Dilma: Escola sem Partido é escola sem alma, sem debate, sem posição

Durante ato na Universidade Federal do ABC, presidenta apontou descontinuidade das políticas públicas de Educação como grande retrocesso do golpe

Presidenta Dilma Rousseff durante Ato de Associações Docentes em Defesa das Políticas de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A presidenta eleita Dilma Rousseff participou nesta segunda-feira (18) de ato em defesa da educação, ciência, tecnologia e inovação, realizado no campus de São Bernardo do Campo da Universidade Federal do ABC.

Dilma condenou inciativas do governo golpista de Michel Temer que representam enormes retrocessos na Educação, como a PEC 241, que praticamente congela gastos da União em Saúde e Educação pelos próximos 20 anos.

Além disso, ela também criticou o avanço das propostas do movimento Escola Sem Partido, que anulam a liberdade pedagógica no ensino ao proibir o debate político nas escolas.

“Essa proposta de teto é por 20 anos. Passarão 5 presidentes e ela (ainda) será executada. O que eles chamam de teto é a diminuição per capita do gasto em educação no Brasil. Por que eles fazem isso em saúde e educação? Porque são os dois gastos mais volumosos. Eles querem fazer uma proposta orçamentária que não mantém o crescimento do gasto em duas áreas fundamentais”, enfatizou a presidenta.

A presidenta eleita ressaltou também que ter posição é algo essencial e que é preciso defender a “sociedade da tolerância”:

“Escola sem Partido é escola sem alma, sem debate, sem posição. Nós vivemos em um momento que não cabe mais achar que uma perspectiva de gênero é algo que deve ser punido ou rechaçado. Não é possível um governo de homens brancos apenas. Tem que ter jovens, mulheres e negros. Tem que ter representação, pois saímos outro dia da escravidão”, ressaltou.

Os avanços conquistados na Educação durante o governo dela e o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foram lembrados pela presidenta, como a expansão de 360% nos gastos com custeio das Universidade Federais, permitindo a interiorização da educação e o progresso no acesso ao ensino público.

“É necessária uma política contínua, daí o perigo do golpe. Nós duplicamos a quantidade de pessoas que tiveram acesso ao ensino público. A UFABC é uma prova, pela qualidade dos seus docentes, pelas suas contribuições na questão científica e tecnológica”, afirmou.

A presidenta Dilma defendeu também a ampliação das vagas nas universidade privadas, lembrando que 4 milhões de estudantes pobres chegaram ao ensino superior por meio do Prouni e do FIES. Recordando o êxito da estudante Suzane da Silva, que pôde estudar Medicina em uma universidade privada, graças ao Prouni, a presidenta repetiu o bordão “a Casa Grande surta quando a senzala vira médica”.

 

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Golpe de Estado
O golpe de Estado na Turquia também foi lembrado pela presidenta, que frisou as diferenças do evento ocorrido lá em relação ao golpe praticado contra ela.

“A Turquia sofreu uma tentativa de golpe tipicamente militar. Um dos maiores argumentos dos golpistas é que não vivemos um golpe porque não há tiroteio e armas. Aqui nós temos uma outra circunstância, temos um golpe parlamentar. E em cada país tem um objetivo claro. Aqui é assegurar que uma pauta que não foi aprovada como projeto de governo seja aprovada sem o crivo do voto popular”.

Em referência aos recentes esclarecimentos do Ministério Público Federal e da perícia técnica do Senado, que comprovaram não haver irregularidades nas chamadas “pedaladas fiscais”, motivação do processo de impeachment, Dilma disse que “a coisa tá ficando chata” para os golpistas.

A presidenta defendeu ainda o Fundo Social do pré-sal para Educação, apontando para os riscos da proposta do senador e ministro das Relações Exteriores José Serra, que muda as regras de exploração para esse tipo de petróleo, e reafirmou a importância dos investimentos em ciência e tecnologia:

“O nosso objetivo é uma sociedade do conhecimento. Mas para isso precisa de investimento. Vão diminuir o Ciências Sem Fronteiras a zero. Vão acabar com parcerias fundamentais. Sou a favor de parcerias para pesquisa e investimento na indústria desse país na área de ciência e tecnologia. Temos que fazer isso porque é a diferença entre ser soberano no mundo e não ser. Eu acredito que nós temos que lutar contra essas medidas. E isso significa lutar contra o golpe e pela democracia.”

 

Por Luciana Arroyo, da Agência PT de Notícias

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