Em Natal, opositores de Mineiro têm relação próxima com golpistas

O golpe veio para precarizar serviços públicos e retirar direitos dos trabalhadores. Na capital potiguar, apenas o candidato petista tem compromisso com o povo

Foto: Sarah Wollermann

Desde quando ainda estava na condição de interino, o presidente usurpador Michel Temer (PMDB) já havia deixado clara a intenção do golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff: privatizar patrimônio nacional, cortar investimentos para as cidades, fragilizar programas sociais e reitrar direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Dito e feito. Os ministros golpistas já anunciaram que pretendem aumentar em até 10 anos a idade mínima para a aposentadoria, defendem a terceirização ilimitada para todas as categorias e jornada diária de trabalho de 12 horas, além de ignorar a legislação trabalhista e forçar os trabalhadores a negociar com os patrões um a um os seus direitos, como férias e 13º salário. Também apresentaram ao Congresso a PEC 241, que congela os investimentos do governo federal e limita os repasses às prefeituras para manter serviços como a educação e a saúde públicas.

E o que isso tem a ver com as eleições municipais? Tudo. As cidades terão de arcar com as consequências sociais dessa agenda de retrocessos, e podem até amenizar a situação, desde que a gestão municipal tenha prioridades diametralmente inversas às do golpe. Não existe candidato que não diga que sua prioridade é a qualidade de vida da população, mas fica difícil acreditar quando observamos alguns de seus aliados.

Carlos Eduardo está com Agripino e Garibaldi

Foto: divulgação

Foto: divulgação

O gabinete do senador Agripino Maia (DEM) foi uma das primeiras paradas do prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), para costurar apoios à sua candidatura de reeleição. Agripino, que foi prefeito biônico de Natal pela ditadurra civil-militar (1964-1985), foi um dos mais ferrenhos defensores do golpe contra Dilma e votou pelo impeachment no Senado.

Mas não para por aí. Carlos Eduardo também apoia e tem o apoio de seus primos, o também senador Garibaldi Alves (PMDB) e o ex-ministro golpista do Turismo, Henrique Alves (PMDB), que perdeu o cargo após ter sido citado em uma delação da Operação Lava Jato.

 

Márcia Maia é a candidata da Lei da Mordaça

Foto: Márlio Forte

Foto: Márlio Forte

Não bastasse ser candidata pelo PSDB de Aécio Neves, que votou unânime em favor do golpe, ocupa ministérios no governo Temer e “inaugurou” a agenda política regressiva após a redemocratização nos governos FHC, Márcia Maia tem um aliado especial a sua candidatura: o deputado federal Rogério Marinho.

Marinho é presidente de honra do PSDB natalense, e autor do projeto conhecido como Lei da Mordaça, que prevê detenção de até um ano aos professores que discutirem temas relacionados a política com alunos em sala de aula. Marinho seria o candidato tucano se não tivesse trazido Márcia para o partido.

 

Kelps é Paulinho, e Paulinho é Cunha

Foto: reprodução

Foto: reprodução

Em suas peças de campanha, o candidato do Solidariedade, Kelps Lima, insiste que uma de suas marcas é a transparência. Mas nunca explicou o fato de seu partido e a central sindical alinhada à legenda, a Força Sindical, terem apoiado o golpe que retira direitos dos trabalhadores.

Principal liderança do SDD, o deputado federal Paulinho da Força depois disse que foi “enganado” por Temer, mas ainda não ofereceu nenhuma justificativa dos motivos pelos quais foi um dos 10 parlamentares que votou pela absolvição do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), no último dia 12.

 

Fernando Mineiro defende os direitos dos trabalhadores

Foto: Sarah Wollermann

Foto: Sarah Wollermann

Apenas uma candidatura em Natal tem se posicionado de maneira firme contra o golpe e a retirada de direitos dos trabalhadores: a de Fernando Mineiro, do PT. Em debate organizado pelos sindicato dos servidores da Saúde, Mineiro até convidou as demais candidaturas a fazer o mesmo: “quero fazer um chamamento a cada um e cada uma que está aqui. Temos pouco mais de 20 dias até as eleições e ainda há frieza na sociedade sobre a importância de eleger o gestor da cidade nos próximos quatro anos. As cidades serão as principais vítimas do que está se consolidando. Não se trata de defender só a democracia, que já seria motivo suficiente, mas a limitação de orçamento proposta pelo golpe prejudica as conquistas da Constituição de 1988”, disse.

A candidata a vice-prefeita de Mineiro, Carla Tatiane, ressalta que em um cenário de sangria de direitos, uma gestão municipal preocupada com as pessoas deve ter um programa político inverso ao do golpe. “As candidaturas de esquerda têm o papel de denunciar medidas como a flexibilização de direitos trabalhistas, a reforma da previdência e a PEC 241, que muda a Constituição para simplesmente interromper todo o investimento federal em saúde, educação e nas áreas sociais. Então temos de colocar como agenda para o município uma agenda inversa à que está posta nacionalmente. Essa é uma forma de resistência. Se ele vão cortar os programas sociais, eu e Mineiro queremos fazer o contrário”, afirmou, em entrevista à Agência PT.

A grande aliada de Minero em Brasília é a senadora Fátima Bezerra, que resistiu até o último segundo no Senado, e denuncia a agenda regressiva do golpe. “A agenda política do golpe é uma bomba atômica sobre os direitos e conquistas dos trabalhadores brasileiros, e isso gera reação. Essa agenda regressiva de direitos tem de ser colada na testa dos candidatos que apoiaram publicamente o golpe”, disse, à Agência PT.

Foto: Sarah Wollermann

Foto: Sarah Wollermann

Por Diego Sartorato, da Agência PT de Notícias

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