Golpistas dão aval para Boeing assumir área militar da Embraer

Negociação da maior fabricante brasileira de aviões com multinacional estadunidense já tem a bênção do governo golpista

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Avião militar KC-390 produzido pela Embraer

O ministro da Defesa de Michel Temer, Raul Jungmann, afirmou que o governo poderá permitir a venda da Embraer para a americana Boeing, incluindo a divisão militar da empresa. “É possível fazer uma parceria ou promoção comercial também na área militar, desde que seja resguardado o sigilo, caso a caso. Só não faremos alienação, venda ou transferência do controle”, disse Jungmann em entrevista publicada no jornal “O Globo”.

Segundo o ministro golpista, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento na área de Defesa são muito elevados. Ele afirma que o cargueiro tático KC-390, desenvolvido pela Embraer, só avançou porque o governo investiu R$ 6 bilhões e se comprometeu a comprar 28 aeronaves do modelo.

O ex-ministro da Defesa e das Relações Exterior, Celso Amorim se colocou contra as negociações e afirmou que mesmo com o “furor privatista” do governo Temer, a venda não deveria ser permitida. “Totalmente contrário, acho isso um crime de lesa-pátria. O governo brasileiro tem que usar o golden share que ele dispõe para impedir essa fusão, porque não é fusão é uma incorporação”, afirmou em entrevista ao Brasil de Fato.

Ele afirmou que a Embraer é estratégica demais para o Brasil do ponto de vista comercial, tecnológico e de defesa do país e lembra que os aviões são um dos principais itens de exportação.”Não há como passar esse controle para uma empresa estrangeira sem que ela divida o mercado de acordo com seu interesse”, considerou.

O ex-vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e professor de Economia Política Internacional na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Darc Costa, acredita que a Embraer é o maior êxito que o Brasil tem em termos de tecnologia.

Embora não veja chances reais da empresa brasileira acabar nas mãos dos estadunidenses, Costa enxerga esse possível cenário como negativo para o Brasil. “A venda dessa empresa para o exterior representa mais uma perda da soberania nacional. Algo que o governo nacional tem colocado como defensor dessa ideia de que a internacionalização deve ser conduzida para que o progresso do país ocorra”, avaliou.

O diretor do sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Herbert Claros, também criticou a negociação. “Temos certeza de que a negociação incluirá tanto a área de jatos executivos quanto a de Defesa, já que Boeing e Embraer têm parceria para a venda do KC-390 no exterior. Isso preocupa porque defendemos, além da preservação dos empregos, a manutenção da soberania da Embraer no segmento de Defesa”, afirmou.

Da redação da Agência PT, com informações do Brasil de Fato e Brasil247

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