Haddad: “Ninguém deve ser agredido pelo que pensa”

Candidato à presidência concedeu entrevista e falou que vai recuperar a economia garantindo poder de compra dos trabalhadores e não cortando direitos

Ricardo Stuckert

Fernando Haddad concede coletiva de imprensa

Fernando Haddad reafirmou, em mais um dia de campanha, seu compromisso por um segundo turno de propostas, e não de calúnias, e pela construção de uma política baseada em diálogo e contra o ódio. Em entrevista coletiva a jornalistas na manhã desta terça-feira (9), o candidato de Lula marcou mais uma vez, de maneira forte, a sua posição em relação à guerra de mentiras, calúnias e fakenews que tem se acirrado nestas eleições.

Tem muita notícia falsa circulando. As duas campanhas poderiam se ajudar e contribuir para que o leitor receba informações reais, fiéis, verdadeiras sobre o que pensam os candidatos. E, assim, melhorar a qualidade da democracia com a qual eu tenho um compromisso de vida”, afirmou.

Infelizmente, nem todos os candidatos têm a mesma preocupação com a transparência. Temendo a decisão dos eleitores, tentam confundi-los e amedrontá-los, pouco ou nada preocupados com elevar o nível dos debates. “Recebemos uma resposta do nível do candidato pelo tuíter, que os jornais publicaram”, afirmou Haddad sobre a resposta dada por Bolsonaro à proposta de assinatura de uma carta de compromisso contra mentiras na internet.

Um compromisso público entre os candidatos e partidos contra a onda de ódio na política é urgente, e já há casos de pessoas sendo atacadas e até mesmo mortas simplesmente por expor suas opiniões. Haddad lembrou especificamente do caso do mestre de capoeira Moa Katendê, que foi covardemente assassinado com 12 facadas, no último domingo, após ter dito que não gostava de Bolsonaro.

“Eu espero que a imprensa repercuta isso. Estamos aqui num gesto, estendendo a mão, para que as regras sejam respeitadas e as pessoas não sejam molestadas, agredidas pelo que pensam. A liberdade de opinião tem que ser respeitada no Brasil”, reiterou.

Profissionais de imprensa também têm sido atacados, o que configura grave ameaça à democracia e à liberdade no exercício da profissão. Antes mesmo de começar a responder às perguntas na manhã de hoje, Haddad fez questão de fazer um pronunciamento em solidariedade à jornalista Miriam Leitão pelos ataques que vem sofrendo nas redes sociais.

“Ela manifestou uma opinião e está sendo muito atacada, inclusive em sua honra, nas redes socais. Como sou vitima disso todo dia, eu decidi me solidarizar com ela”, disse, lembrando que é saudável, numa democracia, a exposição de idéias mesmo entre pessoas que tenham divergências ideológicas, caso dele em relação à jornalista:

“O problema é, em função de sua liberdade de expressão, você ser covardemente atacado como ela vem sendo. Espero que nenhum de vocês tenham que passar por isso. Nós da vida pública sentimos que a democracia está ameaçada com esse tipo de atitude covarde de determinados setores da sociedade que não convivem com regras democráticas”.

Perguntado sobre suas propostas para a economia, Haddad falou sobre o tripé da retomada de geração de emprego e desenvolvimento para país, que consta de seu plano de governo: reforma fiscal, tributária e bancária.

“A economia vai ser recuperada garantindo poder de compra dos trabalhadores e não cortando direitos. Corte de direitos vai nos levar a mais recessão. Se garantimos poder de compra do salário, reduzindo carga tributária de quem trabalha, compensando essa queda de arrecadação, cobrando juros dos muito ricos que hoje não pagam impostos, isso vai gerar consumo e, por consequência, aumento da produção com novas contratações”, disse ele.

Para Haddad, é essencial promover uma reforma bancária com diminuição drástica dos juros. “Precisamos enquadrar os bancos à realidade internacional para que o empresário possa tomar emprestado, produzir, pagar os juros e ficar com algum lucro. Se o lucro for menor que o juro, ele não poder empreender e não vai contratar”, explicou.

Por fim, Haddad falou sobre a reforma fiscal, pensada sempre tendo em mente a sustentabilidade fiscal que não comprometa o investimento público. “As obras paradas serão retomadas porque isso gera emprego e aumenta produtividade da economia. Nossos produtos ficam mais competitivos no exterior. E, assim, vamos exportar mais e gerar mais empregos.”

Sobre os apoios que está buscando neste segundo turno das eleições, Haddad afirmou que estão conversando com lideranças dos partidos do campo progressistas popular para que estejam juntos em defesa da democracia e dos direitos trabalhistas e sociais.

“Essa recomposição de campo é importante para nós. Estamos conversando com Ciro Gomes (PDT), com as lideranças PSB e do PSOL, que já declarou apoio, para formar uma coalisão pela liberdade, pela democracia e pelos direitos sociais.”

Por lula.com.br

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