CPMI deve investigar “farra” de delações, defendem petistas

Pimenta e Damous afirmaram que a CPMI deve se debruçar sobre a suspeita que recai nos critérios adotados pelo MPF em relação às delações premiadas

Gustavo Bezerra/PT na Câmara

Deputados Wadih Damous (PT-RJ), Paulo Pimenta (PT-RS)

Ao se pronunciarem na reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada a investigar irregularidades nas operações entre o grupo J&F e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ) – membros titulares do colegiado – afirmaram que a CPMI deve se debruçar sobre a suspeita que recai nos critérios adotados pelo Ministério Público Federal (MPF) em relação à extração de delações premiadas.

“Qual é o fato novo que envolve a empresa JBS? Há muito meses existe no Brasil uma suspeita de que há um modus operandi de extração de delações. Há uma interpretação por setores do Ministério Público Federal que estão em Curitiba e em Brasília que, para se extrair de um delator aquilo que se quer ouvir, vale tudo”, denunciou Pimenta.

“Há uma seletividade por trás desse esquema de extrações de delações que temos de dissecar e entender para trazer segurança jurídica para a população brasileira”, defendeu.

Observou o deputado Paulo Pimenta que a relação entre um membro da Procuradoria-Geral da República e o dono da JBS, revelada em áudios gravados pelos envolvidos, deixou o país perplexo. “Surge conversa gravada que mostra que o número dois da PGR, que o braço direito do procurador-geral da República, tinha uma relação de intimidade, de cumplicidade subterrânea com o proprietário da JBS. Isso chocou o país”, lamentou Pimenta.

O deputado se referiu ao ex-procurador Marcello Miller, suspeito de ajudar o grupo J&F, comandado por Joesley. Em depoimento o empresário confessou que manteve o primeiro contato com Miller em março deste ano. “O que tem por trás disso tudo? Que mecanismos têm sido utilizados pelo Ministério Público Federal em suas investigações?, questionou.

“Descobrimos que tem procuradores que faziam trabalho para o MPF e, depois, mudavam de lado e recebiam uma bolada como advogado para fechar delação. Então, essas coisas estão deixando o Brasil em perplexidade”, reafirmou Paulo Pimenta.

Alerta

O deputado Wadih Damous chamou a atenção para o real significado da palavra delação premiada. Segundo ele, a lei é expressa quando diz que a delação “deve apontar o caminho da prova. Ela por si só não é prova”.

“O que vemos aí são delatores que ficam presos durante anos e de repente decidem fazer delações. Aí, empresários brasileiros, após delatarem, estão fazendo suas delações à beira de suas piscinas, comendo seu caviar, impunes. Estes sim, verdadeiros criminosos”, observou Wadih, que ainda disse que aqueles que usam a narrativa de combate à corrupção, chancelam esses criminosos.

Cervejinha

De acordo com Paulo Pimenta, as suspeições geradas pelos acordos de delações deixam fissuras que podem ruir as instituições. Para ele, episódio recente, como o encontro num bar entre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot e o advogado Pierpaolo Bottini, defensor do empresário Joesley Batista, é mais um elemento que coloca em xeque a credibilidade do órgão por ele comandado.

Máfia

Na avaliação de Pimenta, o grupo JBS é uma “máfia” com tentáculos dentro do Congresso Nacional, no MPF, no Poder Judiciário e na imprensa. “Eu vi esse Joesley sendo tratado como exemplo de empresário brasileiro pelos grandes canais de televisão”, criticou.

Por Benildes Rodrigues do PT na Câmara

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