Lindbergh quer reabertura das investigações da morte do menino Eduardo

Eduardo foi assassinado por policiais militares aos 10 anos de idade, quando brincava na porta de casa, no Complexo do Alemão, em abril passado. Inquérito foi concluído sem indiciamentos

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que investiga o assassinato de jovens no Brasil, vai pedir a reabertura das investigações sobre a morte do menino Eduardo de Jesus, assassinado por policiais militares aos 10 anos de idade, quando brincava na porta de casa, no Complexo do Alemão, em abril passado. O inquérito foi encerrado sem indiciamentos. “Esse caso não pode ficar impune. Vou lutar pela reabertura das investigações”, assegurou o senador.

Lindbergh também criticou propostas de mudança na maioridade penal e de flexibilização do Estatuto do Desarmamento e defendeu uma reforma no sistema policial brasileiro. “Essa polícia que está aí é treinada na estrutura de guerra ao inimigo e ao confronto. É uma loucura a PM ainda ser considerada pela Constituição como força auxiliar do Exército. Mas é bom que se diga também que temos a polícia que mais mata, mas também a que mais morre”.

Lindbergh fez o anúncio durante a audiência pública da CPI realizada na última sexta-feira (6), no Rio de janeiro, que teve como ponto principal o depoimento de dezenas de mães de vítimas da violência. Na noite desta segunda-feira (9), a comissão volta a se reunir em Brasília para discutir dados e indicadores sobre homicídios de jovens nos últimos anos.

Uma das pessoas a contar sua história à CPI foi exatamente Terezinha Maria de Jesus, mãe de Eduardo. Emocionada, ela protestou contra a perspectiva de impunidade dos assassinos do filho. A morte de Eduardo revoltou o País e foi justificado pelos PMs que participavam da operação como “legítima defesa”. “Meu filho é uma criança que estava na porta de casa. Alegaram troca de tiro, que não houve. Não aceito, é uma investigação podre e vou lutar com unhas e dentes para ver esses policiais punidos. Meu nome não é mais Terezinha, meu nome é justiça. Vou ver esses policiais atrás das grades”, garantiu.

Terezinha foi uma das dezenas de mães que perderam seus filhos no cotidiano de violência nas favelas do Rio de Janeiro tiveram a oportunidade de falar à CPI. A audiência pública, realizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, contou com representantes do governo, do Judiciário, da polícia, de organizações de defesa dos direitos humanos e de familiares de vítimas da violência policial. Entre os familiares das vítimas, em comum, além da revolta, ficou evidente a sensação de impunidade e o desejo de justiça. Presidida pela senadora Lídice da Mata (PSB-BA), a CPI do Assassinato de Jovens tem feito audiências fora de Brasília para colher dados e ouvir a população local.

Tiro nas costas – Uma das vozes ouvidas foi a da moradora da favela de Manguinhos, Ana Paula de Oliveira, mãe de Jonathans de Oliveira, morto aos 19 anos, em maio do ano passado, com um tiro nas costas dado por um PM. “É preciso união contra esse discurso da impunidade. A vida dos nossos filhos também é importante. Não aceitamos não ter resposta da Justiça e do Estado. A vida na favela vale tanto quanto a vida num condomínio de luxo. As vidas de nossos filhos têm valor sim”, afirmou ela.

Do PT no Senado, com informações da Agência Senado

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