Marcelo P. F. Manzano: Heranças de governos do PT evitam tombo maior da indústria

Experimentos desenvolvimentistas dos governos Lula e Dilma ainda são as principais fontes de dinamismo da nossa combalida estrutura produtiva

Ricardo Stuckert

Dilma Rousseff e Lula

Com a demanda interna ainda deprimida e sem horizonte de recuperação, o único sopro de vida que ainda traz algum dinamismo ao setor industrial brasileiro tem sido a demanda externa.

As exportações de grãos, por exemplo, foram responsáveis pela melhora na produção de bens de capitais agrícola (crescimento de 19,1% no primeiro semestre), enquanto as vendas recordes de automóveis para o exterior foram fundamentais para garantir a expansão desse segmento da indústria ao longo dos primeiros seis meses do ano (17,1%).

Além dessas, outra categoria econômica que registrou destacado dinamismo no período foi a extrativa mineral (notadamente nos ramos de óleos brutos de petróleo e gás natural), com crescimento de 6%, também fortemente estimulada pelas vendas ao mercado externo.

Mas o que revela o dinamismo desses segmentos da indústria nacional além da evidente relação com a demanda externa? Em grande medida, o relativo sucesso que se percebe nos três casos mencionados deve-se a algumas políticas que foram implementadas pelos governos Lula e Dilma e que hoje servem para compensar o desastre provocado pela agenda da austeridade.

Em primeiro lugar, o aumento da produção e exportação de petróleo e a redução da dependência de derivados importados revelam o acerto da estratégia de investimento da Petrobras na exploração de petróleo no pré-sal, ainda em meados da década de 2000, a qual, cabe lembrar, sofreu à época críticas pesadas da oposição e da grande mídia. Hoje, mas de 50% da produção de petróleo e gás no Brasil provêm do Pré-sal.

Em segundo lugar, o forte crescimento das exportações do setor automotivo (aumento de 57,2% nos primeiros seis meses de 2017!) resulta, em grande medida dos ganhos de competitividade externa dos veículos brasileiros na esteira do programa Inovar-Auto, criado pelo governo Dilma em 2012.

Conforme apontou o presidente da Anfavea ao jornal “Valor Econômico”, os padrões dos carros produzidos no Brasil melhoraram significativamente em decorrência das contrapartidas exigidas em troca dos benefícios fiscais concedidos pelo programa e com isso as montadoras instaladas no Brasil conquistaram fatia maior no mercado internacional de veículos.

Não é demais lembrar que tal resultado só foi possível também graças à exitosa política externa que teve início no primeiro governo Lula, liderada pela dupla Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia.

No bojo da chamada política Sul-Sul, redesenharam o mapa das relações comerciais do Brasil com o resto do mundo, em especial com os países do Mercosul, os quais são hoje grandes compradores de automóveis brasileiros.

Em terceiro lugar, a excepcional expansão de 30% da safra de grãos que hoje fortalece o nosso saldo comercial e ajuda a impulsionar a produção de bens de capital, além de ter sido beneficiada por condições climáticas muito favoráveis, é também a expressão positiva da política de expansão do programa de financiamento agrícola do governo federal em parceria com o Banco do Brasil (o Plano Safra), o qual acabou sendo usado pelos golpistas para acusarem a presidenta Dilma de ter realizado as tais “pedaladas” fiscais.

Em suma, ao contrário do que gosta de afirmar a grande mídia mercadista, os experimentos desenvolvimentistas dos governos Lula e Dilma não apenas foram fundamentais para dar tração à economia brasileira durante os seus governos, como ainda hoje são as principais fontes de dinamismo da nossa combalida estrutura produtiva.

Por Marcelo P. F. Manzano para a Fundação Perseu Abramo

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