Em Duque de Caxias, Reduc sofre com Temer e Lava Jato

Número de empregos diretos caiu em 25% e indiretos em 57% em comparação com período de Lula, segundo dados do Sindipetro-Caxias

Divulgação/Petrobras

Refinaria Duque de Caxias (Reduc)

Um dos maiores empreendimentos da Petrobras no país em termos de complexidade e diversidade de produtos derivados do Petróleo, a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), já não é a mesma dos tempos áureos com Lula na presidência.

O número de empregos direitos, que chegou a cerca de 80 mil, já caiu para 60 mil. Já os empregos indiretos tiveram queda vertiginosa, indo de 350 mil para apenas 150 mil trabalhadores. Os dados são do Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias (Sindipetro-Caxias).

A cidade é uma das visitadas pela caravana Lula pelo Brasil, que começou no dia 4 pelo Espírito Santo e segue até a capital fluminense para compreender a realidade dos dois estados especialmente num momento delicado de crise e desmonte por parte de um momento ilegítimo e não reconhecido pela população.

Boa parte dessa redução se deve à política entreguista praticada pelo governo golpista de Michel Temer, que tem acelerado um processo de sucateamento da indústria nacional, tendo como pano de fundo a Operação Lava Jato, que por seu caráter seletivo e persecutório, desestimula investimentos e freia a criação de vagas de trabalho.

É por isso que a chegada de Lula é esperada por trabalhadores que relembram o período no qual o operário era valorizado.

“Entrei na empresa em 2004, na época lembro bem que a indústria naval estava começando a se aquecer, os empregos estavam começando a ser gerados, existia uma preocupação verdadeira com o trabalhador, e lembro do momento do concurso, foram 600 pessoas que entraram comigo, foi marcante porque a geração de empregos estava ali”, relata Samuel Calixto de Moura, técnico de operações da Petrobras.

Para Moura, a retirada da obrigatoriedade das empresas de conteúdo nacional na exploração do pré-sal foi um golpe muito duro nos trabalhadores.

“Se tivesse que fazer um comparativo, eu acredito que o governo anterior a esse que aplicou o golpe tinha a marca de valorizar o trabalhador, o trabalhador tinha valor, e em especial na industria naval, na construção das plataformas.”

“Foi algo que eu vi muito de perto, porque na época que eu entrei, trabalhando embarcado, acompanhei a construção da plataforma aonde eu trabalhei, fiquei quatro anos embarcado, e eu percebia que naqueles estaleiros havia inúmeros trabalhadores”, relata o técnico de operações.

De certa maneira, a política de desmonte não é uma novidade no país. O técnico de operação João Márcio Rocha, que trabalha na Reduc desde 1988, relembra que no período do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), a estrutura da empresa se deteriorava.

“Assim que entrei na refinaria, no final da década de 80, a refinaria já tinha alguns anos de vida e estava caminhando para uma certa deterioração dos seus equipamentos. No período FHC, todos os equipamentos da Reduc foram praticamente sucateados”, relata Rocha, que também é membro do Sindipetro-Caxias.

“A gente tinha muita dificuldade de fazer manutenção decente dos equipamentos, inclusive a nossa produção, em termos de SMS [Segurança, Meio Ambiente e Saúde], tivemos vários acidentes, um deles foi na Baía de Guanabara, quando vazou mais de dois milhões de litros de óleo. Isso foi um prejuízo ambiental muito grande. Esses problemas só foram sanados com os investimentos que vieram a partir de 2003, já com o presidente Lula no poder.”

Segundo Rocha, com Lula, a relação entre a presidência da empresa e a representação sindical melhorou muito, assim como os investimentos.

“Da era Lula para cá, a partir de 2003, tivemos alguns bilhões de reais de investimento, tivemos a construção de algumas unidades novas, que deram maior rentabilidade para os produtos acabados da refinaria, e portanto para a Petrobrás.”

“Nosso relacionamento sindical foi estrondosamente melhor, passamos a ser mais valorizados, passamos a ter mais respeito no nosso relacionamento como sindicato. Já depois de Lula e Dilma, com a troca dos presidente da empresa, voltamos à era FHC, talvez uma situação até pior”, avalia o técnico.

“O FHC, com todas as tentativas, não conseguiu levar a frente seu projeto de privatização. Atualmente com Pedro Parente no poder e essa quadrilha que foi estruturada e instalada e Brasília, chefiada pelo impostor do Michel Temer, a Petrobras está sendo sucateada, fatiada, vendida, entregue, principalmente à Shell, pelo projeto que o José Serra colocou e foi aprovado. Voltamos àquela etapa de antigamente, que o movimento sindical não tem o respeito da gerência e da direção da empresa”, completa.

Reduc é maior complexo da Petrobras no Brasil

O presidente do Sindipetro-Caxias, Luciano Leite Santos, que trabalha na Reduc desde 2006, ainda destaca que com a precarização do trabalho, também aumentou o número de acidentes.

“Está ocorrendo uma diminuição muito drástica de trabalhadores do setor do petróleo, que é importantíssimo, trabalhadores que convivem diretamente com o risco natural do petróleo, do seu processo, e já são 52 acidentes no complexo que o sindicato representa, da Reduc, Terminal de Campos Elíseos e a usina termoelétrica”.

Para Luciano, “desde o momento que ocorreu o golpe e a Lava Jato como pano de fundo, como justificativa para tirar uma presidenta democraticamente eleita, o que a gente vê é um processo empresarial no nosso país, com o intuito de deteriorar e reduzir o sistema nacional industrial, para entregar às multinacionais e às empresas estrangeiras todo o nosso patrimônio”.

Ele ainda aponta outro ataque contra a soberania nacional e a industria do petróleo, que foi a aprovação da Medida Provisória 795, criando uma isenção de aproximadamente R$ 1 trilhão até 2040 às empresas estrangeiras.

“O Sindipetro Caxias, que representa os trabalhadores de Caxias, esta sempre denunciando que o golpe é justamente contra todos nós, o povo brasileiro. Eles vêm com uma justificativa de corrupção, que sempre existiu nesse país, mas justamente para ter a força necessária, junto com grupos empresariais, seis empresas detém 99% da comunicação com desse país, se uniram para deteriorar, diminuir nossa força enquanto trabalhadores e entregar as empresas nacionais à multinacionais.”

Para o presidente do sindicato, a visita de Lula traz esperança aos trabalhadores. “Lula vindo aqui é a lembrança dos tempos de outrora que foram gloriosos, de 2002 a 2010, com emprego pleno, e o Lula traz justamente essa esperança, de que em 2018 ele possa trazer essa vontade popular de melhorar o país e trazer os empregos que tanto precisamos.”

Lula Pelo Brasil

A viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Espírito Santo e ao Rio de Janeiro, que acontece em dezembro, é a terceira etapa do projeto que ainda deve alcançar as demais regiões do Brasil.

Em agosto e setembro, Lula pegou a estrada e percorreu os nove estados nordestinos, visitou inúmeras cidades, ouviu e conversou com o povo. Em outubro, foi a vez do estado de Minas Gerais.

O projeto Lula Pelo Brasil é uma iniciativa do PT com o objetivo de perscrutar a realidade brasileira, no contexto das grandes transformações pelas quais o país passou nos governos do PT e o deliberado desmonte dos programas e políticas públicas de desenvolvimento e inclusão social, que vem sendo operado pelo governo golpista nos últimos dois anos.

Por Pedro Sibahi, da Agência PT de Notícias, enviado especial à caravana Lula pelo Brasil – SE

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