EUA e Cuba restabelecem relações diplomáticas

Papa Francisco ajudou na aproximação. Obama se comprometeu a derrubar o embargo comercial à ilha socialista

U.S. President Barack Obama (L) greets Cuban President Raul Castro (C) before giving his speech, as Brazil's President Dilma Rousseff looks on, at the memorial service for late South African President Nelson Mandela at the First National Bank soccer stadium, also known Soccer City, in Johannesburg December 10, 2013. Obama shook the hand of Castro at a memorial for Mandela on Tuesday, a rare gesture between the leaders of two nations at loggerheads for more than half a century. REUTERS/Kai Pfaffenbach (SOUTH AFRICA - Tags: POLITICS OBITUARY TPX IMAGES OF THE DAY)

Obama e Francisco: papa foi fundamental nas negociações entre EUA e Cuba

Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, anunciaram, nesta quarta-feira (17), o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. Além disso, Obama prometeu intermediar, junto ao congresso americano, a derrubada do embargo econômico à ilha cubana. O anúncio aconteceu após 53 anos de ruptura entre os países.

Para Obama, o longo período de isolamento mantido pelos Estados Unidos mostra que a atitude não funcionou. “Os cubanos têm um ditado: ‘No és facil’, ou ‘não é fácil’, mas hoje os Estados Unidos querem ser um parceiro no sentido de tornar a vida dos cubanos comuns um pouco mais fácil, mais livre, mais próspera”, declarou o presidente americano.

Em pronunciamento aos cubanos, Raúl Castro comemorou a decisão e defendeu o fim do embargo econômico a Cuba. “O embargo continua por enquanto, causando prejuízos enormes ao nosso povo. Isso precisa acabar”, disse.

Com o restabelecimento das relações diplomáticas, serão facilitadas as viagens de americanos a Cuba. Também houve autorização de vendas e exportações de bens e serviços dos EUA para a ilha, além da liberação para importação de bens de até US$ 400 de Cuba.

A decisão também vai interferir no acesso dos cubanos à telecomunicação e internet, pois haverá esforço conjunto para melhorar este serviço.

A distensão entre os dois países foi possível porque Cuba libertou o prisioneiro americano Alan Gross. Em troca, três agentes de inteligência cubanos, presos nos EUA, puderam voltar à ilha. Gross passou cinco anos preso em Cuba, acusado de espionagem.

A decisão, divulgada no dia do aniversário de 78 anos do papa Francisco, contou com apoio do pontífice e também do Vaticano. Segundo Obama, o papa pressionou pela liberação de Gross. No pronunciamento, Castro agradeceu pelo apoio do Pontífice.

Em comunicado divulgado após o anúncio, o Vaticano informou que o Papa Francisco ficou “fortemente satisfeito pela histórica decisão”. Segundo a Santa Sé, o pontífice escreveu a Barack Obama e Raúl Castro nos últimos meses e os convidou a dar início a uma nova fase de relações.

“A Santa Sé continuará apoiando as iniciativas que as duas nações empreenderão para crescer nas relações bilaterais e favorecer o bem-estar de seus respectivos cidadãos”, disse o Vaticano, em nota.

Bloqueio – Estados Unidos e Cuba não se relacionavam desde 1962. O embargo econômico é renovado anualmente pela Lei de Comércio com o Inimigo e, a partir de 1963, também pela Regulação de Controle dos Bens Cubanos.

O embargo tem impedido trocas comerciais entre os dois países. Com uma lei de 1992 e outra de 1996, os EUA proíbem, por exemplo, envio de alimentos à ilha caribenha e torna possível a punição judicial a empresas nacional e estrangeiras que tenham relações financeiras com Cuba.

Além disso, os americanos precisavam de licença de viagens para ir a Cuba. O governo de Barack Obama, no entanto, havia reduzido as restrições, em 2009, para programas acadêmicos, religiosos ou culturais.

Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias

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