Deputadas fazem protesto na Câmara contra manobra de Cunha

Cunha perdeu em primeira votação, mas manobrou e conseguiu aprovar Comissão da Mulher que poderá regredir em direitos já conquistados

As mulheres da Câmara dos Deputados se insurgiram na quarta-feira (27) contra mais uma manobra do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). As deputadas ocuparam a mesa diretora em protesto contra mais um golpe do presidente da Câmara, aos gritos de “É golpe”, “Fora Cunha” e “Ouçam as Mulheres”.

Segundo a deputada Érika Kokay (PT-DF), Cunha queria criar a Comissão da Mulher e a Comissão do Idoso para poder conceder cargos aos deputados que votaram com ele pelo impeachment da presidenta Dilma (PT) no último dia 17. Isso porque, segundo ela, Cunha trocará cargos pela aprovação da admissibilidade do processo golpista e pelo seu salvamento na casa.

Kokay explica que houve uma proposta para retirar a criação da comissão da pauta de votação, que foi nitidamente aprovada pelos deputados. Mesmo assim, Cunha ignorou o resultado, interrompeu a sessão e já com os votos suficientes para aprovação, colocou o tema novamente em votação – e ganhou.

Essa Comissão da Mulher, no entanto, foi feita sem ouvir a bancada feminina e esvaziará a Secretaria da Mulher feita para garantir os direitos das mulheres.

A criação da Comissão, explicou Kokay, foi uma maneira de colocar em pauta discussões como a do nascituro, que vão justamente na direção oposta de direitos já conquistados pelas mulheres e pretendem criminalizar o aborto mesmo nas condições em que ele já é um direito, como no caso das vítimas de estupro.

Segundo a deputada Moema Gramacho (PT-BA), a comissão foi feita somente para contemplar os aliados de Cunha com cargos nas novas estruturas.“Somos contrárias a este formato que está colocado aqui, que visa suprimir direitos conquistados pelas mulheres”, afirmou  Gramacho.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

moema gramacho e cunha

Moema Gramacho (PT-BA) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

Em vídeo, Kokay afirmou que está cada vez mais claro que houve um acordo nas trevas para para que houvesse o golpe e que essas comissões fazem parte do balcão de negociações do deputado Eduardo Cunha.

A deputada Jandira Feghali (PcdoB-RJ) também criticou o texto apresentado. “Estamos criando um meio instrumento, estamos fazendo de conta que estamos debatendo a questão da mulher e rompendo um acordo. [Estamos] mexendo com uma questão da seguridade que em nenhum momento entrou nessa discussão”, disse.

Para Jandira, em vez de ampliar, o texto retira das competências da comissão a possibilidade de discussão de temas fundamentais. “Ele [o relator] excluiu do escopo da comissão assuntos fundamentais da mulher, os direitos sexuais e reprodutivos estão excluídos, além de enfraquecer outras estruturas da Câmara voltadas para debater os direitos de mulheres, como a Secretaria da Mulher e a Procuradoria da Mulher. É um retrocesso”, disse.

mulheres contra cunha

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Veja aqui momento do protesto das deputadas:

Aqui, deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Erika Kokay (PT-DF) explicam o ocorrido:

Da Redação da Agência PT de Notícias

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