Impeachment colocaria todos os mandatos eletivos em risco, alerta Wellington Dias

“A começar pelos 27 governadores. Se a presidente pode ser afastada, quem vai impedir que outros governadores também sejam afastados por maiorias políticas eventuais?”, afirma o governador do Piauí

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT-PI), disse que um hipotético afastamento da presidenta coloca em risco todos os mandatos eletivos dos País, a começar pelos de governador, e isso é uma péssima mensagem para o Brasil e para o mundo. A declaração foi dada em entrevista ao jornalista Paulo Moreira Leite, do portal “Brasil 247”, publicada nesta quinta-feira (17).

“Se a presidente pode ser afastada, quem vai impedir que outros governadores também sejam afastados, por maiorias políticas eventuais?”, alertou Dias.

Dias esteve em Brasília por três dias para articular o apoio dos governadores estaduais à presidenta Dilma Rousseff. “Nós sabemos que a presidente Dilma é uma pessoa honesta e não há nenhum motivo legal para que seja afastada do cargo”, disse, ao descartar a hipótese de impeachment.

Sobre o pacote de ajustes fiscais e cortes proposto pelo governo, o petista disse que a situação econômica “é para todos” e obriga a negociação. “Não tem para onde correr. Você pode até discordar das propostas do governo, mas aí tem de oferecer uma alternativa”, ressaltou.

O governador reconhece o tamanho do trabalho, mas lembra que não há saída sem negociação e articulação. “Nós sabemos o que falta: articulação política. É preciso sentar, conversar e negociar com todo mundo. É complicado, não é fácil, mas pode ser menos difícil que parece”, disse.

Os governadores têm a missão de negociar com os deputados e senadores de seus estados o apoio a adoção de 0,38% de Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), a ser compartilhada com os estados e municípios.

Para Dias, depois que o governo apresentou uma proposta de orçamento para 2016 com um déficit de R$ 30 bilhões, “ninguém mais tem o direito de dizer que não sabe que a situação é grave”.

De acordo com o governador, a proposta inicial era de 0,38%, foi modificada para 0,20%, mas pleiteia-se voltar para o índice inicial pelo entendimento de que não é apenas o governo federal que tem obrigações, mas também os estados e municípios.

“Em muitos lugares, vários pagamentos estão atrasados, inclusive de salários. A elevação da alíquota não é apenas justa, mas necessária. E a população vai compreender, na medida em que é informada da gravidade da situação”, ressaltou o governador.

Para Dias, a economia vai melhorar quando o nível de empregos começar a subir, o que, segundo ele, causa mais medo na população que a inflação. “Quando começar a subir, der uma mexida para cima, mesmo que seja pequena, tudo se modifica. Claro que todo mundo tem medo da inflação. Mas tem um medo muito maior do desemprego”, ressaltou.

Não é possível saber com precisão o fim da atual crise, mas ele aponta sinais positivos na economia que podem ser uma luz no fim do túnel. A balança comercial e as reservas voltaram a crescer e a inflação freou em julho caiu em agosto e pode cair novamente em setembro.

“Até porque todo mundo já percebeu que não há demanda para pressionar os preços. Então, ela pode seguir em queda. Quando isso se confirmar, os juros podem começar a cair. Vai ser um novo sinal”, explicou o governador.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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