Danilo Strano: O jovem analfabeto político

Vivemos um momento ímpar, onde a juventude, grupo que historicamente é mobilizador e responsável por grandes transformações, se distancia da política

Fernando Frazão/Agência Brasil
Tribuna de Debates do PT

Manifestação em Copacabana

“Para o analfabeto político ninguém presta, ele não se informa, nas eleições ele anula ou faz voto de protesto”. Com essa frase Bertold Brecht definiu parte da sociedade alemã século XX.

Passado algumas décadas, a juventude brasileira parece viver momento similar ao ocorrido na Alemanha. Por mais que seja natural que uma parcela da sociedade não se interesse pela política, vivemos um momento ímpar, onde a juventude, grupo que historicamente é mobilizador e responsável por grandes transformações, se distancia da política.

A política institucional sempre foi um desafio para juventude, a disputa entre gerações sempre enfraqueceu a presença de jovens, além da preferência pela política estudantil e de movimentos de base, porém, isso nunca tirou o espaço dentro dos partidos e governos, que o o jovem ocupou em busca das transformações sociais.

Nos últimos anos, a política estudantil tem se enfraquecido e movimentos como o MBL tem capitalizado a juventude com o discurso do analfabeto político, de que nada presta e que todos são ruins. Parte da esquerda também utiliza da mesma retórica para atingir os jovens. Colaboram com isso os caciques dos principais partidos nacionais, que tem criado dificuldade para a participação da juventude, seja por medo de perder espaço, seja por medo das transformações que o jovem traz consigo.

O perigo do protagonismo desse discurso está na ausência dos jovens nas disputas internas partidárias e principalmente na construção de mandatos e governos. O jovem que tem responsabilidade com a transformação social está ausente, cada vez mais é difícil encontrar pessoas com menos de 30 anos que se interessem em participar da política.

Os partidos tradicionais que se preocupam com a democracia brasileira tem obrigação de voltar a ouvir e construir política com a juventude. Sem isso, vamos continuar reproduzindo os “analfabetos políticos”.

Por Danilo Strano, cientista político filiado ao PT-SP, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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