram fechadas este ano pela gestão do tucano, segundo dados do sindicato.

O ano letivo, no entanto, começou com “45, 50 e até mesmo 60 estudantes em classes do ensino regular e até 100 estudantes em classes da Educação de Jovens e Adultos”, informa .

“Uma situação inaceitável”, repreende a entidade. Os padrões internacionais definem que uma classe deve ter, no máximo, 20 estudantes por classe, tanto no Ensino Fundamental quanto no Médio.

Mobilização – Em protesto às mudanças, o Apeoesp realizará, no dia 20 de outubro, uma manifestação com pais, professores e alunos em frente à Secretaria de Educação, na Praça da República. No Dia do Professor, celebrado na próxima quinta-feira (15), haverá atividades regionais nas subsedes.

O sindicato organiza ainda uma manifestação em 29 de outubro, no vão livre do Masp, em parceria com outras entidades, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Federação Única de Petroleiros (FUP), Sindicato dos Funcionários e Servidores da Educação de São Paulo (Afuse), Central de Movimentos Populares (CMP) e União Paulista de Estudantes Secundaristas (Upes).

Em entrevista à Rede Brasil Atual, a professora de História e integrante da Rede Emancipa, Cibele Camargo Lima, avaliou que a reformulação da rede tem como objetivo fechar principalmente unidades de ensino em regiões mais valorizadas. “Com isso o estado poderia vir a vender os prédios e fazer caixa”.

A diretora do Apeoesp também afirma que o propósito é econômico e não pedagógico. “Não há nenhuma justificativa pedagógica para toda essa confusão”, argumenta.

“O objetivo do governo é ‘enxugar a máquina’, demitir professores, reduzir os temporários. Em suma, cortar gastos, ainda que isso signifique negar o direito à educação de qualidade para milhões de crianças e jovens”, completa.

As mudanças são vistas como uma espécie de desmonte do setor. Em 1995, a ex-secretária de Educação adotou medidas parecidas, o que resultou em 20 mil demissões de professores e transtornos às famílias dos estudantes.

Desrespeito – Há três meses, os professores encerraram a maior greve da história da categoria, com 92 dias. Os pedidos, como reajuste salarial, não foram acatados por Alckmin. Ao contrário, o governo declarou que não haverá aumento este ano.

Na época da paralisação, Alckmin declarava que os professores teriam recebido reajuste de 45% entre 2011 e 2014. O ganho real, no entanto, foi de 12,3%.

Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias, com informações da “Rede Brasil Atual”

PT Cast