Luizianne sempre lutou por inclusão social e cultural, diz dramaturgo

Para Ricardo Guilherme, um dos diretores de teatro mais respeitados do Ceará, petista revolucionou a cultura de Fortaleza com criação dos CUCAs

(foto: divulgação)

O dramaturgo, jornalista e professor universitário Ricardo Guilherme é um dos nomes mais importantes da história do teatro moderno cearense e nacional. Na ativa desde a década de 1970, o diretor criou uma forma de encenamento inédita no País: o Teatro Radical. Ao mesmo tempo, sempre se posicionou ao lado da democracia e das bandeiras progressistas. Nas eleições municipais de Fortaleza, não tem dúvida: vai votar em Luizianne Lins (PT).

Ricardo e Luizianne se conhecem desde que os dois cursavam Jornalismo na Universidade Federal do Ceará (UFC), instituição na qual ambos viriam a ser professor mais tarde. Ele de Licenciatura em Teatro, posição na qual está até hoje; ela, no curso de Comunicação Social.

O dramaturgo relembra com admiração da estudante Luizianne Lins, então presidenta do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFC. “Desde aquela época ela já era ousada, corajosa e não fugia do enfrentamento”, afirma.

Autointitulado “um militante espontâneo”, Ricardo nunca foi filiado a partido algum. A sua defesa por Luizianne vem da época estudantil mas, principalmente, devido as duas gestões que a petista realizou na cidade, entre 2005 e 2012.

Ela não trabalhou e nem vai trabalhar para os que privatizam Fortaleza. Ela vai devolver a cidade para quem é direito: para a periferia, para os mais pobres; até para acabar com esse conceito de periferia e de centro”

“A Luizianne apontou para uma cidade feita para uma real política pública de estado. Ela não trabalhou e nem vai trabalhar para os que privatizam Fortaleza. Ela vai devolver a cidade para quem é direito: para a periferia, para os mais pobres; até para acabar com esse conceito de periferia e de centro”, explica.

Luizianne e a cultura

Na área cultural, Ricardo afirma que a candidata petista fez uma revolução na capital com a criação dos três CUCAs (Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte) em funcionamento, nos bairros da Barra do Ceará, Jangurussu e Mondubim, todos na periferia da cidade.

“A Rede CUCA têm cinema, teatro, piscinas semi-olímpicas, atividades esportivas, laboratórios de informáticas. Nos CUCAs os excluídos foram, de fato, incluídos”, analisa.

Ele exalta a importância e o respeito que os espaços deram ao teatro. “Tudo é de alta qualidade. Não há um técnico de luz qualquer; há um profissional altamente qualificado. Não é um teatro qualquer; é um espaço que tem todas as alturas, todas as cortinas e toda a qualidade de som de qualquer teatro da cidade. Sobretudo, não são pecinhas quaisquer: são as melhores peças apresentadas em Fortaleza”.

CUCA Barra (imagem: reprodução)

CUCA Barra (imagem: reprodução)

Entre os programas dos CUCAs que destaca está o Avesso da Cena, criado por Luizianne, em que estudantes de escolas públicas assistem às peças e, depois, discutem com os criadores sobre o espetáculo que acabaram de assistir. “É um processo de educação e de inclusão social”, define.

“Não por ser pobre que a pessoa precisa ir a um cinema sem conforto, sem qualidade e sem programa de alto nível. Todos precisam estar inseridos no universo a informação global, no pluralismo de pensamentos e nas experiências estéticas. O povo brasileiro tem esse direito. Uma cidade pode ser um laboratório do que pode ocorrer no Brasil inteiro”.

Ele está terminando de preparar um monólogo chamado “De Olhos Abertos Lhe Direi”, sobre o compositor Belchior. Só tem uma certeza: a estreia será em um dos CUCAs.

Luizianne e a diversidade

Para o dramaturgo, Luizianne é a única candidata com chances de vencer em Fortaleza que demonstra profunda sensibilidade social e que não representa grupos poderosos ou conservadores da região.

“Luizianne é uma candidata sem laços e sem lastros com sobrenomes. Ela não filha do deputado X, do senador Y ou ligada a empresa tal. É uma menina de classe média, do movimento estudantil, professora universitária, que sempre lutou por inclusão cultural e social”, diz.

O ator lembra que, quando prefeita, a petista investiu primeiro na orla da Barra do Ceará, na periferia da cidade, para depois intervir na praia de Iracema, localizado em uma região nobre. Ele destaca, ainda, o pensamento progressista de Luizianne.

“Ela sempre teve respeito pelas diferenças culturais e étnicas. Sempre defendeu a liberdade sexual e de gênero. Luizianne tem um pensamento de cultura abrangente e inclusivo. Ela já demonstrou tudo isso quando foi prefeita, levando oportunidade a todos”.

Uma das suas lamentações é que o atual prefeito de Fortaleza e candidato a reeleição, Roberto Cláudio (PDT), esteja desarticulando as boas ações na cultura e na educação deixadas por Luizianne.

Golpe à cultura

Se em Fortaleza defende Luizianne, na esfera nacional o dramaturgo é um ferrenho crítico do presidente usurpador Michel Temer. Ele explica, contudo, que Temer é apenas um representante de um golpe bem maior.

“A figura do traidor Temer, que quer colocar em prática um programa não consagrado pelas urnas, representa todo um jogo. Ele é a cara mais visível de uma rede que engloba os grandes conglomerados de imprensa, os interesses econômicos internacionais sobre o pré-sal, a oposição aos BRICS”.

De acordo com ele, há no Brasil neste momento “uma certa falta a quem apelar”. E não vê outra alternativa que não a valorização da imprensa alternativa e a desobediência civil.

Assim como seu teatro, ele acredita que, quando a esquerda voltar ao poder, ela também precisa ser mais radical.

“É preciso fazer a regulamentação da mídia, cuja falta faz com que a gente confunda liberdade de imprensa com liberdade dos donos da imprensa”, afirma o diretor, que também trabalha em emissoras de TV.

É preciso fazer a regulamentação da mídia, cuja falta faz com que a gente confunda liberdade de imprensa com liberdade dos donos da imprensa”

“As televisão e as rádios são empresas particulares que prestam serviço público. Elas não podem ser administradas sem uma regulamentação e um controle social. Se essas empresas manipulam informações, se ela tem preferências que comprometem o jornalismo, essa empresa tem que ser punida e, em última instância, cassada. Não se pode privatizar um direito público em função de seus próprios interesses”.

(imagem: reprodução)

(imagem: reprodução)

Ele teme, também, por retrocessos que possam prejudicar a cultura nacional por décadas, como o projeto Escola Sem Partido.

“Não é ‘Escola Sem Partido’, é ‘escola sem partidos de esquerda’. É algo que pode criar uma geração que vai pensar que a cultura é uma coisa acrítica ou que não permite o acesso ao pluralismo de ideias. Tudo o que eles acusam a esquerda de fazer é o que estão fazendo: manipular e direcionar os pensamentos”.

Não é ‘Escola Sem Partido’, é ‘escola sem partidos de esquerda’. É algo que pode criar uma geração que vai pensar que a cultura é uma coisa acrítica ou que não permite o acesso ao pluralismo de ideias

“A cultura é exatamente a capacidade que a gente tem, sobretudo os artistas, de sempre questionar para que que o pensamento novo surja, respeitando o pensamento do outros, em busca de um sonho coletivo. O grande perigo do golpe para a cultura é a não diversidade”.

Ele destaca que o filme “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, sofre o risco de sofrer represálias, ou “vingancinhas”, como diz, e ter interrompida uma visibilidade internacional maior ao não ser indicado a premiações no exterior. Os atores do filme se posicionaram contra o golpe.

“O meu medo é que se volte aos anos 1970. Como diz a Dilma, nunca pensei que vivesse de novo o golpe. Esse golpe me deu um choque de realidade muito grande”.

Porém, ainda acha que o povo brasileiro pode virar o jogo. “Eu tenho esperanças. O Brasil é um país que pode ser maravilhosamente surpreendente”.

Por Bruno Hoffmann, de Fortaleza, para a Agência PT de Notícias

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast