Álvaro Maciel: O 6º Congresso do PT na Visão da Cultura

A Secretaria Nacional e Cultura do PT poderá ajudar bastante nos trabalhos do partido em prol da recomposição dos núcleos de base do partido, não só nas capitais, mas em todas as regiões dos estados

Agência PT
Tribuna de Debates do PT

Plenário lotado no 6º Congresso Nacional do PT

 

Hoje completam treze dias da conclusão da fase presencial do 6º Congresso do PT, realizado em Brasília do dia 1° ao dia 3 de junho. O PT deu um importante recado à sociedade e apontou as eleições diretas como o melhor caminho para a saída da crise política que o país se encontra. As publicações finais do Congresso ainda não foram organizadas e disponibilizadas. Estamos no aguardo tanto dos cadernos como das resoluções aprovadas e também da confirmação dos nomes da composição da Executiva e do Diretório do próximo mandato da Direção do Partido. Portanto, o 6º Congresso, ao pé da letra, ainda não terminou.

Quero parabenizar a Juventude pela vitoriosa luta e pela aprovação da destinação de verbas do fundo partidário para o custeio de suas atividades. Também parabenizo as lideranças do movimento LGBT pela criação da Secretaria Nacional de LGBT.  As mulheres deram um verdadeiro show de garra e militância efetiva. Elas conseguiram estar presentes nas Plenárias e nos GTs deste Congresso, que foi um marco no combate ao machismo, que ainda persiste nas instâncias internas do partido. A eleição de Gleisi Hoffmann, no terceiro dia, consagrou de vez a histórica participação das mulheres no 6º Congresso do PT.

A Participação da Cultura

Pela Cultura, apesar de poucos militantes culturais com crachá de delegado, a participação foi marcada pela reunião convocada pelo secretário Edmilson Souza que discutiu com os militantes culturais diversas propostas de organização do setor e de contribuição ao debate do Congresso. As propostas aprovadas nessa reunião foram encaminhadas aos GTs específicos e as contribuições aprovadas nos GTs e na Plenária farão parte do documento final do Congresso. Os militantes culturais atuaram de forma transversal visando o fortalecimento da política setorial no partido como um todo, não apenas da cultura. O secretário conseguiu passar a ideia de que os estados precisarão unir esforços para mobilizarem seus filiados optantes pela cultura para realização dos encontros setoriais.

A Cultura do PT comemorou uma vitória especial para o setor, que teve a indicação de um membro da SN Cult PT para fazer parte do próximo Diretório Nacional, Maísa Bernabé – PT/RJ. Maísa sempre militou na cultura e aos poucos foi aumentando sua participação orgânica no PT de sua cidade, Cachoeiras de Macacu-RJ, até ser eleita presidente do DM local. Ela foi indicada por sua chapa a ocupar uma cadeira no Diretório Nacional pelos próximos dois anos.

O setor terá pela frente o desafio de organizar seus encontros setoriais estaduais e para isso será fundamental a construção de um processo coletivo e inclusivo. Pelas conversas feitas em Brasília, a militância anseia por uma gestão bem horizontal, que se organize de forma a manter um sistema de comunicação que alcance os estados, membros efetivos e colaboradores da cultura. A cultura é um excelente canal de comunicação com a sociedade e a Secretaria Nacional de Cultura do PT poderá ajudar bastante nos trabalhos do partido em prol da recomposição dos núcleos de base do partido, não só nas capitais, mas em todas as regiões dos estados.

Neste momento de extrema crise política no país devemos, além de pensar a organização partidária, pensar estratégias que possam agregar os trabalhadores da cultura e a população em geral em torno da redemocratização do país. A cultura pode colaborar muito nas atividades do movimento pelas Diretas Já e auxiliar o partido a criar ambientes saudáveis, em formas de comitês, com a finalidade de aglutinar forças capazes de revigorar a esperança do povo.

Frente Brasil Popular e Comitês por Diretas Já

Um dos resultados mais positivos do 6º Congresso do PT foi a convicção de que o partido obteve que deve investir forte na campanha por eleições diretas. O setor cultural tem grande ligação com as manifestações de resistência política contra o golpe, pelo Fora Temer, contra a extinção de direitos e pelas Diretas Já. Para isso, trabalhos de formação política e de comunicação terão que ser reforçados.

A ideia discutida em Brasília para a próxima gestão da SN Cult PT é de buscar parcerias para criação de blogs, páginas do Facebook e grupos de aplicativos de mensagens para fazer circular do PT para os filiados e vice versa.  Vamos organizar um cadastro de artistas e grupos culturais que queiram participar dos atos políticos das Diretas Já.

No nosso primeiro contato com a presidenta Gleisi Hoffman, eleita com mais de 61% dos votos, solicitamos o agendamento de uma reunião. Ela prometeu que, em sua gestão, pretende fortalecer os setoriais e que fará o máximo para se mantiver  próxima às secretarias temáticas do partido.

Sem dúvida, o ponto mais importante do Congresso Nacional do PT foi o que tratou das Eleições Diretas. O Congresso deu um tom mais contundente de “mão firme” para confirmar sua posição contrária à escolha do próximo presidente ou presidenta por via das Eleições Indiretas. O PT deve liderar o grito pelas Diretas Já. Foi aprovado em plenária que nossos parlamentares não poderão participar do Colégio eleitoral das INDIRETAS.

O PT, além de ter seu pré-candidato para disputar as eleições, tem também um norte programático que justifica a perspectiva de seu retorno às presidência da República. Foi confirmado o nome do  Lula para presidente, acompanhado de  um programa de reformas estruturais incluindo a tão sonhada  democratização da mídia, reformas política,  do judiciário, tributária e do sistema financeiro.

A Dinâmica do Congresso

As votações abertas e calorosas resolveram as dissensões mais acirradas, enquanto a formação da nova direção foi feita através de voto secreto. Foi gratificante ver a participação dos diversos movimentos sociais, que durante três dias, discutiram, votaram e vibraram com os resultados de cada votação.  Assim, o PT reafirmou que é um partido socialista, incluindo em sua concepção socialista as questões culturais, de mulheres, de combate ao racismo de juventude e de LGBTs.  Vivemos um Congresso que oxigenou a militância aguerrida do PT.

Em relação aos  debates nos GTs, creio que os atuais problemas brasileiros, o socialismo, as possíveis saídas para a crise econômica, a organização e funcionamento do partido, dentre outras questões, deveriam ter tido mais tempo para uma discussão mais aprofundada, devido a complexidade de cada tema. Pensar na votação para compor a nova direção e, ao mesmo tempo, fazer uma discussão conceitual sobre temas tão complexos foi muito puxado para três dias apenas. Os grupos poderiam ter produzido mais se mais tempo houvesse.

Considerações Finais  e os Resultados Alcançados

Em minha opinião, o 6º Congresso assumiu um importante  aspecto de enfrentamento às adversidades, pois foi realizado sob forte pressão externa e soube administrar bem a ansiedade  interna, diante da votação para nova direção.  O partido precisava cumprir a missão de mostrar um PT forte e capaz de resolver suas próprias demandas; tudo isso no mesmo ambiente de produção de conceitos temáticos e programáticos.

Devemos compreender que o PT não dispunha de muitas alternativas de tempo. Com fragilidade política de Michel Temer, que chegou aos limites extremos, e as novas revelações da Lava Jato, a Direção não podia ficar de braços cruzados. Acho que valeu o risco. O partido se abriu para as disputas internas e conseguiu sair mais unido do que estava. No conjunto da obra e dentro do objetivo a ser alcançado pelo 6º Congresso, o resultado final  foi bastante positivo.

Por Álvaro Maciel, Secretário Estadual de Cultura do PT – RJ, para a Tribuna de Debates do PT. Saiba como participar.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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