Direitos e garantias de Lula são violentados, diz Bandeira de Mello

O jurista afirma que a Justiça virou um instrumento da guerra político-partidária e isso se expressa de forma clara na perseguição contra o ex-presidente Lula

Ricardo Stuckert

Ex-presidente Lula. Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Prestes a completar 80 anos, o professor Celso Bandeira de Mello, um dos principais juristas brasileiros, diz que a Justiça virou um instrumento da guerra político-partidária e isso se expressa de forma clara no que enxerga como perseguição contra o ex-presidente Lula.

“Qualquer pessoa de bom senso sabe e todos os ministros do Supremo Tribunal Federal têm plena consciência de que os direitos e garantias do ex-presidente Lula estão sendo violentados”, diz.

Bandeira cita como exemplos a condução coercitiva determinada pelo juiz Sergio Moro em 4 de março deste ano e os vazamentos de conversas telefônicas com a própria presidenta da República, Dilma Rousseff.

“Tanto os ministros Teori Zavascki como Marco Aurélio Mello repreenderam o juiz Moro, que, inclusive, se viu forçado a pedir desculpas. O problema é que ficou nisso. Teori chegou até a definir o comportamento do juiz Moro como medievalesco”, comenta.

Bandeira de Mello também ressalta que o STF se curvou aos interesses de uma mídia monopolizada e rejeita a tese de que o recurso de Lula mancha a imagem do Judiciário e do próprio País no exterior.

“Se o Brasil assinou o pacto que garante a todos os cidadãos brasileiros o direito de denunciar arbitrariedades à comissão de Direitos Humanos, isso vale para todos, inclusive para um ex-presidente da República”, diz.

Para Bandeira, Lula fez muito bem em recorrer à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, por meio dos advogados Cristiano Martins e Geoffrey Robertson.

O jurista ainda avalia que o máximo que virá da Comissão de Direitos Humanos será uma censura ao Brasil, o que terá apenas efeitos morais e políticos. “Os nossos políticos de hoje perderam completamente o senso moral. Prova disso é a farsa do impeachment da presidente Dilma Rousseff”.

Prisão de Lula

O jurista, no entanto, não acredita que a força-tarefa terá a coragem de decretar a prisão do ex-presidente Lula.

“Primeiro, porque não há crime. Segundo, porque isso colocaria o Brasil num ambiente de convulsão e revolta social. Haveria greves, invasões e uma grande revolta, que seria legítima, diante da arbitrariedade cometida”, diz

Sobre o fato de Lula ter sido indiciado por outro juiz, Ricardo Leite, de Brasília, ele afirma que o Judiciário é um poder essencialmente conservador e conectado a elites que sempre se colocaram contra projetos de emancipação popular.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Brasil 247

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