Gleisi Hoffmann: Deixem passar as pessoas!

Nessa semana, o mundo assistiu a cenas tristes, cuja origem está no preconceito e na intolerância. Porque é muito triste que uma criança tenha morrido para que o mundo acorde…

Nessa semana, o mundo assistiu a cenas tristes, cuja origem está no preconceito e na intolerância. Porque é muito triste que uma criança tenha morrido para que o mundo acorde para o problema da migração.

Vivemos tempos contraditórios. As ideias de livre comércio são amplamente vitoriosas no mundo todo. As fronteiras se abrem cada vez mais para que passem os produtos e mercadorias que são trocados em escala mundial.

Ao mesmo tempo, cada vez mais barreiras se erguem para dificultar ou impedir a passagem das pessoas, mesmo em situações extremas, como agora, para fugir de guerras, da fome e da falta de condições dignas para a vida. Assim, o limite que nos separa da barbárie é tênue e perigoso, colocando em risco a vida, a liberdade e a diversidade. Não podemos nos deixar guiar pelo ódio.

E não é preciso ir muito longe para observar isso. Ao lado de cada um de nós, há um amigo ou conhecido que tem preconceito com pobres, ou outro que xinga mulheres, ou ainda há quem não goste de negros, quem abuse dos mais fracos, ou que julgue alguém por antecipação. E é este tipo de pensamento que está causando a morte de sírios e doutras etnias. Um pensamento de quem olha para essas pessoas em busca de uma vida melhor, longe da guerra, e tem a capacidade de dizer que eles vêm para roubar empregos, dinheiro, espaço.

Felizmente, há esperança. De acordo com matérias divulgadas nesta semana, o Brasil já concede mais vistos para refugiados sírios do que países europeus. São milhares de sírios que chegaram legalmente ao nosso país desde 2011, sem falar de outras etnias vítimas de conflitos e que encontraram no Brasil um refúgio, como Haiti, Angola e República do Congo.

Em Curitiba, os haitianos já se tornaram parte da nossa população. Muitos dos refugiados sírios rejeitados pelos Estados Unidos também estão em Curitiba – uma cidade que, em sua origem, foi formada por imigrantes, cujos antepassados já passaram por situações semelhantes.

É importante que olhemos para esta tragédia e possamos aprender com ela. Precisamos ter mais sensibilidade com o próximo e não nos abster de ajudar quando alguém precisa. Precisamos parar de julgar os outros e ter mais compaixão. O que o Papa Francisco propõe é um bom exemplo, sugerindo que cada Igreja abra suas portas para receber as famílias de refugiados.

Como diz ele: “O Evangelho pede que sejamos vizinhos aos menores e mais abandonados, que entreguemos a eles esperança concreta. Não é suficiente dizer: Tenha coragem”.

O pré-conceito não nos levará a lugar algum, apenas a dor e sofrimento. Sejamos protagonistas do acolhimento, da bondade, da tolerância e da paz. O momento é mais que propício para todos melhorarmos!

Gleisi Hoffmann é senadora pelo PT-PR. Foi ministra-chefe da Casa Civil e diretora financeira da Itaipu Binacional.

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