Eleição de Dilma gera onda de ódio e preconceito nas redes sociais

Discurso da presidenta reeleita vai justamente no sentido contrário: é hora de união e apaziguamento dos ânimos

Intolerância: demitido por envolvimento com máfia de contrabando, ex-secretário Romeu Tuma Jr. apelou para o preconceito

A vitória de Dilma Rousseff na noite de domingo (26) despertou a ira dos eleitores do candidato derrotado Aécio Neves (PSDB). Logo após o anúncio do resultado da reeleição, uma vitória de 51,64% dos votos, muitos iniciaram na internet campanhas de difamação contra o Partido dos Trabalhadores.

Nas redes sociais, é possível encontrar as mais diversas mensagens discriminatórias. Vídeo publicado na noite de domingo, no Facebook, serviu de exemplo sobre quão longe pode chegar o preconceito contra os eleitores do PT. A jornalista Deborah Albuquerque Chlaem, moradora de São Paulo, gravou um depoimento raivoso no qual chamava de “miseráveis, imbecis e burros” aqueles que votaram em Dilma.

Em pouco tempo, internautas ressuscitaram movimentos separatistas, movidos por demonstrações de preconceito contra nordestinos. O motivo seria a larga diferença do percentual de votos obtidos por Dilma no Norte e Nordeste do País. A onda levou tuiteiros pró-Dilma a criarem um movimento contrário para exaltar as qualidades do povo nordestino. Durante toda a tarde desta segunda-feira (27), a hashtag #SouDoNordesteMesmoEComOrgulho esteve entre as mais usadas no ranking brasileiro do Twitter.

Observa-se, entretanto, que os votos obtidos por Dilma nos estados do Norte e Nordeste, apesar de muitos, cerca de 24,7 milhões, não superaram os recebidos em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mais de 26,7 milhões.

Saudosistas, alguns tentaram ainda pautar a volta do movimento das ruas de junho de 2013. Outros aproveitam para, de pronto, promover um discurso golpista: a possibilidade de um Impeachment da presidenta Dilma. Entre os argumentos apresentados, a acusação de que o PT “trouxe mal estar para nação”.

A publicação de mensagens discriminatórias, mesmo em redes sociais, é passível de punição. De acordo com a lei do racismo (Lei nº 7.716/89), qualquer tipo de preconceito, insinuação de cunho discriminatório para tentar diminuir, por em uma situação desigual ou tentar ofender determinado grupo pode ser considerado crime. O código vale para quem publicar ou reproduzir mensagens de viés preconceituoso na internet. A pena pode variar de um a três anos de prisão, além de multa, podendo ser agravada por ser em ambiente virtual, pelo maior alcance que as agressões podem gerar.

Figuras marcantes da oposição mais ferrenha não se esquivaram do discurso de ódio. Minutos após declarada a vitória de Dilma, o deputado estadual eleito por São Paulo, coronel Paulo Telhada (PSDB), publicou mensagem na qual defende a independência do Sudeste do Brasil. “Chegou a hora de São Paulo se separar do resto desse país”, declarou, no Facebook.

O ex-secretário Nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior, demitido do cargo por envolvimento com a máfia chinesa de contrabando de São Paulo, também aproveitou o momento para destilar ódio e ressentimento contra o PT. Em imagem publicada no Twitter, ele defendeu a construção de um muro para dividir os estados do Norte e Nordeste do restante do Brasil. “Vamos respeitar os eleitores do PT e mandar a Dilma só para eles”, diz a imagem.

Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.

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