Golpe aumenta a importância da vitória de Luizianne, diz vereador

Deodato Ramalho, líder do PT na Câmara de Fortaleza, explica que concorrentes apoiam o golpe e é preciso ir na contramão do que vai acontecer em nível federal

(foto: divulgação)

A cidade de Fortaleza (CE) pode escolher nas eleições municipais de 2016 uma visão mais humana para a prefeitura da cidade ou uma do capital. Essa é a análise do líder do PT na Câmara dos Vereadores, Deodato Ramalho (PT-CE), que apoia a candidatura petista de Luizianne Lins.

Segundo o vereador, o candidato a reeleição Roberto Cláudio (PDT) “privilegia uma uma roupagem fantasiosa, como se a prefeitura em Fortaleza fosse feita apenas para as áreas ricas da cidade”.

De acordo com ele, o golpe contra Dilma Rousseff aumenta ainda mais a importância de Luizianne ocupar a prefeitura de Fortaleza. “É preciso ter uma prefeitura que enfrente e vá na contramão do que vai acontecer no nível federal”.

Deodato está em seu primeiro mandato como vereador. Sua experiência na política e social, porém, é longa. O advogado é filiado ao PT desde 1987, foi vice-presidente da OAB-CE e presidente da Comissão de Direitos Humanos da instituição. Também atuou como Procurador Geral do Município e secretário de Meio Ambiente e Controle Urbano no segundo mandato de Luizianne.

Nesses quatro anos na Câmara, afirma ter sofrido com o fisiologismo dos vereadores a favor do atual prefeito. “Ele é completamente blindado na Câmara”, afirma.

Confiante e cheio de entusiasmo para defender o legado de Luizianne na prefeitura (a petista comandou a cidade entre 2005 e 2012), Deodato já sente o desejo da população – sobretudo da periferia – da volta da “Lôra”, como a candidata é conhecida.

“Há um apelo muito forte para a Luizianne voltar. Nós estamos muito animados. Temos um grande diferencial para apresentar à população de Fortaleza”.

Leia a entrevista completa:

Como o golpe contra Dilma Rousseff pode interferir na política municipal de Fortaleza?
Não só em Fortaleza. Todas as prefeituras pelo País vão sofrer. O golpe tem uma matriz neoliberal que trará de volta as políticas mais reacionárias e antissociais. Os primeiros cortes (do governo golpista) serão feitos justamente em programas sociais. O golpe aumenta a importância da eleição de Luizianne em Fortaleza. É preciso ter uma prefeitura que enfrente e vá na contramão do que vai acontecer no nível federal. Porém, temos a esperança de que vai ser um período curto. Em 2018 derrotaremos esse golpe nas urnas.

(foto: divulgação)

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Qual é a visão dos concorrentes de Luizianne em relação ao golpe?
Em Fortaleza, todas as chapas relevantes que concorrem conosco estão comprometidas com o golpe. Mesmo a do Roberto Cláudio. Ele é do PDT, um partido que está contra o golpe. Mas seu vice é do DEM e é um aguerrido defensor do impeachment. Roberto Cláudio só se mostra contra o golpe por interesses circunstanciais, para ficar ao lado do seu partido de agora. Roberto Cláudio é novo na política. Ele foi eleito deputado duas vezes e, depois, prefeito. Já está no quarto ou quinto partido. Ele não têm coerência partidária, princípios ideológicos. Ele se molda rapidamente a qualquer situação.

Qual é a importância da volta de Luizianne à prefeitura de Fortaleza?
Uma das questões mais importantes é volta das políticas do PT como interesse para a maioria da população. Um governo tem que ser bom para as pessoas, especialmente as mais humildes. Quase 90% da população de Fortaleza depende dos serviços públicos em todos os setores, especialmente na educação e na saúde. A prioridade de governar com um olhar mais amoroso e de solidariedades social e humana.

A população percebe, ao fazer o comparativo, essa distinção profunda de como encarar uma gestão publica. Há um apelo muito forte para a Luizianne voltar. Nós estamos muito animados. Temos um grande diferencial para apresentar à população de Fortaleza.

Nas gestões de Luizianne, nós avançamos na universalização dos atendimento à saúde e da educação. Luizianne trabalhou muito forte na ampliação das creches. Na questão ambiental, que eu atuei mais de perto como secretário, nós tivemos uma prefeitura que não ficou subordinada e subjugada aos interesses do mercado imobiliário. Ainda que respeitando a realidade do mercado, nós deixamos muito claro: não iríamos sacrificar a construção de uma cidade saudável a todos para atender uma lógica mercantilista.

Luizianne e Deodato (foto: divulgação)

Luizianne e Deodato (foto: divulgação)

A população percebe, ao fazer o comparativo, essa distinção profunda de como encarar uma gestão publica. Há um apelo muito forte para a Luizianne voltar. Nós estamos muito animados. Temos um grande diferencial para apresentar à população de Fortaleza.

O prefeito atual se preocupa mais com as ideias do mercado?
Totalmente. A população percebe claramente que o prefeito representa uma gestão tradicional, dos partidos conservadores. É uma gestão do cimento. Esta eleição vai ser, como nunca em Fortaleza, muito balizada no debate entre uma cidade humana, voltada para os interesses da maioria da população, e uma cidade do capital, que privilegia uma roupagem fantasiosa. Como sea prefeitura de Fortaleza fosse feita apenas para as áreas ricas da cidade.

Há até ações positivas do atual prefeito na mobilidade urbana em Fortaleza. Frutos, porém, de projetos elaborados ou até iniciados na gestão de Luizianne. Houve ações também do Governo Federal, na preparação para a Copa do Mundo de 2014. Luizianne, porém, fez as ações mais significativas, privilegiando os setores mais vulneráveis da cidade, como as transformações na orla marítima.

Há muitos candidatos que criticam a gestão de Roberto Cláudio na saúde também, não?
O ponto mais frágil do prefeito é a questão da saúde. Não só por conta da dificuldade nacional. Dizem que a saúde é um problema nacional, que em todo canto tem problemas. É uma verdade em parte. O problema do atual prefeito é ter desconstruído um sistema de atendimento básico de saúde. Ele privilegiou o atendimento secundário por meio de um sistema de atendimento direto na unidade de saúde. Assim, esvaziou o Programa de Saúde da Família e o Nasf (Núcleo de Apoio ao Saúde da Família).

Ele se apresenta como um grande construtor. Tanto que uma de suas propagandas maiores está baseada e ter construído muitas unidades e postos de saúde. Porém, ele construiu, reformou, ampliou, mas o atendimento mesmo à população tem sido um desastre.

O candidato a vice de Luizianne Lins, Elmano de Freitas, é também do PT. É um diferencial?
É um diferencial pioneiro na história contemporânea de Fortaleza. Se vencermos, teremos construído uma campanha e uma vitória muito claramente identificada com o programa do PT. Nas últimas décadas, todos os prefeitos tiveram problemas com seus vices, inclusive Luizianne, por falta de identidade programática e ideológica entre o prefeito e o vice. Nós estamos dando a oportunidade a Fortaleza de ter, de fato, uma prefeita e seu vice com relação pessoal sólida e, principalmente, profunda identidade ideológica e política.

Elmano e Luizianne (foto: divulgação)

Elmano e Luizianne (foto: divulgação)

O sr. foi secretário de Meio Ambiente. Como vê a gestão de Roberto Cláudio no tema?
Ele é um fracasso fenomenal na área ambiental. Entregou completamente a cidade aos interesses do capital imobiliário. A secretaria de Meio Ambiente hoje é, na verdade, uma antessala do capital imobiliário da cidade.

Roberto Cláudio comanda a Câmara dos Vereadores completamente. Logo, aprovou uma lei que definiu as áreas de construção de pequeno, médio, grande e excepcional porte. Sabe qual é o tamanho autorizado para construções de pequeno porte? Até 15 mil metros quadrados. Uma construção que ocupa um quarteirão e meio é considerada uma obra de pequeno porte. É a flexibilização do licenciamento ambiental causado por ele.

Ele é um fracasso fenomenal na área ambiental. Entregou completamente a cidade aos interesses do capital imobiliário. A secretaria de Meio Ambiente hoje é, na verdade, uma antessala do capital imobiliário da cidade.

Quando fui secretário de Meio Ambiente, houve dois marcos na gestão ambiental de Fortaleza: os enfrentamentos à poluição sonora e à poluição visual. Como vereador, apresentei o projeto de cidade limpa, que foi aprovada, mas ele vetou. Ele simplesmente abandonou a política de reconstrução da paisagem urbana de Fortaleza, iniciado pela gente. Pior: anulou e não botou nada no lugar. Por isso Fortaleza é uma cidade extremamente impactada negativamente na paisagem urbana. Não há o mínimo controle.

(foto: divulgação)

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Como são as batalhas na Câmara dos Vereadores?
O maior desafio é estar em um governo de cunho elitista e uma Câmara fisiológica. Nós somos 43 vereadores. A oposição é feita por quatro vereadores do PT e um do Psol. A maior dificuldade é enfrentar esse rolo compressor fisiológico que obedece rigorosamente tudo o que determina o prefeito. Há uma dificuldade enorme para aprovar lei que são de interesse da cidade.

Ele é um privilegiado. Faz o que quer quase sem resistência. Na época da Luizianne, era impressionante. Ela sofria uma oposição dura na Câmara e uma vigilância muito forte dos movimentos sociais. Quando Luizianne pensava em fazer alguma coisa, o MP (Ministério Público) já estava pedindo informações. Quando expressava o que ia fazer, o MP já estava entrando com uma ação. Ele passa incólume, absolutamente blindado, em relação a qualquer iniciativa do MP. Seja na tragédia do licenciamento ambiental, nos aterros clandestinos da cidade. Ele liberou geral o destino dos resíduos da construção civil. A construção civil manda e desmanda em Fortaleza. Nos fizemos representações junto ao MP e não tivemos nenhuma resposta.

Por Bruno Hoffmann, de Fortaleza, para a Agência PT de Notícias

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