Angela Portela: “Pretendem ferir de morte um mandato legítimo”

Senadora lamentou mais uma redução do espaço de participação das mulheres na política e vê golpe como atentado contra os programas sociais

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O maior atentado à democracia com o golpe contra a presidenta, Dilma Rousseff, é o afastamento de uma mulher “honrada, que governa com transparência, seriedade e nunca se envolveu em acusação de corrupção”. A frase é da senadora Angela Portela (PT-RR), que avalia que o golpe vai “ferir de morte um mandato legítimo” e marca um “dia muito triste para nossa democracia”.

A senadora lamentou que o golpe represente mais uma redução do espaço que existe hoje na política para a participação das mulheres. “Já temos no Legislativo uma baixa representação da mulher na política, no Executivo e no Judiciário também”, afirmou.

Para Angela Portela, o atual processo vai passar por cima da vontade de 54 milhões de votos de brasileiras e brasileiros e só respeita “uma única legalidade formal: cumpre os ritos previstos na Constituição, mas afronta seus princípios democráticos ao usar como biombo um porcesso de remoção de uma presidenta sem crime de responsabilidade”.

De acordo com Angela Portela, a grande preocupação que fica é com o futuro das políticas sociais implementadas pelos governos do PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma. “Estaremos afastando uma proposta de país vitorioso nas urnas. Um projeto que prevê redução das desigualdades e inclusão social”, afirmou.

“Isso pode trazer consequências sérias, afetando as próximas gerações. Penso nas crianças que serão forçadas a dedicar a escola por cortes no Bolsa Família”, disse a senadora ao defender o voto contra o golpe. “Penso na desvinculação das verbas obrigatórias para a Educação. Penso nos jovens de famílias pobres que puderam, pela primeira vez em gerações, frequentar os cursos universitários. Penso nos pedereiros que conseguiram chegar ao ensino superior. Essas portas se fecharão, devido ao abandono gradual de programas como ProUni e Fies. Penso nos agricultores familiares que conseguiram apoio para plantar, nos que passaram a ter vida melhor com o programa Luz para Todos”.

“O que acontecerá com suas vidas? Que garantias podem ter no futuro de um governo que nem se instalou e anuncia um verdadeiro salto ao passado?”, questionou. “Penso nos Direitos Humanos, que têm marco essencial desde 2003, com a posse do presidente Lula. O que será desse setor com a presença no governo de figuras que homenageam até torturadores? Seja qual for a decisão que esta Casa venha tomar hoje, asseguro que vou continuar lutando para garantir e aprofundar as conquistas de um governo popular nos últimos anos”, completou a senadora.

Sem base jurídica
A falta de fundamentos jurídicos e consistência nas acusações contra Dilma foram ressaltadas por Angela Portela. A senadora reforçou que as acusações de empréstimo do Banco do Brasil não se sustentam porque se tratam de simples atrasos em pagamentos “para custear importantes programas sociais” e de créditos suplementares realizados “a pedido de outros órgãos e outros Poderes da Administração Pública”.

“O processo de cassação vai acontecer sem que haja reprovação de suas contas”, disse. “O verdadeiro julgador deste impeachment será a História. Porque estaremos criando um grave precedente capaz de trazer instabilidade jurídica para os próximos governantes”, completou.

A conformação de um governo ilegítimo, sem votos e golpista também foi abordada pela senadora, que destacou que os nomes cogitados são ligados a escândalos de corrupção e investigações judiciais. “Para agravar, a abertura do processo contra Dilma levará ao poder central uma série de figuras nebulosas que muito têm a explicar à Justiça. Há um número considerável de pessoas que respondem a processos judiciais que se preparam para ocupar posições importantes no próximo governo”, lembrou.

Veja abaixo na íntegra:


Da Redação da Agência PT de Notícias

 

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