Golpe ameaça o SUS, criticam militantes pela saúde pública

Profissionais da saúde realizaram ato no auditório da Faculdade de Saúde Pública da USP e cobraram respeito às regras democráticas

São Paulo 06/04/2016 Saúde em Defesa da Democracia , na Faculdade de Saúde Pública USP .Foto Paulo PInto/Agencia PT

Impeachment sem crime é golpe não somente contra o governo da presidenta Dilma Rousseff. É também um golpe contra as políticas públicas e contra o Sistema Único de Saúde (SUS), denunciaram profissionais da saúde pública durante ato realizado nesta quarta-feira (6) em São Paulo. Mais de 500 pessoas – a maior parte estudantes e profissionais da saúde – reuniram-se no auditório da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) para defender a democracia e discutir sua importância para garantir acesso à saúde.

A abertura e condução do ato foi feita pelo ator e dramaturgo Sérgio Mamberti: “É por isto que estamos protestando, estamos preocupados com o destino do nosso país. Não queremos que se repita o que aconteceu em 64. Estávamos desprevinidos. Desta vez, não estamos despreparados e não vamos permitir que isto aconteça”. Mamberti também participou da manifestação no Teatro Oficina contra o golpe, que aconteceu na segunda-feira (4) em São Paulo, e garantiu que estará presente no Rio de Janeiro no dia 11 de abril.

Sérgio Mamberti: Não vai ter golpe (Foto Paulo PInto/Agencia PT)

Sérgio Mamberti: Não vai ter golpe (Foto Paulo PInto/Agencia PT)

O ato começou por volta das 19h, com a intervenção da bateria do Levante Popular da Juventude, convidando os participantes a cantar: “Povo tá na rua, pela democracia. Queremos direito, pela democracia. Somos contra o golpe, pela democracia. Contra a corrupção, nossa luta é todo dia”.

Levante Popular da Juventude: A juventude não vai deixar o golpe acontecer (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

Levante Popular da Juventude: A juventude não vai deixar o golpe acontecer (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

Em seguida, Mamberti anunciou e leu o manifesto “Saúde em defesa da democracia”, elaborado pelos militantes. “Aqueles que não obtiveram aprovação nas urnas e que se associam aos interesses de empresários e financistas inescrupulosos, setores do judiciário e da mídia, mancomunados para produzir atalhos que poderão escrever, se tiverem êxitos, uma história de trevas e atraso para o nosso país.
Nós, que prezamos e lutamos pela democracia, não podemos aceitar essa afronta ao Estado Democrático de Direito”, diz o texto.

Profissionais da saúde contra o golpe lotam auditório da USP (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

Profissionais da saúde contra o golpe lotam auditório da USP (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

Fizeram intervenções representantes de alguns dos movimentos como o da luta antimanicomial, por exemplo. Os participantes reforçaram a importância de firmar um compromisso para que o passado de autoritarismo que afetou universidades públicas brasileiras, como a USP, não se repita. Repudiaram ainda atitudes violentas contra militantes petistas ou independentes que se recusam a apoiar o impedimento da presidenta Dilma. Como o auditório ficou lotado – estavam ocupadas todas as cadeiras e os corredores – foi instalado um telão do lado de fora para que outras pessoas pudessem acompanhar.

Confira abaixo o que disseram outros participantes do ato à Agência PT de Notícias:

Ex-ministros da Saúde Arthur Chioro e Alexandre Padilha participaram do ato (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

Ex-ministros da Saúde Arthur Chioro e Alexandre Padilha participaram do ato (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

“Saúde é a luta pela cidadania, por direitos sociais, por democracia. Impossível garantir à população acesso à saúde e qualidade de vida fora do Estado democrático de direito. Portanto: não vai ter golpe. Não podemos permitir retrocessos, permitir que políticas públicas como o SUS, que foram conquistadas a duras penas. Não vamos abrir mão da conquista que é eleger presidente por voto direto. Os golpistas não vão passar. Nós vamos resistir” – ex-ministro da Saúde Arthur Chioro.

“Setores democráticos, lideranças, partidos se levantaram em defesa da democracia. Agora, pegou fogo. Hoje eu posso dizer com muita convicção: a democracia vai sobreviver e vamos dar prosseguimento às conquitas sociais” – médico e vereador Jamil Murad (PCdoB).

“Sem democracia não existe Sistema Único de Saúde. Isto está explícito em diversos textos, cartas publicadas por quem busca o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O SUS é uma das maiores políticas sociais, uma das maiores conquistas civilizatórias da história do nosso país. A gente não tem a menor dúvida: quem defende um sistema de saúde garantido pelo Estado para todo brasileira e todo brasileiro precisa estar com a gente contra o impeachment” – médico sanitarista e vereador de Campinas, Pedro Tourinho (PT).

Estudantes apoiaram manifestação de profissionais da saúde pela democracia (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

Estudantes apoiaram manifestação de profissionais da saúde pela democracia (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

“Estamos aqui hoje muito animados para construir um ato em defesa da democracia e contra o golpe, que está sendo orquestrado pelas elites deste país. Entendemos que o SUS só foi possível pela luta democrática de gerações e gerações, que conseguiram fazer o direito à saúde se tornar uma prática. Sabemos que se este golpe se concretizar, será também um golpe contra o SUS” – médico do SUS e membro da Rede Médicas e Médicos Populares Thiago Henrique.

Estudantes ajudam na preparação do ato (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

Estudantes ajudam na preparação do ato (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

“Só é possível ter acesso à saúde de qualidade o país que consegue fortalecer políticas públicas em democracias. O SUS só poderá garantir o que se propõe em uma democracia plena. Um impeachment sem nenhum crime comprovado é golpe” – psicóloga e sanistarista Lumena Almeida Castro Furtado.

“A gente entende que sem saúde, não há democracia, e sem democracia não há saúde. Entendemos que, quando há avanço do fascismo e do Estado policial, perda de direitos, as situações minorizadas perdem mais, perdem seus direitos. Queremos barrar esta ofensiva” – psicóloga, mestre em saúde pública pela USP e militante do Levante Popular da Juventude Paula Silveira.

Por Daniella Cambaúva, da Agência PT de Notícias

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