Autoritarismo e conveniência política marcam votação no Plenário, avalia Guimarães

Apesar do “trator” de Eduardo Cunha, STF suspendeu, na noite de terça-feira, a instalação da comissão do impeachment

Foto: Lula Marques/Agência PT

O líder do Governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), classificou como “vitória de Pirro” o resultado da votação – sob o comando da oposição conservadora – que indicou os nomes para a comissão especial que analisará a admissibilidade do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. O parlamentar avalia que a “maioria artificial” formada na comissão especial não reflete a realidade da Câmara, porque atropelou o Colégio de Líderes.

“Construída a cabo de mudanças de regras que permitiram o tal famigerado voto secreto, [a vitória] não atinge os objetivos da Oposição, que é construir votos no plenário para um possível impedimento da Presidenta da República. Até com a proibição das nossas falas, nós obtivemos 199 votos aqui no plenário”, argumentou Guimarães, fazendo menção aos 172 votos necessários para derrotar a proposta golpista.

“O Presidente desta Casa comandou uma sessão para abrir a votação sem sequer permitir os encaminhamentos, sem sequer permitir a palavra dos Líderes aqui dentro, ao arrepio de tudo. Isso não é razoável. Essa forma autoritária e casuística de fazer as coisas aqui não pode dar certo”, acrescentou o líder.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin suspendeu, na noite desta terça-feira (8), a instalação da comissão do impeachment. 
Na deliberação, Fachin determina que os trabalhos da comissão sejam interrompidos até que o plenário da Suprema Corte analise o caso. A votação no STF está marcada para o dia 16 de dezembro.

Guimarães protestou contra as manobras de Cunha para conduzir o processo sem respeitar o papel dos líderes partidários. “Tudo o que foi combinado com o Colégio de Líderes, de uma hora para outra, o Presidente em conluio com a Oposição mudou a partir da conveniência política. E não se pode atuar a partir das conveniências políticas porque em qualquer processo tem que haver regras claras, procedimentos”, disse o petista.

O parlamentar cearense lembrou que, há duas semanas, o Brasil via a oposição virando as costas para o presidente Eduardo Cunha e obstruindo todas as votações, mas abandonou sua postura crítica a partir do acolhimento do pedido de impeachment. “O que nós vimos foi uma oposição que não tem compromisso com o País se esconder por baixo de tudo isso para tentar, com medidas sórdidas, compor maioria artificial, que não reflete o pensamento democrático e hegemônico dos Líderes aqui dentro desta Casa. A Oposição não tem voto para impeachment coisa nenhuma”, ressaltou Guimarães.

O voto secreto também foi duramente criticado pelo líder, que disse acreditar na anulação da sessão por parte do Supremo Tribunal Federal (STF). “Como é que nós vamos permitir o tal famigerado voto secreto, onde as pessoas não têm coragem de botar as suas digitais? Como é que pode, em pleno século XXI? Nós esperamos que o Supremo reverta isso, porque isso foi uma ilegalidade contra a decência e a política”, afirmou Guimarães, que se referiu a duas ações do PCdoB que questionaram as decisões de Cunha que nortearam a polêmica sessão desta terça.

Por Rogério Tomaz Jr., do PT na Câmara

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