Dilma: Fim do Ministério da Cultura é volta a passado autoritário

Em bate papo com internautas, a presidenta eleita fez um paralelo entre a criação do Ministério logo após a redemocratização do País, e sua extinção agora

Nesta quinta-feira (19), a presidenta eleita Dilma Rousseff respondeu às perguntas de internautas sobre a extinção do Ministério da Cultura feito pelo governo golpista de Michel Temer (PMDB), em um bate papo nas redes sociais, ao lado do ministro da Cultura de seu governo, Juca Ferreira.

Em muitos questionamentos estava o receio de que a transformação do Ministério da Cultura em Secretaria cause retrocessos na área, nas políticas públicas que fomento e incentivo à cultura e á diversidade do País.

Na avaliação de Dilma, “uma secretaria nacional de Cultura não tem a capacidade de atender às demandas e necessidades culturais da população, não tem a estrutura necessária para atuar, levando em conta a amplitude, a complexidade e a diversidade cultural brasileira”.

A presidenta eleita fez um paralelo entre a criação do Ministério da Cultura, logo após a redemocratização do País, e sua extinção agora, feita por um governo interino ilegítimo e golpista.

“É bom lembrar que a criação do Minc foi uma das primeiras medidas depois da conquista das eleições diretas para a Presidência da República. Isso não foi uma coincidência. O fim da ditadura foi um período que permitiu ao País voltar a sonhar com mais liberdades, com a melhoria da qualidade de vida. O desenvolvimento cultural foi uma das grandes marcas desse período. Por isso, agora, não é coincidência que a primeira medida do governo provisório seja a extinção do Ministério da Cultura. É como se eles quisessem voltar ao passado autoritário”, afirmou.

A sequência de negativas feita por cinco mulheres aos convites do governo golpista para assumir a área cultural também foi assunto do bate papo.

Para Dilma, as mulheres não querem ser tratadas como um “fetiche decorativo”. “Ao contrário do que alguns pensam, as mulheres têm apurado senso crítico e, por isso, são muito sensíveis a todas as tentativas de uso indevido da sua condição feminina. Tenho certeza que a razão das recusas está na qualidade da consciência de gênero que nós adquirimos durante todos esses anos de luta contra o preconceito”, avaliou.

A presidenta eleita lembrou, ainda que a continuidade da Cultura enquanto Ministério não comprometia o orçamento.

“De jeito nenhum! O orçamento do Ministério da Cultura é irrisório em termos absolutos e se a gente compara com o Orçamento Geral da União, menos de 1%. E o que esses investimentos trazem de benefícios: fortalecimento da coesão social, melhoria da qualidade de vida, redução da violência, capacitação da sociedade para resolver os grandes desafios do século XXI, satisfação da condição humana dos brasileiros e brasileiras, e o desenvolvimento de economias importantes”, escreveu.

Segundo Dilma, um País das dimensões do Brasil não pode ter sua economia dependendo da exportação de commodities agrícolas e minerais.

“É preciso desenvolver economias de grande valor agregado, como é o caso das economias culturais, criativas ou simbólicas. Com o apoio do Estado brasileiro, através do governo federal, estamos transformando a economia do cinema e do audiovisual em superavitária. O golpe em marcha ameaça o próximo passo desse processo, que é transformar a economia da música do Brasil no próximo setor a se tornar superavitário. Portanto, essa propalada economia com o corte do Ministério da Cultura é pura demagogia”, enfatizou a presidenta eleita.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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