Brics querem atenuar influência do FMI e Bird

Países pretendem criar banco de fomento ao desenvolvimento dos países emergentes

A capital do Ceará, Fortaleza, amanheceu esta segunda-feira pós Copa do Mundo sob intenso esquema de segurança para receber chefes de estado de cinco países (Rússia, Índia, China e Áfica do Sul), além da própria presidenta Dilma Rousseff, que realizam a VI cúpula dos Brics.

A sigla Brics identifica o bloco de países emergentes que se uniram em torno do objetivo de edificar um novo modelo internacional de arquitetura sócio-econômica, em que FMI (Fundo Monetário Internacional) e Bird (Banco Mundial) tenham menor poder de influência e cumpram melhor o seu papel de organismos multilaterais.

No total, mais de 7,5 mil agentes de segurança, de órgãos diversos como Força Nacional, Polícia Federal, militar e civil, garantem a realização do encontro. São esperadas mais de quatro mil pessoas para o encontro, sendo 1,2 mil jornalistas. Para o Ceará, o evento consolida o estado nordestino como pólo de atração de grandes eventos e de turismo qualificado.

Dilma , o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o primeiro ministro da Índia, Narendra Damodardas Modi; o presidente da China, Xi Jinping ; e o presidente da África do Sul,Jacob Zuma, ficam em Fortaleza também nesta terça-feira (15), de onde seguem para Brasília para o derradeiro dia do encontro, na quarta-feira.

Os líderes devem assinar, durante o encontro, um acordo histórico para criação de uma espécie de banco de desenvolvimento e o fundo de reserva, que funcionarão como agentes anti-crise. Inicialmente, o capital do banco deverá ser de U$ 50 bilhões, sendo que cada país entrará com US$ 10 bilhões, sendo U$ 8 bilhões em garantias/títulos e os outros U$ 2 bilhões em espécie.

O funcionamento do banco está previsto, no entanto, para acontecer dentro de pelo menos dois anos (2016), após ratificação formal dos seus países. O montante desses recursos será dividido igualmente pelos seis signatários para que a instituição tenha absoluto equilíbrio de forças entre seus membros.

Nos bastidores do encontro especulam que a presidência do banco será rotativa e que o Brasil pleiteia o direito de indicar o seu primeiro presidente, com mandato de cinco anos. Também foi divulgado informalmente que a cidade de Xangai acolherá a sede do banco e que o país escolhido para sediá-lo será o último da sequência para indicação da presidência. O banco focará sua atuação mais em projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável.

HOMENS DE FINANÇAS – A programação inicial desta tarde em Fortaleza reúne, basicamente, os homens responsáveis pelas finanças dos seis países, de um lado, e empresários, como os da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de outro. Os chefes de estado farão o encontro mais importante, no segundo dia da cúpula.

A reunião de presidentes de bancos centrais e ministros da Fazenda busca dar termos finais ao acordo para criação do banco e do fundo, que recebeu o pomposo nome de Acordo de Contingente de Reservas. Pela manhã, ainda em Brasília, a presidenta falou sobre suas expectativas. Mas não houve, ao contrário do se esperava, qualquer coletiva de imprensa sobre a reunião, até o fechamento dessa edição.

Mas, pela manhã, quem deu o tom foi a presidenta, ainda em Brasília. “Defendemos o crescimento (da cooperação bilateral) e dar prioridade aos nossos povos”, disse Dilma à imprensa, após reunião de duas horas com o presidente Putin. “O mesmo ocorre em relação em todas as situações internacionais, em especial nas econômicas, como única maneira de tornar, por exemplo, o FMI um mecanismo realmente multilateral”, concluiu a presidente.

 

Por Márcio Morais, enviado especial da Agência PT de Notícias

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