Gleide: Gênero feminino será mais prejudicado pelas reformas de Temer

Para a vice-presidenta do PT, caso houvesse mais mulheres no Congresso, o desmonte da Previdência não passaria

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Gleide Andrade

Primeiro partido a adotar a paridade de gênero na composição das direções nacional, estaduais e municipais, o Partido dos Trabalhadores tem uma política de valorização permanente da mulher nos espaços de poder desde a sua origem, avalia a vice-presidenta do PT, Gleide Andrade.

Em entrevista à Agência PT de Notícias, Gleide falou da importância de aumentar a participação feminina na política, da luta diária das mulheres por mais direitos e do papel delas dentro do PT.

“Nós tivemos grandes mulheres dirigentes na história do PT.  A relação no PT é muito democrática entre homens e mulheres. O peso de uma mulher equivale ao peso de um homem. Isso é fundamental para qualquer sociedade que busca efetivamente acabar com qualquer tipo de preconceito ou de submissão do papel da mulher”, conta.

E faz questão de registrar: “nós adotamos a paridade antes das centrais sindicais”.

A paridade dentro do PT, acrescenta Gleide, não significa apenas que as mulheres estão em 50% dos cargos de direção do partido. Significa que estão em cargos de direção e com poder.

“Às vezes as mulheres estão nas instâncias de poder, mas com papel secundário. No caso do PT não. Nós estamos nas instâncias de poder “com” poder. No PT nada é decidido de maneira monocrática, tudo é decidido junto, entre homens e mulheres”, garante.

Mulheres participantes do plenário no 1º Congresso do PT, em São Bernardo dos Campos

A petista ressalta que o partido defende e luta por uma sociedade em que homens e mulheres andem lado a lado.

“Nós defendemos isso porque buscamos uma sociedade em que mulheres e homens tenham respeito semelhante. Para o PT, não existe essa teoria que ‘por trás de um grande homem há uma grande mulher’. Não tem nada disso. Todo mundo é grande: homens, mulheres, negros, gays, lésbicas. São grandes lado a lado e não um na frente do outro”.

Baixa participação

Gleide, que teve intensa militância pela reforma política, inclusive sendo a coordenadora nacional da Campanha pela Reforma Política promovida pelo PT, lamenta a ainda baixa participação das mulheres no parlamento.

Em média, as mulheres não ocupam sequer 10% das casas legislativas de todo País. Na Câmara Federal, são pouco mais de 10%, mesmo sendo mais de 51% da população brasileira.

Ela acredita que, caso houvesse mais mulheres no Congresso Nacional atualmente, “dificilmente essa proposta da reforma da Previdência, que tira os direitos de todos os trabalhadores, mas tira fundamentalmente da mulher, passaria”.

“O gênero feminino será o mais prejudicado pela reforma da Previdência do governo Temer”.

Para Gleide, enquanto as mulheres e a população em geral não compreenderem a importância e o papel da presença feminina nos órgãos de poder, “não vamos conseguir fazer essa reforma política da maneira que  precisamos”.

“Se a mulher serve para cuidar do filho, da casa, para cuidar do orçamento domestico, para estar no mercado de trabalho, então por que elas também não podem estar nos órgãos de decisão?”, questiona.

Mesmo constatando que cada dia mais mulheres estão tomando consciência de sua importância na sociedade, a vice-presidenta do PT acredita que ainda há um longo caminho a percorrer.

“Nós não podemos aceitar mais viver em um País aonde homens e mulheres ocupam o mesmo cargo, e as mulheres ganham menos. Em que mulheres negras ocupam o mesmo cargo que mulheres brancas e ganham menos”.

Por isso, para ela, a luta é todo dia. “O 8 de março tem um simbolismo muito importante, mas a luta das mulheres tem que ser permanente, diária, latente, constante”.

Dia 8 de Março na Praça da Sé, em São Paulo

“É importante que as mulheres tenham consciência do espaço que elas precisam ocupar na sociedade para que possam ter cada vez mais os seus direitos garantidos. Mais mulheres precisam tomar consciência do poder que elas têm e da necessidade que temos de ter mais mulheres nos espaços de representação.

Processo pedagógico

A formação política torna-se ainda mais imprescindível, segundo Gleide, porque o machismo em nossa sociedade está, muitas vezes, tão arraigado que passa despercebido. Para ela, romper com a prática machista não é fácil e leva tempo, um processo lento, pedagógico.

Na sua opinião, as pautas das mulheres precisam ser discutidas dentro dos sindicatos, das igrejas, dos partidos, das universidades. Por isso, ressalta a petista, os movimentos feministas são tão importantes, porque cumprem esse papel de formação e de discutir as pautas específicas das mulheres.

A formação é tarefa que o Partido dos Trabalhadores vem cumprindo, na avaliação da dirigente.

“A nossa Secretaria Nacional de Mulheres, eu ousaria dizer, é uma das secretarias que mais funciona dentro do PT. Cumpre um papel de formação política, não só para dentro do PT, mas também para a sociedade em geral”.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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