Em Cuba, Dilma e Gleisi denunciam prisão política de Lula

Em encontro do Foro de São Paulo em Cuba, presidenta eleita prega resistência e reforça Lula candidato

Ricardo Stuckert

Dilma e Gleisi em reunião do Foro de São Paulo

A presidenta eleita Dilma Rousseff reforçou neste domingo (15) a importância da candidatura do ex-presidente Lula, durante o XXIV Encontro do Foro de São Paulo, que acontece em Cuba até o dia 17. Segundo ela, as forças golpistas usam as leis para destruir o direito de Lula de se colocar como adversário político, em uma campanha eleitoral em que ele lidera com larga vantagem sobre os outros candidatos, conforme apontam as pesquisas.

A consolidação do ex-presidente na liderança, mesmo após a prisão e os malabarismos jurídicos do TRF-4 para mantê-lo preso, reforçam a necessidade de Lula ter o direito de ser candidato, segundo a presidenta. “O que estão fazendo com o Lula não podemos aceitar. É irônico que mesmo preso, Lula é a presença mais forte na conjuntura política brasileira. Infelizmente completou-se 100 dias da prisão do ex-presidente, mas sabemos que resistir é uma condição para a vitória. Nossa resistência vai construir o futuro do Brasil”.

O discurso da presidenta eleita ocorreu no mesmo dia em que a prisão arbitrária de Lula completou 100 dias. Para Dilma, a tentativa de afastar o ex-presidente das eleições em outubro é o terceiro ato do Golpe. “Eles perceberam que o presidente Lula terá uma vitória esmagadora. Ele solto estava fazendo caravanas por todo o Brasil e isso comprometeria a possibilidade de um candidato [deles] surgir. Então, deram a terceira etapa do golpe com a prisão do Lula, a mais grave delas”.

Gleisi Hoffmann no Foro de São Paulo

Também presente no encontro do Foro de São Paulo, a presidenta do PT, a senadora Gleisi Hoffman, reforçou a importância de denunciar internacionalmente a perseguição política de Lula por parte do Judiciário. “100 dias Lula preso, 100 dias de uma injustiça. Qual é a prova? Que crime cometeu Lula para estar preso? A tentativa de soltá-lo com base numa argumentação justa e correta ficou frustrada. Parte do Judiciário expressiva mostrou que tem lado nessa disputa e politizou o processo”.

“Nós não vamos desistir de Lula porque nós não vamos desistir do povo brasileiro. Nós viemos aqui para denunciar e estamos recebendo a solidariedade para o Lula. Não vamos desistir e Lula voltará a ser presidente do Brasil. Muita força a toda essa luta”, destacou Gleisi.

Ao longo do XXIV Encontro do Foro de São Paulo foi exibida uma mensagem do ex-presidente Lula para os participantes.  Durante o evento na capital cubana, ocorreu uma celebração ecumênica no Centro Martin Luther King em solidariedade a democracia brasileira e ao direito de Lula concorrer às eleições deste ano. No encontro também esteve presente o coordenador do Centro Martin Luther King, Joel Soares; o presidente nacional da Central Única dos trabalhadores (CUT), Vagner Freitas; a diretora nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Sonia Mara; e o diretor nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro.

O primeiro-secretário do Partido Comunista Cubano, o ex-presidente Raúl Castro enviou uma mensagem a Lula reiterando o apoio de Cuba ao povo brasileiro. “Ao companheiro Lula, vítima de perseguição política e manobras golpistas, expressamos a nossa solidariedade diante da manobra para impedir a sua candidatura às eleições direitas. Lula, Dilma Rousseff, PT e povo brasileiro terão sempre Cuba a seu lado.”

Ao longo do ato, Dilma lembrou que as democracias tem com base a igualdade econômica e social, mas também exigem igualdade de todos perante a lei. Para a presidenta, a atuação de setores do Judiciário brasileiro demonstra de forma clara a perseguição política ao ex-presidente ao trata-lo de forma diferente.

A perseguição ao ex-presidente ficou ainda mais evidente com as chicanas jurídicas protagonizadas pelo juiz Sérgio Moro e o presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores ao impedirem a soltura de Lula após decisão do desembargador Rogério Fraveto.  Para Dilma, o episódio ocorrido no TRF-4 reforça a necessidade de Lula ser candidato, uma vez que é inocente e não há provas do contrário. A presidenta eleita destacou também que não se deve falar em alguma alternativa a candidatura do ex-presidente.

“Não vamos ser algozes de Lula e não vamos retirá-lo da eleição. Eles querem que tenhamos um Plano B porque o presidente Lula encarna as aspirações de uma nação, por isso ele amedronta tanto a elite brasileira. Para que nós tenhamos futuro, é fundamental a resistência. Ela é a condição da vitória. Se não formos capazes de resistir às adversidades, não construiremos as vitórias”, apontou Dilma.

A poucos mais de 2 meses do primeiro turno das eleições deste ano, o ex-presidente aparece novamente na liderança isolada da disputa. A última pesquisa do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), divulgada no na sexta-feira (13), apontou Lula com 30% das intenções de voto.

Da redação da Agência PT de notícias

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