Guarapuava: a partir da cultura, petista aposta na formação política

Em Guarapuava, no interior do Paraná, Antenor Gomes de Lima realiza encontros de formação política na cidade há 25 anos

Crédito: Eduardo Matysiak

“Chegávamos numa reunião e falávamos de política, de consciência de classes, mas via que as pessoas estavam ‘boiando’. Mas aí quando o sanfoneiro abria a gaita para tocar a ‘Rosa Branca’ a pessoa começava a cantar junto porque ouve a música desde criança”, conta Antenor Gomes de Lima, candidato do PT em Guarapuava (PR).

O médico dr. Antenor, à frente nas pesquisas locais, trabalha com formação política nos bairros há 25 anos – onde ensina e aprende política, segundo ele. Com exceção do período eleitoral, quando a legislação restringe o uso de músicas e shows para conseguir votos, ele desenvolveu uma estratégia para criar um diálogo com as pessoas a partir da cultura regional.

“A primeira entrada é pelo coração”, diz ele.  “Normalmente, estudamos 40 minutos. E depois comemos, tomamos um café. Conviver, celebrar a vida”, explica.

“A política não pode ser uma coisa chata, de um falando e os outros escutando. Todo mundo tem que participar”. O candidato conta que, quando vereador, gastava todo o seu salário no cargo para promover esses encontros.

A política não pode ser uma coisa chata, de um falando e os outros escutando. Todo mundo tem que participar”

Segundo ele, foi essa militância de anos formou quadros na cidade, o que pode ser vital para a sua vitória nessas eleições. Guarapuava, no interior do Paraná, tem 178 mil habitantes .Atualmente, é governada por César Silvestre Filho (PPS), cuja família se reveza no poder da cidade por gerações.

Antenor em reunião com a comunidade

Antenor é o nome mais forte para o cargo. O candidato entrou no PT quando ainda era estudante de medicina, no final da década de 1980. Em 1989, conheceu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um comício na Assembleia Legislativa de Curitiba.

“O seu discurso me encantou”, explica. “O discurso de que tudo que nos rodeia, desde o avião até a roupa que vestimos tem a mão do trabalhador, e que o trabalhador não tem uma condição ideal de vida porque não faz política”, diz. “Então eu saí para os bairros fazer formação política”.

“Eu sou um quixotesco. Não sei onde vou chegar, não me importa resultado eleitoral. Estou muito perto de ganhar a prefeitura. Mas não é só nisso que eu penso”, diz ele.

“Eu sou um quixotesco. Não sei onde vou chegar, não me importa resultado eleitoral. Estou muito perto de ganhar a prefeitura. Mas não é só nisso que eu penso”, diz ele.

O candidato afirma que recebeu muitos convites para mudar de partido. “Eu falei não. Eu só poderia sair do PT com uma bandeira em cima do meu caixão. Eu amo o PT”, afirma. “A maioria das pessoas do partido são idealistas, corretíssimas”.

“Eu só poderia sair do PT com uma bandeira em cima do meu caixão. Eu amo o PT”,

Propostas

O médico acredita que a comunidade tem que ser o principal ator na gestão pública. “O gestor é importante como liderança, como aglutinador, mas é necessário que a comunidade participe”. Bandeira histórica do PT, o orçamento participativo – em que a população escolhe quais serão as prioridades do orçamento – é uma de suas propostas.

O candidato também afirma que pode contribuir muito na área da saúde, principal demanda da população nas áreas urbanas, já que trabalha como médico. “O último prefeito ficou dormindo 3 anos e 9 meses e acordou no final, gastou a maior parte do dinheiro em marketing”, conta.

Já nas áreas rurais, Antenor quer melhorar a assistência técnica para o agricultor familiar que está sucateada. Sua ideia é criar uma escola de assistência técnica alternativa. Para ele, certos aspectos da região podem favorecer a produção. É o caso das trutas, uma espécie de peixe que vive em águas frias.

“Mesmo no verão aqui os rios são frios”, explica. “Mas a prefeitura precisa se fazer presente”. Outro produto cuja produção pode ser estimulada é a erva mate, que resiste à geada, e temperos como a hortelã e a manjerona, que tem o preço por quilo mais altos, beneficiando o agricultor.

“Um quilo de hortelã é uma fortuna e o pequeno proprietário pode trabalhar com isso sem ter que plantar milho ou soja, se matando de trabalhar e se descapitalizando”, comenta.

Antenor em reunião com a comunidade

 

Globo

Para Gomes, o principal inimigo do PT hoje é a Globo. “Nós sempre soubemos disso. A Globo conseguiu destruir a biografia do Dirceu, do Genoíno”, afirma.

“Mas nós temos que reconstruir formando quadros nas comunidades. E não ganhando eleição e ficando no gabinete fechado, ganha um bom salário e esquece de onde veio”, afirma.

Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias

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