Gaudêncio Fidelis: Magno Malta criminaliza artistas e produção

Após perseguição à exposição Queermuseu, o curador Gaudêncio Fidelis foi convocado por Magno Malta para depor coercitivamente

Paulo Pinto/Agência PT

Artistas fazem ato pela democracia em São Paulo

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Após a enorme perseguição à Queermuseu, Gaudêncio Fidelis, curador da exposição, foi convocado pelo senador Magno Malta (PR-ES), nesta quarta-feira (8), para depor coercitivamente no Senado. A “caça” ao curador começou quando setores conservadores se opuseram a exibição da exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, no Santander Cultural de Porto Alegre, alegando apologia à pedofilia, zoofilia e a desrespeito à símbolos religiosos.

“É tarefa no PT neste momento defender a liberdade de expressão, a liberdade criativa, a constituição e os valores democráticos, porque o ataque é a todas as instituições brasileiras que vem sofrendo desde o golpe e, agora, o objetivo de ataque a cultura significa mais um passo num programa profundamente regressivo e de cercamento de direitos e que visa corromper completamente a democracia brasileira”, afirma Marcio Tavares, Secretário Nacional de Cultura do PT.

A CPI dos Maus Tratos tem como objetivo investigar suspeitas de maus-tratos contra crianças e adolescentes no país. “Mesmo reafirmando que tal convocatória desvia-se integralmente do do objeto desta CPI ingressando visivelmente em motivações eleitoreiras e obscuras, não me recusei ao comparecimento”, afirma Gaudêncio em nota.

Para o secretário de Cultura do PT, Marcio Tavares, esses setores mais conservadores e defensores do obscurantismo na arte, na cultura, têm usado a arte como biombo para tentar colocar em prática um programa que é fundamentalmente antipopular. “À medida que a população não aceita aquilo que eles defendem como programa para o país – a retirada de direitos do povo –, eles desviam esse discurso com interesse oportunista fomentando o fundamentalismo até a arte tentando desviar o assunto pra essas questões”, diz.

Ainda segundo o secretário, esses grupos pretendem unir no ataque a cultura, projetar uma ação que é profundamente negadora de todo tipo de diferença na sociedade, seja em termos de gosto estético até a forma de ser, justamente o que exposição une. “Eles precisam criar um discurso mentiroso a respeito do conteúdo da exposição, que é libertária, cidadã e formativa, para algo libidinoso e até ilegal. “É uma estratégia, e na campanha maldosa que Gaudêncio está sofrendo nesse momento, a cultura está cada vez mais sendo perseguida”, alega.

Queermuseu

Com 270 obras que abordavam as “questões de gênero e diferença” dos mais diversos e renomados artistas como, por exemplo, Ligia Clark e Cândido Portinari, a mostra foi cancelada por decisão do Santander diante das polêmicas fundidas nas redes sociais.

O fato gerou movimentação intensa de grupos de artistas e defensores da liberdade de expressão. Na época, em nota, a Secretaria Nacional LGBT do Partido dos Trabalhadores repudiou os atos violentos orquestrados por grupos de extrema-direita, que levaram ao cancelamento da exposição. “O direito à liberdade de expressão é um direito constitucional e é inerente as manifestações artísticas que devem levar à reflexão e promover o pensamento crítico”.

Para Marcio Tavares, a exposição tem sido vítima de instrumento profundamente difamatório e mentiroso, e Gaudêncio é vítima desse tipo de prática abominável de ação política desses grupos. “O QueerMuseu é uma exposição de arte brasileira do mais alto nível, de produção de conhecimento muito relevante e, por ser a primeira exposição desse volume e temática na América Latina, ataca-la também tem um significado de negação da diversidade”, afirma o secretário.

O curador continua em negociação com outras instituições de todo o país para montar a “Queermuseu” fora de Porto Alegre, mas por enquanto, a exposição será discutida na CPI dos Maus-Tratos contra crianças e adolescentes.

Leia a nota de Gaudêncio na íntegra:

Reprodução

Da Redação da Agência PT de Notícias

 

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