Gleisi convida Aloysio Nunes a descer do palanque

Em réplica, a senadora afirmou que os reajustes foram feitos com base em acertos contratuais e foram minorados pelo governo

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Gleisi a Aloysio: “Quer que suspendamos reajustes refeitos por bases contratuais?”

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) rebateu nesta segunda-feira (10), em discurso na tribuna, afirmações agressivas do senador e líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), de que a presidenta Dilma cometeu um estelionato na campanha ao fazer promessas que não irá cumprir. Mas o que disse Aloysio? Embora o senador tenha garantido que já desceu do palanque, afirmou que nada do que ela (Dilma) disse durante a campanha fazia supor que tomaria essas medidas logo depois da sua confirmação, do seu segundo mandato: aumento de juros, corte nos gastos, tarifas públicas elevadas e aumento da gasolina. “Tudo aquilo que ela disse que nós iríamos fazer se ganhássemos as eleições”. Primeiro, Gleisi observou que a expressão usada por Aloysio não cabe à presidenta e, segundo, que não está vendo qualquer tarifaço no horizonte.

A senadora petista que já foi Chefe da Casa Civil explicou em aparte concedido a Aloysio, que já foi Secretário-Geral da Presidência da República no governo de Fernando Henrique Cardoso, que o reajuste das tarifas de energia elétrica está seguindo cláusulas dos contratos que são defendidos tanto pelo PT quanto pelo PSDB, ou seja, há respeito aos contratos. “Por acaso quer que nós suspendamos os reajustes que estão sendo refeitos por bases contratuais? Aí nós temos que discutir, então, a segurança jurídica do País”, indagou.

Enquanto Aloysio insistia em chamar de estelionato, Gleisi recordou que não é verdade o que a oposição fala sobre os reajustes das tarifas de energia elétrica. “É importante saber que o reajuste da energia foi minorado e está sendo minorado por que o governo está ajudando no despacho (de energia) das térmicas e também por razão de que o estado de vossa excelência representa aqui, o meu (Paraná) e o de Minas Gerais não quiseram aderir à medida provisória que fez com que os preços da energia baixassem 20% a partir de 2012”, ponderou.

Logo após Gleisi recordar esse fato verdadeiro – São Paulo, Paraná e Minas Gerais, governados por tucanos, foram contrários à MP 599 que garantiu redução nos preços da conta de luz de 16% a 28% -, Aloysio não se conteve e retrucou: “já recuperou tudo, já subiu tudo outra vez (as tarifas de energia). É que se está acumulando aí um passivo na área de energia gigantesco e que vai ser coberto de alguma maneira. Não sei como a presidenta vai fazer”.

Mais uma vez, Gleisi teve de colocar os pingos nos is: “a medida provisória foi votada mas os estados poderiam aderir ou não. O estado de vossa excelência não aderiu e se não fossem tomadas as medidas que baixaram 20% o preço da energia, a situação hoje estaria pior”. A senadora lembrou que até mesmo as taxas de juros sofreram elevação entre 2012, em 2013 e neste ano. “Não vejo base para vossa excelência vir aqui acusar a presidenta de mentirosa ou dizer que é uma estelionatária política. Acho que são palavras fortes que não condizem com a realidade”, falou.

Não satisfeito, Aloysio continuou com a cantilena de dizer que quando alguém oculta a realidade, distorce a realidade em relação a seus adversários, em relação aos seus propósitos, a pessoa mente.

Neste momento, Gleisi foi categórica ao dizer que não concorda com a visão e as palavras do líder do PSDB. “Não concordo que a presidenta praticou um estelionato. Estou dizendo que o aumento da gasolina não é o primeiro em seu governo e que está cumprindo contratos em relação à energia que está mais barata agora. Estamos num momento de unir forças, para garantir condições econômicas do País, por isso usei o sentido figurado da descida do palanque”, disse ela, acrescentando que os parlamentares não vão ajudar a resolver a seca ou a produção de água em São Paulo, que a presidenta Dilma está ajudando o governador Geraldo Alckmin, ao dizer que o governador mentiu durante a campanha garantindo aos paulistas que não teria racionamento de água.

Aloysio não se conteve e disse que foi uma infâmia dizer que a seca não atinge apenas o estado. “Essa história de que faltou planejamento em São Paulo foi mais uma das enganações da presidenta durante a campanha”, acusou.

Seca – Mas o senador, outra vez, teve de ouvir Gleisi: “desculpe, mas não foi isso, foi falta de planejamento sim, porque onde tivemos problema recorrente de seca foi no Nordeste e lá conseguimos enfrentar o problema porque tivemos planejamento. São Paulo, o senhor vai me desculpar, é o estado mais rico desta federação, com as melhores condições para fazer, com técnicos, com riqueza, com arrecadação, mas não fez planejamento. Então, a presidenta vai ajudar o estado de São Paulo agora, como já ajudou antes, mas tivemos na campanha o governador Geraldo Alckmin dizendo que não ia ter problema, não ia ter racionamento e nós tivemos”, salientou.

É bom lembrar que nesta terça-feira (10) a presidenta Dilma recebeu o governador Geraldo Alckmin justamente para acertar um apoio do Governo Federal a São Paulo. Os bancos públicos vão emprestar R$ 18,7 bilhões para ajudar o estado mais rico da federação enfrentar a falta de água potável.

Gleisi encerrou seu discurso fazendo um apelo para que os parlamentares, após as eleições, se unam para que sejam votados projetos que contribuam para o crescimento econômico do Brasil, que contribuam para melhorar a distribuição de renda e garantam a empregabilidade.

De Marcello Antunes, do PT no Senado

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