Graça Foster: gerente não foi clara em denúncias

Para presidenta da Petrobras, termos usados pela ex-gerente nunca explicitaram a existência de corrupção na diretoria de Paulo Roberto Costa

Foto: Reprodução

A ex-presidenta da Petrobras Graça Foster também foi absolvida pela Comissão de Valores Mobiliários

A presidente da Petrobras Graça Foster garantiu ao Jornal Nacional, da Tevê Globo, em depoimento que foi ar na noite de segunda-feira (22), não ter ouvido denúncias claras em relação a irregularidades na empresa apontadas pela ex-gerente Venina Velosa da Fonseca como ‘esquartejamento” e “ineficiência” em licitações.

Foster procurou justificar a ausência de iniciativa para apuração dos acontecimentos relatados pela executiva como uma falha na comunicação, embora confirme o recebimento de quatro e-mails da ex-funcionária, ainda na ocasião que ocupava a diretoria de Gás, além de uma conversa pessoal entre as duas, após assumir a presidência, em fevereiro de 2012.

“Me pareceram assim bastante cifrados (os e-mails), quando ela fala em licitações ineficientes. Ontem, ela explicou o que é o projeto esquartejado e tal. Em nenhum momento, nenhum momento, ela fala em corrupção, fraude, conluio, cartel. São palavras muito simples de serem entendidas”, justificou-se Graça Foster, ressentindo-se da falta de termos explícitos para identificar o esquema de propinas e a cartelização de contratos superfaturados. “Aquele e-mail não foi uma denúncia”, insiste a presidenta.

As declarações foram uma resposta de Foster ao depoimento feito por Venina ao programa Fantástico, da mesma emissora, na noite de domingo. Em tom emotivo, Venina se disse perseguida por ter tentado impedir a continuidade de irregularidades na gerência executiva que ocupava na diretoria do ex-diretor Paulo Roberto Costa, agora réu em processo de delação premiada da Justiça Federal no Paraná.

As irregularidades acabaram-se tornando públicas com a Operação Lava Jato da Polícia Federal a partir do segundo trimestre deste ano (2014). Desde 2008 a ex-gerente procura relatá-las ao mais elevado nível executivo da Petrobras, sem sucesso, segundo seu depoimento ao programa de domingo. Disse ter abordado o tema em reunião da diretoria, com o então presidente Sergio Gabrieli e gerentes executivos que a chefiavam.

“Nenhuma denúncia (também na reunião). O que nós conversamos muito era sobre custos de projetos mais altos do que os previstos. Prazo de projetos muito mais longos do que os previstos e das atitudes que eu precisava tomar para que a gente pudesse ir por um outro caminho. E essa foi a grande parte da nossa conversa. Custos e prazos”, declarou Foster ao referir-se aos temas como rotina diária de trabalho na Petrobras.

“Não houve denúncias em nenhuma das reuniões de diretoria da Petrobras. Diretoria da Petrobras, presidida pelo Gabrielli, presidida pela Graça, no pouco espaço de tempo que teve a Venina aqui comigo”, prosseguiu a presidenta, ao responder ponto-a-ponto cada declaração de Venina ao Fantástico.

Graça Foster disse que espera obter todos os documentos que Venina diz ter colecionado em cinco anos de tentativas de tornar as irregularidades públicas. “Ela vai ajudar muito a Petrobras se ela tiver todos estes documentos. Eu tenho certeza de que ela vai ajudar muito ao Ministério Público Federal, vai ajudar muito a tudo que a gente espera de positivo desta Operação Lava-Jato”, manifestou-se a presidenta.

Sobre a perseguição que Venina diz ter sofrido na estatal, Foster esclareceu que a falta de convivência direta com a ex-gerente não a autoriza a falar de coisas das quais desconhece. “Ela não trabalhava comigo”, lembrou, ao se negar a falar sobre as acusações que Venina acabou sendo alvo numa comissão interna de investigação.

Mesmo sendo considerada uma eficiente funcionária, ter sido cogitada para ocupar a presidência do escritório em Cingapura, ganho muitos elogios do então diretor Paulo Roberto, segundo o depoimento de Foster, Venina acabou sendo alvo de punição por “não-conformidade” com os padrões éticos da empresa. “Tentar denunciar irregularidades é falta de ética?”, perguntou-se Venina ao referir-se, no Fantástico, às acusações de que foi alvo.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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