Brasil terá fábrica de semicondutores

Anúncio do projeto revolucionário foi feito pelo Blog do Planalto em pleno carnaval; cabe a Minas incorporar a mítica tecnológica do Vale do Silício

O sonho brasileiro de abrigar uma fábrica de semicondutores genuinamente nacional, para o país entrar no restrito clube de países com produção própria de componentes de alta tecnologia, vai virar realidade ainda este ano.

Ao custo de R$ 1 bilhão, a já batizada Unitec vai fabricar “o chip do futuro” brasileiro e deve entrar em operação já no segundo semestre deste ano (2015), em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte

A instalação concede a Minas Gerais um promissor cenário de inovação logo na entrada do recém empossado governador Fernando Pimentel (PT), eleito em outubro de 2014 para suceder três mandatos tucanos no estado.

Com a instalação inédita, caberá a Minas incorporar a mítica do Vale do Silício da Califórnia (EUA), onde prosperou o processo de inovação imposto pela indústria de semicondutores e componentes.

Cerca de um quinto da Unitec (R$ 207 milhões) será patrocinado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) federal, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).

A Unitec nasce de uma parceria entre o próprio BNDES, que financia o projeto; a Corporación América; o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), a norte-americana IBM, a Matec Investimentos; e, a Tecnologia Infinita WS-Intecs. A IBM é líder mundial no mercado de semicondutores.

Made in Brasil – A unidade vai produzir chips nacionais, dando início ao processo de redução da dependência externa na fabricação de componentes de informática para computadores e sistema inteligentes. É inexistente no Brasil o mercado de componentes locais.

O Blog do Planalto avalia que a Unitec “transforma de maneira revolucionária o padrão industrial brasileiro”, por induzir processos de inovação industrial com a intensificação de investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

A indústria de semicondutores abre ao Brasil a possibilidade de assumir papel de protagonista – não mais de coadjuvante – na era industrial da alta tecnologia de ponta.

A fábrica está sendo erguida numa área de 20 mil metros quadrados (m²), com 5 mil m² de ‘sala limpa’, ambiente em que se adota padrão de baixos índices de partículas em suspensão para produção de componentes.

O produto inicial da Unitec no mercado será o cartão inteligente para bancos, operadoras de telefonia e empresas de transporte público.

De acordo com a Finep, o foco será o atendimento a nichos de mercado de circuitos integrados customizados, que oferecem margens maiores de ganhos do que a produção em massa de semicondutores.

A Finep estima em 300 o número de empregos diretos na Unitec, que vai produzir 360 chapas (wafers) por dia, as lâminas de silício para fabricação de chips.

A iniciativa também promoveu a criação de 21 centros de design de semicondutores em todo o país pelo programa federal CI Brasil, assegurando mão de obra especializada ao setor. Já são 500 especialistas em projetar chips.

A implantação da indústria de componentes inteligentes sempre foi considerada pelo governo uma meta indispensável à conquista de um lugar entre os países de ponta.

Na década de 90 (século XX) há registro da intensificação dos esforços oficiais para conseguir essa fábrica. O tema chegou a virar pauta de discussão no decorrer do processo de estudo e análise da escolha do padrão de TV digital, no governo Luís Inácio Lula da Silva.

Três tecnologias disputaram a escolha brasileira, uma dos EUA, outra da Europa e, a terceira, do Japão. Mas a tentativa de vincular a escolha do padrão digital de TV à implantação de uma fábrica de semicondutores não se concretizou com o Japão.

Mas foi com esse país que o Brasil acabou desenvolvendo um padrão próprio para digitalização das transmissões de televisão no país, baseado na tecnologia japonesa, já em pleno funcionamento.

Além de limpa, a indústria de componentes tem uma importante lacuna a preencher no mercado, podendo não apenas reduzir importações como criar novos mercados no exterior, em especial no Mercosul.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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