Eles deram o golpe e agora não sabem o que fazer, afirma Dilma

Presidenta eleita comentou, em palestra em Princeton, a divulgação das delações: “Eles não podem me acusar de ter recebido dinheiro”

Nos EUA, Dilma denuncia o golpe de 2016

A presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) falou, nesta quinta-feira (13), na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, sobre a divulgação, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, das delações premiadas da Orebrecht. Ela criticou, ainda, a falta de parcialidade nas investigações. Desde o final de semana, Dilma tem feito conferências no mais prestigiado circuito acadêmico dos Estados Unidos, alertando para a situação política e econômica no Brasil.

“Eles não podem me acusar de ter recebido dinheiro. Não tenho conta na Suíça ou em paraíso fiscal. Eles não podem me acusar de ter aceitado qualquer ação ilegal. Mas acusações desse tipo (divulgadas nas delações) eu tenho desde o dia da eleição, quando a Veja trouxe na capa que eu sabia de tudo. A vantagem, agora, é que isso vai ter que ser aberto”, afirmou, durante sessão de perguntas feitas pelos estudantes.

Para a presidenta, apenas com o restabelecimento da democracia o Brasil vai conseguir retomar a confiança e a economia. Na avaliação de Dilma, 2018 vai ser o ano do início da transição, não necessariamente da mudança. Ela rechaçou uma transição por cima, feita pelas elites, e defendeu a reforma política para mudar os vícios do governo de coalizão, como o fisiologismo. “O processo democrático é o detonador do processo que permite que o Brasil retome o caminho”, afirmou.

“Eles deram o golpe e agora não sabem o que fazer”

Dilma denunciou o caráter neoliberal, elitista, tecnocrático e antidemocrático do golpe, um processo que, de acordo com ela, já deu errado. Ela falou sobre a quebra da hegemonia promovida pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) – preso na Operação Lava Jato – que “mudou o centro democrático no Brasil.

“A partir dali (Cunha na presidência) ocorre uma ruptura, quando a extrema direita, ultraconservadora e a bancada da bala, boi e bíblia, apostam em uma politica […] que inviabilizou meu governo ainda em marco. A partir dai, eles instituíram a política do ‘quanto pior, melhor’”. Para ela há, a partir do golpe, um aumento da desigualdade, uma corrosão da democracia a partir da implantação do neoliberalismo e da invalidação de 54 milhões de votos.

“Existe uma paralisia absoluta diante de tudo que está acontecendo. Nós precisamos nos reencontrar (retomar o pacto social democrático), porque ninguém depois de uma eleição pode simplesmente não querer um presidente. Senão, vira e mexe o Brasil vai passar por um golpe”, disse.

Questionada sobre o pano de fundo das manifestações de 2013, Dilma afirmou que elas não possuem ligação com as motivações do golpe. Para ela, trata-se de uma demanda da população por serviços que surgiu a partir da ascensão social e econômica promovida pelos governos do PT. “

Quando você distribui renda, você muda o perfil da população, mas é muito difícil você melhorar a qualidade dos serviços, pois precisa mudar a infraestrutura social do País. A saúde foi o tema central das mobilizações, então criamos o Mais Médicos. O fim da miséria e só o começo, porque a partir dai você tem outras reivindicações justas”, afirmou. A presidenta continua o circuito de palestras nos próximos dias.

Por Ana Flávia Gussen, da Agência PT de Notícias

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