“Golpistas sabem que estão mentindo”, diz Lula em Pernambuco

Em visita ao seu estado natal, ex-presidente afirmou que Caravana Popular em Defesa da Democracia despertou sua vontade de percorrer o país

“Temer, quer ser presidente? Disputa uma eleição!”, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encerramento da Caravana Popular em Defesa da Democracia no Pátio de São Pedro, no centro de Recife, na noite desta quarta-feira (13).

Lula agradeceu os militantes que fizeram a caravana e falou sobre democracia. “É uma palavra bonita, falada em todo o mundo, mas que não é exercitada por todo o mundo. Democracia significa a gente participar coletivamente das discussões. Significa compartilhar, fazer um processo de discussão em que todos tenham a mesma oportunidade”

Sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma, lembrou que é preciso convencer seis senadores a votarem contra o golpe: “Não sei se os senadores estão ouvindo o que estamos falando. Este ato só vale a pena se a gente conseguir multiplicar pelas pessoas que não estão”, disse, convocando a militância para procurar os senadores e questionar se sabem o que é democracia.

Fotos: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Para o ex-presidente, adversários não respeitaram a democracia, e o golpe é conluio entre Câmara, parcela do Senado e imprensa tradicional para punir politicamente o PT. “Sabedores de que havia dificuldades econômicas, que a culpa não era da Dilma, elegeram um presidente da Câmara para criar mais confusão no país. Eles inventaram as pedaladas, que eu fiz quando era presidente, que o Temer fez durante as viagens da Dilma, assinando decreto” .

Mencionou ainda que a democracia brasileira deu à presidenta Dilma Rousseff 54 milhões de votos em outubro de 2014. “Mesmo com comportamento antidemocrático da imprensa, Dilma ganhou as eleições”. E avisou: “Se estão fazendo o que estão fazendo por medo de eu voltar em 2018, se preparem: eu vou voltar em 2018”, disse.

Sobre as investigações da polícia federal, Lula recordou que “só existe apuração de corrupção por que o PT tirou o tapete da sala”, e questionou o circo midiático: “Será que não era possível fazer a investigação sem condenar as pessoas pelas manchetes dos jornais?”

O ex-presidente disse que a elite não aceita as mudanças promovidas por treze anos de gestões petistas: “O crime que eu cometi foi dizer ao pobre que ele tinha direito de comer três vezes ao dia. O crime que eu cometi foi dizer aos trabalhadores rurais que vai ter financiamento para produzir e governo para comprar os alimentos. O crime que eu cometi foi construir em 13 anos com a Dilma quatro vezes mais escolas técnicas do que eles fizeram em um século. O crime que eu cometi foi provar que aumento do salário mínimo não causava inflação. O crime que eu cometi foi mostrar que um analfabeto é capaz de fazer mais universidades que um intelectual ou um professor de sociologia”.

Assista a um trecho do discurso:

Para Jaime Amorim, presidente do MST-PE, “a onda vermelha que veio do sertão conseguiu sacudir Pernambuco”. Na sua opinião, o objetivo da manifestação foi cumprido: esclarecer a população sobre o golpe em curso contra a democracia e o Estado de direito e buscar dar unidade aos lutadores e lutadoras em todas as cidades do estado “Fascistas e golpistas não passarão”, disse, ao fazer a abertura do evento com Lula à noite no Recife.

Estava presente também o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, denunciando que este é um golpe contra trabalhadores e trabalhadoras. “Eles se incomodam de saber que Lula foi o melhor presidente da história do Brasil. Não suportam saber que estamos de cabeça erguida e que vamos resistir nas ruas”.

Caravana Popular em Defesa da Democracia

Depois de passar por Juazeiro (BA), onde participou de evento “Bahia mais forte: Ações do governo da Bahia para o desenvolvimento rural”,  Lula esteve no Ato da Frente Brasil Popular “Semiárido contra o golpe – Nenhum direito a menos”, em Petrolina (PE) na noite desta segunda-feira (11).  Para Lula, Temer e seus aliados golpistas “assaltaram o poder” ao afastar a presidenta eleita Dilma Rousseff. “Aqui a Dilma teve 75% dos votos. Se não respeita a democracia, respeite o povo de Petrolina. Respeite o povo do Nordeste”, completou.

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Ainda em Petrolina, na terça-feira (12), Lula deu entrevista a uma rádio local, a Rádio Jornal. À Geraldo Freire, o ex-presidente deixou claro que será candidato à presidência na próxima eleição, desde que tenha condições políticas para isso. “Pra eu não ser ser candidato em 2018 é só o Brasil dar certo”, disse. “Nós demos um jeito de consertar esse país. Em dezembro de 2014 o Brasil chegou a 4,3% de desemprego, isso é uma coisa de Noruega, Holanda, Finlândia. Coisa de primeiro mundo. Mas de repente a coisa desandou. Houve uma mistura de coisas equivocadas na economia. Política feita pra tentar evitar que a presidenta governasse, pauta bomba todo dia dentro da Camara. Agora precisamos parar pra consertar; primeiro, evitando esse falso impeachment que inventaram para a presidente Dilma”.

Na terça-feira (12), em Carpina (PE), Lula esteve na Plenária do 2° Conselho Deliberativo da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado Pernambuco (Fetape) junto com mais de 600 lideranças dos movimento sindical e de movimentos políticos.

“Não temos que brigar com a seca, temos que aprender a conviver com ela. Sei eu falta muito a fazer, mas ninguém mais vai dizer que o povo do semiárido não tem condições de sobreviver se não for para o Rio de Janeiro viver num barraco”, afirmou.

Fotos: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Fotos: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Na manhã desta quarta-feira (13), Lula esteve em Caruaru (PE), reforçando as denúncias contra o golpe que afastou a presidenta Dilma Rousseff: “Eles sabem que eles estão mentindo. Nunca imaginei que a Dilma seria vítima de uma mídia que não tem compromisso com a verdade”.

Para Lula, os golpistas estão incomodados porque “tem empregada doméstica, filho de agricultor familiar, filho de pobre fazendo universidade. Isso incomoda muita gente da elite desse país. O que eles não sabem que que os trabalhadores brasileiros estão dispostos a prosseguir na consolidação da democracia nesse país e fazer com que os trabalhadores sejam eleitos vereadores, prefeitos, deputados, governadores e presidentes neste país”.

Lula afirmou que faltam apenas seis votos para reverter o impeachment no Senado, e lembrou que um senador pernambucano votou pela admissibilidade do impeachment, Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). “O povo deste estado votou em um senador, que foi ministro da Dilma e está votando contra ela. Bastou o Temer dar um cargo ao filho dele para ele votar contra a Dilma. Por isso é importante fazer passeata, ir ao gabinete do senador, falar com o senador, mandar zap-zap… Mas é importante que eles saibam todo santo dia que não terão mais o voto do povo brasileiro para quem trai esse mesmo voto”.

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Assentamento Normandia

Também em Caruaru, Lula visitou também o assentamento Normandia, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e conheceu a escola do Centro de Formação Paulo Freire, que capacita trabalhadores rurais.

O ex-presidente conheceu a plantação e a agroindústria que existem no assentamento, acompanhado de trabalhadores e das gestoras da agroindústria do assentamento, Mauricéia, Maria Júlia e Dona Zefinha, fundadoras do local. Atualmente, trabalham na agroindústria 18 mulheres e apenas 3 homens. No assentamento, há cultivo de macaxeira, inhame abóbora e milho, além da criação de bodes para corte.

O Assentamento Normandia existe há 23 anos. Em 1993, 179 famílias ocuparam a fazenda na zona rural de Caruaru, no Agreste Central de Pernambuco. Em 1997, Normandia foi reconhecido como assentamento. Na história, já foram dadas cinco ordens de despejo. Atualmente são 41 famílias assentadas e 20 agregadas (dentro de um local que já conta com um assentado), totalizando uma população de mais de 300 pessoas.

Foto: Ricardo Stuckert (Instituto Lula)

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O ódio que alguns setores da sociedade estão manifestando contra a esquerda, avaliou Lula, “não é contra Chavez, Maduro, Fidel, é contra qualquer pessoa que pense que o trabalhador deve ter alguma participação na democracia”. Segundo ele, é preciso que as elites aceitem a participação das classes populares: “Democracia pra eles é só quando eles participam sozinhos. Quando outro quer participar junto, eles não aceitam”.

“Vocês não querem foto comigo porque me acham bonito, é porque sonhamos juntos um Brasil melhor, um país onde todos os trabalhadores rurais possam chegar a universidade (…) Essa viagem despertou minha vontade de voltar a viajar o país. Especialmente nesse momento que estamos sendo vítimas de um golpe”, disse.

Da Redação, com informações do Instituto Lula

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