Jornada pela democracia começa com grande marcha em Montevidéu

Evento ocorre entre quinta e sábado na capital uruguaia e é uma demonstração de resistência contra o neoliberalismo

Jornada pela democracia e contra o neoliberalismo

Uma grande marcha ocupou as ruas de Montevidéu na manhã desta quinta-feira, 16. A manifestação abre a Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo, que acontece na capital uruguaia até o sábado, 18.

O ato de abertura ocorreu aos gritos de Fora Temer da plateia. Francisca Rodríguez, da Vía Campesina chilena, falou no ato de abertura. Ela lembrou da necessidade de resistência dos trabalhadores latino-americanos, da luta contra o machismo e da defesa da soberania nacional.

Marcelo Abdala, da PIT- CNT Uruguai, também falou no ato. Abdala saudou os companheiros dos 23 países participantes da Jornada. “O 1% mais rico do planeta tem mais recursos que os 99% restantes”, lembrou ele. Abdala também afirmou que as 69 maiores empresas transnacionais tem mais recursos que 180 países.

Abdala falou da escalada conservadora e neoliberal em todo o continente. No caso do Brasil, lembrou do golpe que a democracia sofreu, e da agenda de retrocessos do governo golpista.

O presidente da CUT Vagner Freitas também falou. “A presidenta Dilma com 54 milhões de votos foi destituída por um golpe”, disse Freitas.

“O Brasil não tem governo. Temer não foi eleito. A plataforma que ele coloca em prática não foi eleita, não foi aprovada por ninguém. Ele é um impostor, e temos que lutar contra todas as nossas forças para que ele saia”, afirmou.

Apesar de não poder ter comparecido presencialmente, o ex-presidente gravou um vídeo, também exibido no ato.

O encontro, segundo a secretária de Relações Internacionais do PT, Monica Valente, é uma demonstração de força da América Latina de toda a resistência ao neoliberalismo no continente

“Queremos aprofundar nossa reflexão sobre como a lógica do capital se apropria da vida das pessoas e dos bens da natureza, a maneira como as grandes corporações e as grandes potências se beneficiam da concentração de riqueza e da exploração das maiorias e sobre como esses poderes se combinam para atacar a democracia e a soberania dos povos”, afirma a convocatória para o evento.

O primeiro encontro ocorreu em 2015, em Havana, quando a ofensiva neoliberal já se desenhava no continente. Desde então, ela ganhou força, sobretudo com o golpe à presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) em 2016.

Valente explica que o primeiro encontro ocorreu em comemoração aos dez anos de derrota da Alca – uma proposta de livre-comércio que privilegiava os Estados Unidos em detrimento dos países latino-americanos. Nessa primeira jornada, se reconheceu que outras ameaças pairavam sobre o continente, como o TISA e o acordo comercial do Transpacífico. “O neoliberalismo nos atacava de diversas formas, com acordos de livre-comércio de nova geração”, diz ela.

Além disso, diversos países que viveram anos sob governos de esquerda, passaram a ser administrados por governos de direita. Na Argentina, o neoliberal Maurício Macri ganhou as eleições em 2015. No Brasil, Michel Temer (PMDB) tomou o poder mediante um golpe. Na Venezuela, se intensificou o cerco ao governo de Nicolás Maduro. E no Chile, a presidenta Michele Bachelet sofre fortes pressões do capital transnacional.

A pauta de resistência à retirada de direitos trabalhistas terá força no evento. Segundo Valente, a aprovação da reforma trabalhista no Brasil repercutiu nos demais países do continente. Os governos neoliberais utilizam o argumento falacioso de que a mão de obra mais barata no Brasil vai prejudicar a competitividade em seus países e, com isso, buscam flexibilizar a própria legislação, explica a secretária.

No primeiro dia, um painel discutirá os ataques à democracia e ofensiva conservadora. Já no segundo dia, serão quatro oficinais temáticas, sobre tratados livre comércio que retiram soberania dos estados nacionais, papel das empresas transnacionais nas economias, democracia e soberania e integração regional. Acontecimentos recentes, como a morte do ativista Santiago Maldonado e a prisão da deputada argentina Milagro Sala estarão em debate.

“O evento junta um bloco social expressivo que luta contra o neoliberalismo, por justiça social, integração regional, e por um governo soberano”, diz ela.

Os partidos que compõe o Foro de São Paulo — cuja Secretaria-geral é do Partido dos Trabalhadores — foram chamados para o evento e aproveitarão a ocasião para, nos dias 19 e 20, realizarem uma reunião do grupo de trabalho.

Ato abertura Jornada Intercontinental

Publicado por Marcha Mundial das Mulheres em Quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Da Redação da Agência PT de Notícias

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