José Dirceu: Tirar Lula significa que não há democracia no país

Durante lançamento do seu livro de memórias nesta terça-feira (3) no Rio, ex-ministro fez duras criticas ao TSE: “Impugnação é um ato de violência”

Divulgação

José Dirceu no lançamento do livro Memórias no Rio de Janeiro

A habilidade em lidar com a imprensa não significa que José Dirceu costume se esquivar das perguntas que, de antemão, sabe que serão feitas durante cada entrevista que concedeu (e ainda concede) em mais de quatro décadas de vida dedicada à política. “Podem perguntar sobre o livro o que vocês quiserem e acharem importante”, anunciou o ex-ministro durante o lançamento do livro Memórias, Volume I, realizado nesta terça-feira (3) no Centro do Rio de Janeiro.

A premonição logo se confirmou e a primeira pergunta, claro, foi sobre a impugnação da candidatura do ex-presidente Lula decretada pelo TSE – que contrariou liminar da ONU e cuja repercussão mundial deixou claro que se trata de um julgamento de exceção. “Dizer que decisão do TSE foi inadequada é uma maneira elegante de dizer. Pela lei teríamos o direito de fazer campanha até o processo final. A impugnação da candidatura de Lula em si é uma violência política e jurídica e não é boa para o país. Ninguém vai ganhar com isso”, enfatizou.

Quem sai derrotado, portanto, é o povo brasileiro e os seus algozes não serão julgados apenas pelo desenrolar da história. Para Dirceu,  “em nenhum país do mundo a exclusão de lideranças como o Lula significa que o país tem uma democracia consolidada. Fica parecendo mais como uma meia democracia (…) E quem se ilude que não vai acontecer nada, que o povo vai ficar sem fazer nada tem que olhar a popularidade do Lula. Pode ter certeza que haverá uma intensa luta social nos próximos anos”.

Dirceu também reforçou, com a experiência de quem também é advogado, os argumentos de que a prisão de Lula é uma aberração jurídica sem precedentes na história política brasileira. “Lula foi condenado num processo de exceção sumária e política num processo sem provas. A Justiça tem que assumir o ônus por tudo o que está fazendo. Não podem deixar este ônus para nós”,

“Formar” ou informar?

Além das perguntas recorrentes sobre Lula e o processo eleitoral outro tema espinhoso (mas não para ele) entrou em pauta durante a coletiva: a atuação da imprensa brasileira. Presente em todos os embates ocorridos na última década para tentar, em vão, acabar com as oligarquias da informação no país, Zé Dirceu segue com a mesma opinião: o grande problema da imprensa brasileira é a falta de diversidade e pluralidade.  “A imprensa deixou de informar para cada vez mais ela formar. A notícia passou a ser extremamente editorializada. E nesta luta pelo poder de informar e formar quem vence é sempre o poder econômico, que são os anunciantes dos jornais e da TV e que querem manter esse controle”, critica.

Outro ponto crítico, prossegue Dirceu, é que o tema que não é discutido publicamente no Brasil. “As mesas de diálogo desapareceram. Quando você não leva alguém para fazer o contraditório você o trata como inimigo. E esse não é o caminho”, aponta, sugerindo que a população participe da discussão sobre a chamada regulação da imprensa.

Radicalizar é preciso

Antes do final da coletiva, Dirceu ainda teve de explicar o que significa quando o PT diz que pretende “radicalizar” em alguns pontos estratégicos para tirar o Brasil da crise. “Radicalização deve ser entendida como a luta desde a raiz. Simples assim. O Brasil não pode mais ficar, por exemplo, sem uma Reforma Tributária. As altas rendas não pagam imposto. O capital financeiro não paga. Quem tem herança, grandes fortunas, dividendos…O Brasil está em crise e só o povo pagou o ônus até agora”.

Assista ao lançamento do livro Memórias, Volume I:

AO VIVO / LANÇAMENTO DO LIVRO ‘MEMÓRIAS DE ZÉ DIRCEU’.Diretamente aqui do Circo Voador / Lapa – Rio de Janeiro. Acompanhe e compartilhe!

Publicado por Benedita da Silva em Terça-feira, 4 de setembro de 2018

 

Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias

 

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