Dilma: causa vergonha fala de secretária das Mulheres de Temer

Presidenta eleita relembra que lei no Brasil autoriza, desde 1984, a interrupção da gestação em casos de estupro e diz que é preciso respeito à mulher

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Em ato realizado por mulheres no Rio de Janeiro, a presidenta eleita, Dilma Rousseff, classificou de vergonhosa a declaração de Fátima Pelaes, secretária de Política para as Mulheres do governo golpista de Michel Temer, contra à interrupção da gestação mesmo em casos de estupro —o que é permitido por lei no Brasil desde 1984.

De acordo com Dilma, a fala da secretária golpista é ainda mais grave no atual momento, quando o país ainda está abalado pelo estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro. “[A secretária] não pode achar que suas convicções pessoais se sobrepõem à lei, e a lei é clara”, disse Dilma. “É muito grave que a secretária das mulheres diga isso justamente nesse momento em que ocorreu um estupro coletivo. Nos enche de vergonha como mulheres.”

Repetindo o que ocorreu em São Paulo e em outras cidades brasileiras nesta quarta-feira (1), o ato “Mulheres pela Democracia e Cultura” levou milhares de mulheres a se manifestar. No Rio de Janeiro, o apoio a Dilma se concretizou com um gesto simbólico de entrega de flores para a presidenta eleita, que disse não ser um “capricho” querer mulheres no primeiro escalão do governo federal, mas um “direito à participação necessário”. “Nós mulheres deste país somos sensíveis, mas corajosas”, disse Dilma.

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

“Este ato coloca nas mãos das mulheres o processo político de apoio à democracia, contra a política neoliberal, contra a revisão do pré-sal, que afeta o Rio de Janeiro. Aqui estamos, nós mulheres, claramente empenhadas na luta pela defesa não só da democracia, mas pelos direitos sociais e políticos de um país mais livre e que respeite a mulher”, completou.

Golpe contra direitos

Dilma denunciou os atos golpistas contra seu mandato legitimamente conferido pela população brasileira nas urnas, enalteceu a democracia e criticou a revogacão do decreto nº 8.727/2016 que reconhece o direito ao nome social de transgêneros.

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Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A presidenta eleita também comparou o golpe ao praticado em 1964, com intervenção militar. Segundo ela, a diferença principal é que o atual golpe não fez uso de armas, mas rasgou a Constituição. Além de barrar as investigações da Lava Jato, o objetivo do golpe atual é idêntico ao anterior: retirar direitos do povo.

“É estarrecedor o que tem acontecido nos últimos 20 dias, é assustador”, disse. “Jamais pensei que assistiria alguém ameaçando o Bolsa Família. Jamais achei que assistiria novamente alguém questionando todas as conquistas na área de Educação. Sobretudo, não imaginava ser possível, num país em que a nossa identidade estar fundada em nossa identidade cultura e étnica, alguém querer destituir o Ministério da Cultura.”

Nesse sentido, afirmou que sua presença no cargo era um “incômodo” porque achavam que a mulher brasileira é frágil, mas, na verdade, é resistente. “Eles acham que mulher é frágil. Ora, se a gente fosse frágil, a gente não criava filho. Se a gente fosse frágil, a gente não segurava trabalhar e cuidar das crianças”, disse Dilma. “Se a gente fosse frágil, a gente, mesmo com muito preconceito, não conseguiria ter um trabalho decente, não conseguiria ser formada em universidade. Se a gente fosse tão frágil, eu não seria a primeira mulher presidenta. A gente sabe resistir.”

Da Redação da Agência PT de Notícias

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