Livro revela misoginia durante golpe sofrido por Dilma Rousseff

A obra “O Golpe na perspectiva de Gênero”, lançada na quinta (1º), reúne 12 ensaios com temas como as reações das mulheres ao processo e seus impactos

( Daniel Isaia/Agência Brasil)

Protesto contra o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff no Rio de Janeiro em 2017

Em meio ao intenso debate sobre equidade de salários entre gêneros, combate à misoginia e violência e participação da mulher na política, um grupo de ativistas, professoras e militantes decide reunir em livro uma série de enfrentamentos testemunhados durante o golpe sofrido pela presidenta eleita Dilma Rousseff em 2016.

A obra“O Golpe na perspectiva de Gênero”, lançada oficialmente na quinta-feira (1º) na Assembleia Legislativa da Bahia, tem organização da professora Linda Rubim e da jornalista Fernanda Argolo e reúne 12 ensaios com temas como as reações das mulheres ao processo e seus impactos para a participação política das mulheres no Brasil.

Para a deputada estadual Neusa Cadore (PT-BA), que participou do lançamento, a publicação representa uma importante contribuição para entender as circunstâncias da ruptura democrática ocorrida em 2016.

“As diversas análises nos mostram como o machismo e a estrutura patriarcal vigente na nossa sociedade foram fatores simbólicos preponderantes na construção do processo de deposição da primeira presidenta da República”, explica.

De acordo com a parlamentar, dentre os enfrentamentos mais visíveis é possível destacar as inúmeras tentativas de desqualificação da presidenta, “a exemplo da alegação da sua falta sua capacidade de governar e da inabilidade na articulação política, e o reforço de um conjunto de estereótipos que tentaram imprimir na sociedade o modelo ideal de mulher (bela, recatada e do lar) em rejeição ao da presidenta, apresentada como fora o padrão”.

Livro o “O Golpe na Perspectiva de Gênero” lançado na quinta-feira (1º) na Bahia

Imprensa misógina

A perspectiva apresentada no livro ganha força quando se resgata a maneira como a imprensa sempre tratou a presidenta Dilma nos anos em que esteve no cargo.

“Podemos constatar isso em várias capas de jornais e revistas que em diversos episódios tentaram construir a imagem de uma mulher histérica e descontrolada na tentativa de pôr em xeque sua condição psicológica para o cargo ao qual ocupava, tratamento bem diferente do concedido às figuras masculinas da política”, argumenta Neusa Cadore.

Participação na política

O número de mulheres em cargos políticos aumentou nos últimos anos, mas ainda está longe do ideal. No entanto, para a deputada petista as eleições deste ano proporcionarão grande oportunidade para reverter (ou ao menos equilibrar) este quadro.

“Acredito que as eleições deste ano terão importância histórica, sobretudo para as mulheres. Infelizmente, ainda encontramos muitas dificuldades para disputarmos uma campanha em mesmo nível de igualdade dos homens, em função da maior falta de sensibilidade dos partidos e também pelo machismo que ainda é muito forte.”

No entanto, continua a deputada, o protagonismo das mulheres nos movimentos sociais e no enfrentamento dos efeitos do golpe aumenta a esperança.

“Espero que, de alguma forma, todo esse processo de luta possa resultar de mais espaço na política, pois é nele que podemos intervir diretamente, pautar e defender as nossas questões”, conclui.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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