Haddad: “Lula é meu interlocutor permanente”

O candidato à presidência participou da sabatina UOL/Folha de S. Paulo/SBT e falou sobre o plano de governo, reformas e medidas para reverter a crise

Ricardo Stuckert

Fernando Haddad participa da sabatina SBT/Folha de S.Paulo/UOL

Na manhã desta segunda-feira (17), Fernando Haddad, candidato à presidência pela coligação “O povo feliz de novo” participou de sabatina promovida por UOL, Folha de S. Paulo e SBT. Durante a entrevista, Haddad falou sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, discutiu diversas propostas de governo, reformas e medidas para reverter a crise e as consequências do golpe, além de debater sobre a importância de fortalecer as instituições e refundar a democracia no Brasil.

Haddad falou sobre as diversas conquistas dos governos de Lula, e reafirmou o papel do ex-presidente como liderança internacional. “Lula foi o maior presidente desse país, que incluiu milhões de brasileiros que não tinham acesso a nada: emprego, renda, habitação, luz, etc”, disse. O candidato elogiou também a política econômico do governo Lula: “nós sabemos que Lula foi o presidente que mais reduziu a dívida pública sem aumentar imposto”.

O ex-ministro da educação reafirmou que Lula é seu interlocutor permanente e que o ex-presidente é um estadista que está sendo injustiçado. Haddad afirmou que, na opinião de centenas de juristas nacionais e internacionais, processo contra Lula não tem sustentação: “é um processo cheio de vícios que quero crer que isso vai ser corrigido”.

Perguntado sobre possíveis indultos, Haddad fez questão de reafirmar a posição do ex-presidente sobre o assunto, relembrando carta de Lula por ocasião do registro da sua candidatura em 15 de agosto: “eu não troco minha dignidade pela minha liberdade. O que eu quero é que os tribunais superiores reconheçam que não há prova no processo contra mim e me absolvam”, como é praxe no Judiciário, uma instância superior corrigir eventuais falhas de instâncias inferiores “. Haddad disse acreditar que Lula terá justiça e será absolvido, lembrando que a questão está colocada também no âmbito internacional.

Economia

Em seu primeiro ano de governo, Haddad prevê uma série de reformas: bancária, para enfrentar a cartelização; tributária e fiscal. Ele também apontou ser crucial acabar com o teto de gastos estabelecido por Temer.

Segundo o candidato, “chegou o momento de enfrentar os bancos. 80% do crédito na mão de cinco bancos. Existe uma cartelização”. Com a reforma bancária que nós vamos fazer, os juros vão cair muito para o tomador final”, disse. Sua proposta é no sentido de estimular que se cobrem menos juros: quem cobra mais juros vai pagar mais imposto e quem cobre menos juros pagar menos imposto, explicou. Haddad se diz animado com as cooperativas de crédito, que deverão ser estimuladas.

Para Haddad, a reforma bancária também é fundamental para às empresas brasileiras, que estão ‘acuadas’ com a distorção imensa em relação aos juros e o BNDES será um fomentador ao crédito: “os juros para o tomador final vão cair muito no BNDES com a nossa proposta”, afirmou.

A reforma tributária também prevê isentar de Imposto de Renda as pessoas que ganham até cinco salários mínimos, como forma de aumentar o consumo das famílias, o que aqueceria a economia de imediato. “A população não quer a continuação da política econômica do Temer como querem Alckmin e o centrão.”

Ao comentar sobre a crise econômica, Haddad afirmou que “a instabilidade política fez o investimento privado retrair, o que prejudicou todo mundo”. “Ato político da oposição”, denunciou. Ele também confrontou o mercado na entrevista, ao ser questionado se atenderia ou não as demandas deste ente incensado pela imprensa conservadora: “O mercado apoiou o governo FHC, que dobrou a dívida pública. Por que não faz autocrítica? Chamar os pobres pra pagar as contas da crise não é razoável”, disse. “Precisamos de algum tipo de aquecimento imediato. Aumentar a renda das famílias da média e baixa renda é fundamental”, acrescentou.

Sobre a Previdência, Haddad foi enfático ao dizer que só os pobres pagarem não é justo e considerou que, em um primeiro momento, a reforma teria que ser feita nos regimes próprios de previdência, porque os prefeitos e governadores não vão mais conseguir pagar suas folhas de pagamento e “para o restante abriremos um discussão e diálogo com a sociedade. Não podemos ter tabus para discutir as variáveis”.

Política de alianças

Sobre coligações em seu governo, Haddad afirmou também que pretende compor um campo de apoio democrático popular, para formar um governo que vai salvar o Brasil da atual crise.

O candidato observou que é “da minha personalidade, sem perder a firmeza de propósitos, abrir um espaço para construir consensos”, ressaltando que “não se brinca com a democracia. Estamos em um momento delicado. Ou nós vamos defender a Constituição às últimas consequências, ou nós vamos defender a democracia às últimas consequências, ou teremos uma solução autoritária”.

Segurança

Haddad analisou que hoje, no país, “o encarceramento em massa está acontecendo. Estão prendendo pessoas por tráfico de drogas e quando você vai ver a quantidade de drogas apreendida é irrelevante. E assim, o verdadeiro traficante segue solto.”

A proposta do plano de governo do PT é a federalização da investigação de alguns crimes, especialmente aqueles ligados ao crime organizado. A ideia é que a polícia federal possa combater esses crimes com sua inteligência integrada, deixando as polícias estaduais meios sobrecarregadas para resolver os demais crimes.

Política industrial

Ao ser questionado para política industrial, Fernando Haddad falou sobre a centralidade da política de conteúdo nacional. Explicou que política de incentivo à indústria necessita de estudos, transparência de debate público.

Haddad denunciou o desmonte da indústria naval com as políticas de Temer. Indústria naval esta que, durante os governos do PT, demonstrou eficiência na produção e gerou muitos empregos.

Corrupção

Abordado sobre a operação Lava-Jato e corrupção, Haddad disse que irá aperfeiçoar uma parte da legislação, principalmente no que diz respeito a delatores “mentirosos”. Isso porque, segundo ele, há casos de delatores que mentiram e estão em gozo de liberdade. “Vamos procurar o Ministério Público e o Judiciário para estabelecer leis para os delatores mentirosos e para os corruptores, que hoje se defendem dizendo que foram obrigados a pagarem propinas, quando na verdade eles que organizam os cartéis”.

Para Haddad, nossa legislação é muito fraca com corruptores e ajustes têm que ser feitos em parceria com o Ministério Público para que não paire dúvidas e se fortalecem as instituições.

Regulação da mídia

O candidato petista se diz a favor que não haja excesso de propriedade, principalmente a propriedade cruzada dos meios de comunicação, citando como exemplo que há famílias, em várias localidades, que concentram emissoras de rádio, de TV e jornais, e o país não tem uma legislação que impeça essa concentração, como há outros países. Nesse sentido, para Haddad, o Estado tem que regular.

Instabilidade no país

Ao ser perguntado sobre recentes afirmações de possíveis fraude nas eleições, Haddad disse que, mais uma vez, há indício que um candidato vai questionar o resultado das eleições, como aconteceu em 2014.

“Estou em ótima companhia em minhas opiniões. Tasso Jereissati disse o mesmo que falei”, explicou Haddad. Ele se referia ao que o presidente do PSDB chamou de ‘erros’ em entrevista na última semana, ao explicar que o PSDB não deveria ter questionado o resultado eleitoral que o TSE proclamou em 2014, além de ter aprovado pautas bombas no Congresso para desestabilizar o país e apoiar o governo Temer.

Para ele, não se pode haver mais sabotagem. “Estão há quatro anos sabotando o país. Eu penso que o Congresso Nacional está consciente das tarefas que precisamos cumprir. Nós precisamos de paz e serenidade.”

O candidato do PT também relembrou que em 2013 e 2014 a economia necessitava de alguns pequenos ajustes, sabotados pelo Congresso, mas a crise econômica de 2015 e 2016 não pode ser explicada por esses pequenos erros. “Houve uma instabilidade política que fez o investimento privado cair. Foi um ato político da oposição visando ganhar o poder”.

Por lula.com.br

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