Cristiano Celestino: O golpe, as consequências do golpe e quando derrotarmos o golpe

A medida mais urgente para quando derrotarmos o golpe é acabar com o oligópolio midiático de viés autoritário, antipovo, antinacionalista

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“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira”.
Che Guevara

Após quase dez meses do Golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff eleita democraticamente por mais de 54 milhões de votos, seguimos em luta para derrotar o golpe e restaurar a democracia por todos os meios necessários.

Com o conjunto de informações já disponíveis acerca da engrenagem golpista que usurpou o poder, é possível afirmar que os golpistas têm uma composição bastante heterogênea com objetivos nítidos de barrar o processo de melhoria das condições de vida iniciado no governo Lula e continuado no governo Dilma, entregar riquezas estratégicas do país e retirar direitos históricos da classe trabalhadora.

Uma ação conjunta envolvendo o oligopólio midiático, parte do Judiciário, Ministério Público, parte das elites do serviço público federal, frações da classe média, interesses de potências estrangeiras destacadamente os Estados Unidos da América do Norte e sobretudo a elite rentista que quer que o povo pague a conta sempre.
No processo de instauração do golpe de Estado, é preciso destacar a parceria superazeitada entre o Judiciário, o Ministério Público e o oligopólio midiático que coordenou toda a ação.

Além de uma formação nacional para o sucesso do golpe, está cada vez mais nítido o papel exercido por interesses estrangeiros, sobretudo dos Estados Unidos, em virtude principalmente de dois fatores, de um lado para impedir o protagonismo crescente do Brasil no âmbito geopolítico global. Destaca-se neste ponto, o papel central do Brasil para a formação dos BRICS, que envolve além do Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul, inclusive com a criação de um banco comum, que desde a segunda guerra mundial é a primeira iniciativa a colocar em risco a hegemonia dos Estados Unidos. Também na seara geopolítica deve-se destacar o papel do Brasil como importante liderança regional no espaço que os Estados Unidos sempre tiveram como seu quintal desde os tempos da Doutrina Monroe. Destaca-se ainda o protagonismo crescente do Brasil nos fóruns internacionais de decisão.

Além disso, é preciso destacar a cobiça estrangeira sobre nossas riquezas naturais, em particular o tesouro do pré-sal. Destruir a Petrobras é um sonho de certa direita vira-lata desde a fundação de nossa maior empresa e que tanto nos dá orgulho desde a sua criação por Getúlio Vargas e entregar o pré-sal é um sonho acalentado pela direita brasileira conforme se sabe de vazamentos do site Wikileaks quando o então candidato José Serra prometeu mudar o regime de exploração do petróleo brasileiro.

Então, está cada vez mais nítido que o golpe é uma ofensiva da direita brasileira para destruir direitos e garantias das brasileiras e brasileiros. Ataque à Previdência Social, destruição dos direitos trabalhistas. Desemprego, destruição de empresas públicas com dilapidação do patrimônio público, desmonte dos programas sociais, achatamento dos salários e fim dos concursos públicos são algumas das consequências do golpe.

E quando derrotarmos o golpe, qual deve ser o primeiro ponto do programa das esquerdas democráticas? O primeiro, mais urgente e indispensável é democratizar a comunicação. Nada foi tão central para o sucesso do golpe e para permanência do golpe quanto à existência de um oligopólio midiático no Brasil.
A medida mais urgente para quando derrotarmos o golpe é acabar com o oligopólio midiático de viés autoritário, antipovo, antinacionalista.

Regulamentar a Constituição, fortalecer a comunicação pública, democratizar o acesso ao espectro eletromagnético e fechar o duto bilionário que liga o orçamento da União às contas do oligopólio golpista são algumas das medidas urgentes, necessárias e indispensáveis para quando derrotarmos o golpe.

Por Cristiano Celestino Dourado Borges Amorim, militante do partido dos trabalhadores desde 2010 filiado ao Diretório Municipal de América Dourada-BA, bacharel em direito, antropólogo e mestrando em antropologia na Universidade Federal da Bahia, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

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