Caminhoneiros repudiam greve política; governo aponta ‘manobra’ de desgaste

Sem motivação razoável ou pauta de reivindicações, grevistas são acusados de tentar forjar cenário para desestabilizar governo

Boa parte da categoria profissional dos caminhoneiros repudia a greve iniciada na segunda-feira (9), sem pauta de reivindicações profissionais definida ou qualquer diálogo com as autoridades. A greve entra em hoje em seu segundo dia, com registro de paralisações em oito estados.

Para o governo, o objetivo dos grevistas é desgastar a presidenta Dilma Rousseff, ao se encaminharem para um viés grevista de confronto com os interesses da sociedade brasileira.

Ainda no primeiro dia, representações nacionais de caminhoneiros também manifestaram-se contrários à paralisação, como as Associações Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) e de Motoristas Autônomos (ABMA) e a União Nacional de Caminhoneiros.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL, da Central Única dos Trabalhadores/CUT) afirmou, também em nota, que o protesto é uma “manobra” de “grupo que tenta usar os caminhoneiros em prol de interesses políticos que nada têm a ver com a pauta de reivindicações da categoria”.

A Confederação Nacional de Transportes Autônomos (CNTA) também declarou seu repúdio ao movimento.

Atrapalhar – Assinada pelo presidente da CNTTL, Paulo João Eutasia, a nota afirma que o grupo “não representa os caminhoneiros brasileiros e tem por objetivo atrapalhar os avanços conquistados no diálogo permanente com o governo federal em favor dos trabalhadores”.

Para a CNTTL, o movimento tenta “desqualificar uma pauta séria e de luta que tem sido debatida com o governo federal” nas reuniões do Fórum Permanente para o Transporte Rodoviário de Cargas, criado após os protestos iniciados em fevereiro.

“Os caminhoneiros não precisam de mobilização para derrubar governo. Os caminhoneiros precisam de mobilização para regulamentar frete e preço de frete, para melhorar as condições de trabalho, como pontos de parada com estrutura adequada, confortável e segura para atender suas necessidades. Quem realmente representa os interesses da categoria está trabalhando e lutando para concretizar as reivindicações dos caminhoneiros”, destaca Eutasia.

“Um grupo intitulado Comando Nacional do Transporte, ao ser desqualificado como representante dos caminhoneiros autônomos nas paralisações do começo do ano, criou grupos nas redes sociais que usam de todas as formas forçar o impeachment da presidente Dilma Roussef e, em sua sanha aventuresca, tenta carregar de roldão trabalhadores honestos e honrados como os caminhoneiros autônomos”, apontou a nota da Abcam.

Governo – “Essa é uma greve que atinge pontualmente algumas regiões do país e, infelizmente, um movimento que tem se caracterizado com uma aspiração única de desgaste político do governo. Se tivermos uma pauta de reivindicação, o governo sempre estará aberto ao diálogo”, declarou o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, em entrevista à imprensa, na segunda-feira (9).

Edinho Silva pediu aos grevistas que não prejudiquem os interesses da sociedade com a paralisação.

“Uma greve geralmente vem com questões econômicas, sociais, geralmente ela é propositiva. Mesmo quando trata de questões políticas, é propositiva. Nunca vi uma greve onde o único objetivo é gerar desgaste ao governo. Penso que é uma paralisação que, portanto, não busca melhorias para a categoria”, disse.

Relatos da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Ministério da Justiça, indicam que houve bloqueios em rodovias federais na Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Nortes e do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Os manifestantes se declaravam autônomos, independentes de sindicatos e contrários ao governo Dilma Rousseff. Em Minas, profissionais que não aderiram à greve foram impedidos de seguir viagem pela BR-381 na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Houve ameaças contra os que tentavam prosseguir viagem. A insegurança levou alguns caminhoneiros a solicitar ajuda da PRF. “Eles querem escolta da PRF para seguir viagem sem coação e ameaças para aderir ao movimento”, relatou o jornal “O Estado de Minas”.

No Sul, há registro de conflitos entre manifestantes e caminhoneiros na madrugada desta terça-feira (10) e um caminhão chegou a ser tombado, segundo o “Estadão Conteúdo”.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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