A necessidade de “Mais Médicos” e o combate ao preconceito

“Não nos acusem de estarmos fazendo justamente aquilo que fomos eleitos pra fazer, entre outras coisas, desafiar a estrutura preconceituosa e violenta das nossas elites”

Edmilson Souza*

 

Os governos do PT trouxeram muitos ganhos para a população brasileira. É claro que não tenho dúvidas disso. É claro que cometemos erros, omissões, deslizes, mas a evolução do Índice de Desenvolvimento Humano e o pleno emprego vividos pelo país, coisa impensável há quinze anos, tornam incontornável a afirmação que abre esse parágrafo.

Hoje estamos assistindo o nascimento de mais uma dessas ações que irão colocar o Brasil em outro patamar civilizatório, que é o programa Mais Médicos do Ministério da Saúde. Assim como já ocorreu com o Bolsa Família, o PRONATEC, o FUNDEB, o Cultura Viva, o Sistema Nacional de Cultura, com a agricultura familiar, a elevação sistemática do salário mínimo, com as políticas de desenvolvimento econômico, e tantas outras iniciativas, o Mais Médicos, apesar de toda a intolerância que cerca seu surgimento, irá também contribuir para nos colocar em outro lugar dentro do concerto das nações.

No entanto, esse programa trouxe embutido em seu germe outro fator e avanço civilizatório que precisa também ser observado, e que diz respeito à construção da Cultura como Direito da cidadania brasileira.

Assim como ocorreu com as demais políticas públicas aqui já citadas, o Mais Médicos está contribuindo para escancarar os traços mais preconceituosos e violentos que constituem a nossa pretensa elite econômica.

Médicos formados, em grande parte em universidades públicas, se aferram no “direito” que supostamente teriam em não orientar sua carreira no sentido de devolver ao país uma parte do que lhes foi graciosamente dado pelo imposto pago pelo conjunto da sociedade. Reclamam seu direito de permanecer em seus consultórios nos grandes centros urbanos, cobrando fábulas por uma mera consulta, inflacionando irresponsavelmente os preços dos planos de saúde e do SUS.

Que seja. É burro e inconsequente, mas está no âmbito do Estado de Direito e respeitamos isso. Agora, outra coisa bem diferente é se opor de maneira preconceituosa, e por meio de artifícios vis, a um programa que busca trazer médicos estrangeiros para atender aquela população que eles se recusaram a atender.

Mais do que tudo, isso indica o quanto parte da nossa sociedade tem seus valores assentados sobre uma base de ódio de classe, de preconceito contra o povo pobre, e o quanto se sentem desresponsabilizados pela construção da nação. Não buscar devolver um pouco do que receberam, que foi fruto do esforço coletivo, é egoísmo, mas impedir que outros o façam é pura maldade. É o eco difuso daquela estrutura escravista perversa que formou mais do que estruturas sociais, mas principalmente os arcabouços legais, os universos simbólicos e as estruturas de valores que orientam a atuação da pretensa “elite” brasileira.

A Secretaria Nacional de Cultura do PT saúda o Mais Médios por quanto ele contribui na disputa simbólica em nosso país, bem vinda mais essa ferramenta de afirmação da Nação brasileira como Nação da diversidade e da pluralidade, por quanto vai nos ajudar a desmascarar a doença do preconceito, as chagas do ódio, a peste da violência e contribuir para construir uma profilaxia real para o verdadeiro e profundo mal que assola nosso país.

“Pouca saúde, muita saúva, os males do Brasil são” já cantou o poeta, quem entre outras coisas, foi pioneiro na formulação e defesa da necessidade das políticas pública de cultura para enfrentar os verdadeiros males que assolam o Brasil.

Estamos juntos nesse projeto com o governo Dilma e com Mario de Andrade, quem quiser debater nosso projeto que o faça, que apresente outro, mas não nos acusem de estarmos fazendo justamente aquilo que fomos eleitos pra fazer, entre outras coisas, desafiar a estrutura preconceituosa e violenta das nossas elites.

*Edmilson Souza é Secretário Nacional de Cultura do PT

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