Levar água ao Cantareira está R$ 330 mi mais caro

Projeto de transposição proposto por Alckmin desagrada população da bacia do Paraíba do Sul: além de caro, pode desabastecer também RJ e MG

Chuvas do final de semana não melhoraram crise no Sistema Cantareira

Em oito meses, o custo das obras de transposição do Rio Paraíba do Sul destinadas a garantir o suprimento de água ao Sistema Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, já está R$ 330 milhões mais cara do que o valor anunciado em março pelo governador tucano Geraldo Alckmin.

O novo projeto, proposto pela Secretaria Estadual de Saneamento básico e Recursos Hídricos de São Paulo e estimado inicialmente pelo governador para custar cerca de R$ 500 milhões, teve o preço revisto para R$ 830 milhões.

O novo valor é 66% mais oneroso que as previsões do início do ano, conforme nota divulgada pelo órgão do governo paulista. O encarecimento da obra é atribuído à mudança no traçado original, que vai exigir desapropriação de áreas valiosas e o pagamento da faixa de servidão para atravessar uma rodovia privatizada.

Prevista para ficar pronta em 14 meses, contra os quatro anos previstos no projeto original, a obra vai requerer também contratação de quantidade muito maior de mão de obra – outro fator de encarecimento. E o que é pior é que as obras, mesmo que muito mais caras que o planejado por Alckmin, não são garantia de que o sistema Cantareira será atendido em sua plenitude.

Além desse custo adicional, o rio que vai ceder e transpor suas águas para resolver o problema de abastecimento de São Paulo vive a maior crise hídrica que se tem notícia, devido ao baixo índice de precipitação de chuvas na bacia do Paraíba do Sul.

Em baixa – Os quatro principais reservatórios da bacia do Paraíba do Sul registravam, duas semanas atrás, o mais baixo nível de armazenamento dos últimos anos: em média, apenas 3% da capacidade, o que corresponde apenas à metade do volume registrado no mês anterior (novembro).

De lá para cá, o nível teria caído ainda mais, para 2,4%. Quinze milhões de pessoas, de três estados (Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais), utilizam-se desses mananciais de água potável para suprir suas necessidades.

A perda acelerada dos estoques, em pleno período chuvoso, acendeu uma luz amarela em relação ao projeto paulista, que é acusado de ter sido conduzido e aprovado pelos governadores de São Paulo, Rio e Minas sem o cumprimento de formalidades e exigências legais, como consultar as populações envolvidas.

O temor do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap) é que o cobertor seja curto e que, tirando água do lado fluminense para abastecer São Paulo, se transfira o problema de desabastecimento também para a população do lado onde se localizam os reservatórios.

“Não somos contra ceder essa água para São Paulo, mas não da forma como isso tem sido tratado, mais política do que técnica, desrespeitando os comitês de bacias. Estamos caminhando para um colapso hídrico das duas regiões mais importantes do País. Precisamos discutir com seriedade os diversos usos da água”, disse ao jornal “O Estado de S. Paulo” a vice-presidente da Ceivap, Vera Lucia Teixeira.

A Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) estudou 13 alternativas de traçado, optando pela que terá 13,3 quilômetros de adutora em vala e 6,2 km de túnel, sobre o qual encontra-se a estrada privatizada.

Metas – O programa federal Água Para Todos entregou 750.565 cisternas e cumpriu com antecedência a meta de construir 750 mil unidades entre os anos de 2011 e 2014, informou nesta segunda-feira (22) o Portal Brasil de notícias.

A capacidade de armazenamento de água nas unidades entregues é de 12 bilhões de litros. O objetivo do programa é garantir segurança hídrica às vítimas da seca em nove estados do Nordeste e na região do semi-árido mineiro (norte de Minas). Mais de três milhões de pessoas foram beneficiadas pelas cisternas em 1.510 municípios.

O programa da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan), do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, financia a construção de cisternas de placas de cimento a baixo custo, com tecnologia simples e de fácil aplicação.

A água da chuva é coletada do telhado das casas por meio de calhas e são depositadas em reservatório com 16 mil litros de capacidade, suficientes para atender uma família de cinco pessoas por período de estiagem de aproximadamente oito meses.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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