Lauro de Freitas: protagonismo popular como modo de governar

Moema Gramacho, pré-candidata a prefeita, vai fazer um governo de resgate das políticas públicas estruturadas a partir do diálogo direto com o povo

Roberto Stuckert Filho/PR

Moema Gramacho, quando era deputada federal, em apoio à presidenta Dilma Rousseff

Falar de Lauro de Freitas (BA) exige um inevitável resgate de sua importância para o patrimônio do cinema nacional. Em 1962, a cidade serviu de cenário para gravações da película “Barravento”, de Glauber Rocha. Uma trama que levou às telas as súbitas mudanças da vida, do amor e do meio social que impactam uma pequena vila de pescadoras, tendo como ingrediente adicional as influências das religiões africanas no Brasil. Com a marca de Glauber, o filme saiu vencedor do Opera Prima no Festival Internacional de cinema de Karlovy Vary (hoje, República Tcheca).

Na seara política, Lauro de Freitas tem nas eleições municipais de 2016 um momento para fazer outro resgate importante de sua história. Com a pré-candidatura a prefeita confirmada no dia 30 de julho, a deputada federal Moema Gramacho (PT-BA) desponta na campanha como o único nome capaz de resgatar uma administração que dialoga direto com o povo para definir os rumos da cidade.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

“O povo de Lauro de Freitas se acostumou a ser sujeito do processo e não está sendo mais”, diz a pré-candidata sobre um dos eixos centrais de suas duas gestões anteriores em Lauro de Freitas, quando foi eleita em 2004 e reeleita em 2008. A participação popular na gestão da cidade, afirma Moema Gramacho, será retomada em um possível terceiro mandato, que vai agregar também uma perspectiva de futuro e modernidade.

“Conseguimos em dois mandatos trabalhar tanto o empoderamento das pessoas, que não admitem mais que o gestor chegue e diga o que vai fazer. Elas querem ser protagonistas, participar”, conta, reforçando que os conselhos populares criados na sua gestão estão funcionando “de forma precária” e que as conferências públicas não acontecem mais.

O modelo de administração concretizado por Moema Gramacho rendeu prêmios como “melhor prefeita das Américas” (Organização Brasil Américas), Prefeita Empreendedora (Sebrae), Melhores Práticas da Caixa Econômica Federal, melhor Transparência e Controle Interno, Prefeita Municipalista e Prefeita Amiga da Criança, entre outros.

Modo petista

Nascida no Pelourinho, em Salvador, há 58 anos, Moema Isabel Passos Gramacho militou no movimento sindical do pólo petroquímico da Bahia, tendo atuado na fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Estado e integrado a direção do Sindiquímica até 2004.

Foi eleita vereadora em 1996 e duas vezes deputada estadual, em 1998 e 2002, quando foi a mais votada no partido. Em 2004, o povo de Lauro de Freitas a elegeu pela primeira vez, reelegendo-a quantro anos depois. Assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza da Bahia, em 2013, na gestão Jaques Wagner, posto que deixou para ser eleita deputada federal em 2014.

Praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas (BA) Foto: Governo do Estado da Bahia

Praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas (BA)
Foto: Governo do Estado da Bahia

Ficou conhecida no plano nacional por sua atuação aguerrida como deputada federal. No plano municipal, foi a prefeita que, por oito anos, envolveu a população no processo de tomada de decisão, levando a avanços significativos na cidade nas áreas de Educação, Saúde, Transportes e geração de emprego.

Políticas de Estado que ruíram com a chegada ao poder do atual prefeito Márcio Paiva (PP), que não deve ser candidato à reeleição devido à má gestão na cidade. “O próprio prefeito fez oposição a ele mesmo”, resume Moema Gramacho sobre a baixa aprovação de Paiva.

Em Lauro de Freitas, inclusive a construção do programa de governo para um novo mandato de Moema Gramacho é participativa, e já registra 13 plenárias junto ao povo da cidade. “A gente entende que é importante construir um programa falando a linguagem do povo e representando os anseios de quem sabe aonde o calo aperta”, explica a pré-candidata.

“A população aponta como prioridade a mobilidade, a educação, a segurança e a valorização da cultura, do esporte e do lazer como meios de combater a violência”, diz Moema, que complementa: “Vamos fazer tudo isso associado à geração de emprego.”

Como houve descontinuidade das ações desde que Moema deixou a prefeitura, o primeiro passo é recomeçar de onde se parou. Mas sem perder a perspectiva de futuro. “Houve um hiato e muita coisa foi paralisada. Vamos reconstruir, mas ao mesmo tempo fazer o novo, que é dentro da nova conjuntura do munícipio, socioeconômica e política”, diz Moema.

O programa de governo terá como uma das questões centrais a mobilidade. “Quando fui prefeita, batalhei muito pelo metrô vir até Lauro de Freitas, porque iria só até Salvador. E conseguimos aprovar o projeto e até 2017 vai ter metrô em Lauro de Freitas”, diz.

Moema ressalta que a linha do metrô deve chegar até o meio da cidade depois de inagurada a estação inicial do aeroporto internacional, que fica no município de Lauro de Freitas, distante de Salvador por apenas pouco mais de 20 km.

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

“Vamos fazer a política de integração com o metrô, com ciclovias, bicicletários, terminais que possam interligar com os sistemas de transporte mais modernos. Inclusive, garantindo a acessibilidade. Vamos fazer modificação nas vias para valorizar o pedestre e também abrir outras vias alternativas”, explica a pré-candidata, já acenando com perspectivas de futuro para a cidade.

Retomada

O processo de resgate do governo popular que foram as gestões anteriores de Moema Gramacho vai exigir da futura prefeita muito trabalho logo de início, para reativar as estruturas públicas desmontadas e a rearticular serviços interrompidos nos últimos quatro anos.

“Fechou materninade, hospital, posto de saúde, não viabilizam estruturas que deixei prontas para finalizar, como cozinha comunitária e uma UPA que demorou dois anos e meio para ser colocada em prática, quando eu já tinha deixado praticamente pronta”, afirma Moema. “Piorou a saúde, porque tínhamos conseguido fazer muitas coisas na Saúde, desde o SAMU até transformar a Saúde básica em plena.”

A petista indica também que é preciso agilizar o atendimento médico e um dos caminhos é informatizar os procedimentos. “É inconcebível que as pessoas cheguem de noite e saiam às 6h, sem ficha. Vamos informatizar, para as pessoas não precisarem ir para a fila para garantir o atendimento”, afirma.

Na área de educação, a candidata do PT apoiada por outros oito partidos (PSL, PSD, PTB, PTdoB, PRB, PMN, PDT e PEN), coloca como prioridade o ensino em tempo integral — diretriz inclusive do Plano Nacional de Educação (PNE). “

Comecei a implantar a educação em tempo integal e agora vou voltar com os programas que garantiam que a cirança e o jovem ficassem mais tempo na escola”, diz. “Vamos retomar também o Mais Educação, o programa Segundo Tempo e escola aberta no final de semana.”

Soma-se às prioridades em gestão participativa, mobilidade urbana, saúde e educação a preocupação com a geração de emprego. Um dos caminhos, avalia a pré-candidata do PT, é recuperar o programa Empresa Amiga do Trabalhador, igualmente paralisado na atual gestão.

“Nossa meta é voltar o programa, atraindo novas empresas e firmando parcerias com a exigência de que haja contratação de mão-de-obra local”, propõe.

Questão nacional

“Primeiramente, fora Temer”. Foi com essa frase que Moema Gramacho iniciou a conversa sobre as eleições municipais em Lauro de Freitas. A declaração revela que a pré-candidata está conectada com as questões de relevância nacional, embora esteja focada na campanha na gestão municipal.

Para a deputada federal e pré-candidata a prefeita, o povo sabe quem trabalha pela melhoria das condições de vida, os governos do PT são avaliados positivamente pela população baiana em geral e há um crescimento na compreensão sobre o processo de golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. Por essas razões, o momento pode ser importante para comparar como o PT governa e o que já fez pelos trabalhadores brasileiros.

“Os adversários vão querer nacionalizar a disputa”, diz Moema. “Mas eu não deixo de veicular os projetos vitoriosos do Partido dos Trabalhadores. Resgato essa importância, porque consegui entregar 5 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida, por exemplo. Lauro de Freitas nunca teve uma política habitacional dessa forma. As pessoas sabem fazer diferença do que está acontecendo, o golpe e as possíveis dificuldades. Sabem também quem fez mais pelo município, pela Bahia e pelo Brasil.”

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Moema Garnacho em ato de sindicalistas com a presença de Lula, Jaques Wagner, Nelson Pellegrino e Alice Portugal

Moema Gramacho lembra que os governos estaduais do PT na Bahia —primeiro com Jaques Wagner, agora com Rui Costa— são bem avaliados. “E a nossa presidenta Dilma tem em pesquisas informais mais de 60% de aceitação ao seu retorno no nosso município”, conta.

“E todo mundo sabe que Michel Temer é um traidor, golpista e não vai resolver os problemas do país.”

Além disso, Moema se diz preparada para os ataques durante a campanha ao PT. “Vão crucificar e fazer o que puderem para acabar com o PT”, diz. Mas ela aposta no comparativo com os demais partidos, na força da militância e no programa partidário petista para fazer um diálogo franco com a população de Lauro de Freitas.

“Meus principais adversários são do PMDB, do PP ou do DEM. Não têm estatura moral para falar do PT. Eu poderia citar os diversos Agripinos [Maia, senador pelo DEM-RN] da vida e outros tantos. Aqui a gente sabe o comportamendo do DEM. Não gosto da cultura de nivelar por baixo, mas não terão como nos rotular sem olhar para si próprios”, avalia.

“Temos 1,7 milhão filiados e milhões de pessoas beneficiadas com os programas de inclusão social, que as pessoas reconhecem que mudaram a vida de muita gente. Sabem que isso é do governo petista.”

E é com a força da militância, a proximidade do povo, a experiência administrativa e um programa que resgata os êxitos passados e projeta uma Lauro de Freitas para o futuro que conta Moema Gramacho para se eleger prefeita.

“Hoje, o clamor que a gente sente nas ruas é o ‘volta, Moema’. Ficamos felizes pela resposta da população, mas sou muito pé no chão, sou de fazer campanha e só parar na hora que abre o último voto. Vou trabalhar muito”, conclui.

Por Camilo Toscano, da Agência PT de Notícias

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