Em entrevista a blogueiros, Dilma defende ajuste fiscal

Segundo ela, o Brasil fez uma política contracíclica muito forte para tentar combater a crise internacional

A presidente Dilma reúne-se com os governadores da região Nordeste (Valter Campanato/Agência Brasil)

Dilma se encontra com governadores do Nordeste

Presidenta recebeu representantes da mídia progressista para entrevista, no Palácio do Planalto

A presidenta Dilma Rousseff concedeu entrevista, na manhã desta terça-feira (14), a blogueiros progressistas na qual tratou temas como a situação econômica no País, defendeu o ajuste fiscal e explicou a política anticíclica que o País desenvolve desde o governo Luiz Inácio Lula da Silva, para enfrentar a crise econômica internacional.

“Fizemos uma política fiscal contracíclica que consistiu em ampliação do crédito via subsídio. A diferença entre a taxa de juros que cobrávamos e a Selic era bastante significativa na área de bens de capital, de modernização de frota, de financiamento de caminhões, de máquinas e equipamentos agrícolas, um nível muito baixo [de juros], de 2,5%”, ressaltou.

Segundo a presidenta, após essa medida, ocorreu a desoneração fiscal, tanto na desoneração de bens de capital como na de investimentos. “Fizemos também a desoneração da cesta básica e na folha de pagamentos. O ajuste fiscal significa que o governo reduziu as medidas contracíclicas, mas não acabou inteiramente com elas, dando uma gradação compatível com o nosso nível de receita”.

Em meio a essa crise, o País passou por um período complicado em termos de hidrologia. Em 2012, 2013 e 2014, o Brasil experimentou uma das piores crises na área, saindo do Nordeste e chegando forte no Sudeste. “Do ponto de vista do sistema elétrico tudo isso significou o seguinte: hoje, temos um sistema hidrotérmico, se ele fosse hídrico, nós teríamos pensado em racionar lá em 2011”, explicou.

A medida tomada pelo governo para passar por essa crise hidrelétrica, foi aumentar o preço de forma gradativa para que os consumidores não sentissem um “imenso impacto”. Não podemos aumentar de força abrupta os preços, o impacto aconteceria nos consumidores e no setor produtivo. Nós o suavizamos e no meio do caminho tínhamos condição de reduzir um pouco o impacto porque estavam vencendo os contratos de concessão e portanto poderíamos diminuir o preço da energia proporcional aos contratos vencidos”, afirmou.

Tributação –  De acordo com a presidenta, o País sofreu uma queda muito grande na arrecadação tributária a partir de setembro de 2014 e isso foi acompanhado por alguns movimentos internacionais que já estavam ocorrendo, como o fato de 2014 ter sido o pior ano da China.

“Como uma grande parte das nossas exportações de commodities, principalmente minerais, são essenciais e vão para a China, nós sofremos o impacto da queda brutal das commodities. E também uma queda na produção da Petrobras, em 2013, que começa a recuperar em 2014”, disse.

Segundo ela, quando o governo percebeu que a meta não seria cumprida, resolveram fazer um ajuste para resolver algumas distorções existentes em programas como o seguro-desemprego, em que o País tinha a menor taxa de desemprego da série histórica e um nível de gasto com seguro-desemprego absolutamente fora de qualquer proporção.

Passaram a olhar também para o abono salarial que começou a funcionar como o 13º salário funciona. Se o funcionário trabalhou dois meses, recebe dois doze avos e não o valor dos 12 meses como acontecia.

Desonerações – A presidenta Dilma aproveitou para explicar o ajuste fiscal que foi feito no início do ano, logo nos primeiros dias de mandato, e as alterações nos subsídios.

“Mudamos os juros, porém, não acabamos com os subsídios em nenhuma das políticas. Apenas ajustamos a taxa que em nenhum caso ficou maior do que 2,5%. Nós também propomos alterações na folha de pagamento, uma política que fizemos para diminuir o custo do trabalho em uma conjuntura internacional na qual a diminuição no custo do trabalho estava se dando pela perda de direitos sociais, desemprego e demissões”, disse.

Para ela, foi essa situação internacional que mostrou para o governo que ele tinha que reduzir os custos dos trabalhos e foi dessa forma que aconteceu. Os impostos foram reduzidos e a desoneração foi feita para alguns setores em que não estava prevista.

“A desoneração aconteceu em um nível muito maior do que somos capazes de suportar. Perdemos com a desoneração, só a da folha de pagamentos, 25 bilhões de reais, e estamos reduzindo isso para 12 bilhões. Vamos continuar perdendo”, afirmou.

Estiveram presentes na coletiva Altamiro Borges, do Centro Barão de Itararé; Cynara Menezes, do Socialista Morena; Luis Nassif, do Jornal GGN; Maria Inês Nassif, da Carta Maior; Paulo Moreira Leite, do Brasil 247, e Renato Rovai, do Blog do Rovai e Revista Fórum.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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